FLOW - Interromperam o fluxo... É a história se repetindo, agora como canalhice...
"Não há nada mais estúpido do que uma linha reta..." (P).
A censura exercida contra o moço do FLOW, aquele que tem um nome parecido à uma marca de bicicletas, foi um ato infame e miserável. Que a repressão e a censura tenha sido protagonizada pela comunidade judaica, pelos ciganos, pelos Testemunhas de Jeová, pelos comunistas, pelos homossexuais, pelo governo ou por outros grupos "não arianos", que foram massacrados por Hitler e pelo Partido Nazista, não faz a menor diferença. Não importa. A arrogância e a miséria do ato é a mesma. Essa Cruzada contra o Bicho-Papão já passou a ser demasiadamente infantil! Sim, a pior das tiranias é aquela turbinada pela paranóia! E ainda se justificam trapaceando nas sombras da democracia. Democratas? Não sejam desonestos e nem cretinos! Vossas empregadas domésticas e vossos subalternos têm outra percepção do caráter de Vossas Senhorias, e sabem muito bem, a qual democracia os senhores prezam! Aliás, convenhamos: esse comportamento coercitivo, imperioso e abusivo é quase um plágio, uma caricatura das atitudes doentias de Hitler. Lembram das fogueiras com livros lá nas praças de Munich? Da "limpeza da literatura"? Da chamada Bücherverbrennung? Das obras de Freud? De Stefan Zweig? De Thomas Mann? De Erich Maria Remarque?
Até onde Vossas Excelências que se dedicam a esse patrulhamento compulsivo e a esse teatro obsessivo estão movidos por algum tipo genuíno de convicção ou trata-se apenas de um truque para ocultar um certo fascínio por aquele delinquente alemão? Quem é que não sabe que existe e que sempre existiu entre o censor e o censurado um fascínio secreto e mútuo'?
Lembram do comportamento implacável daqueles bandidos contra quem pensasse ou pronunciasse uma palavra que não estivesse no vocabulário ou no dicionário do Fuhrer?
Quê vergonha esse instinto anímico! Essa tentativa de calar o Outro e de impor aos demais um medo, um remorso e uma miséria pessoal...
Que vergonha e que horror anti-civilizatório, fugazmente parecido ao do período Nazi, e patrocinado por quem ainda é escravo da idéia mística de Destino ao invés de ter aprendido a apostar na História.
Na semana passada vimos o Chico Buarque capitulando e pedindo desculpas às feministas por uma de suas canções tê-las desagradado. Hoje vimos o tal Monark massacrado, desculpando-se perante uma Ilíade de cretinos e tendo que jurar que estava bêbado quando ousou pronunciar a palavra nazismo...
Já vimos esse tipo de humilhação outras vezes, lá nos confessionários da Inquisição; lá no Pelourinho, no Tronco, e mais recentemente, no Pau de Arara... Quê babaquice tóxica! E você, o que dirá quando o acusarem e o culpabilizarem por ter nascido? De estar cheirando mal ou de estar respirando fora de hora?
Ah!, e é sempre nestas horas que gosto de parafrasear o dramaturgo Lupércio Leonardo de Argensola: Lástima grande que sea verdade tanta miséria!
Começou assim, lembram? Primeiro elegeram o Bode espiatório; depois arrombaram a cerca; depois arrancaram as flores; depois andaram de botas sobre os canteiros; na mesma noite rabiscaram uma senha na janela; depois chamaram os cupinchas e derrubaram a porta, pisotearam os cristais, e no meio de murmúrios moralistas e milenaristas, como se fossem "arianos", um "povo seleto", e estivessem além do bem e do mal, silenciaram e nocautearam seus moradores... E, pior: todo mundo até passou a acreditar que o silêncio era uma espécie de virtude iluminista! Apesar de ser uma descarada covardia e uma humilhante miséria anti-civilizatória.
Quem é que, em sã consciência, se solidarizará com uma canalhice destas, sem envergonhar-se?
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