domingo, 12 de setembro de 2021

Da imigração e dos Condenados da Terra...


O imigrante? Um sujeito que pode até vir a ser santo, 
mas que nunca será visto como um homem de bem... (?)






Meu correspondente na Europa acaba de enviar-me noticias de que por lá, estão apavorados com as levas de imigrantes que atravessam os mares, as montanhas e os desertos para aportar na Turquia, na Grécia, Itália, França, Inglaterra e etc. E isto que os andarilhos do Afeganistão ainda nem começaram a chegar... Voltarão a construir muralhas ao redor das cidades como na Idade Média? Já viram as de Israel em Gaza? A dos USA na fronteira com o México? As da Turquia, na fronteira com o Irã? Mas não adianta chorar - dizia ele - é o refluxo dialético. Passaram séculos invadindo e colonizando esses povos, impondo sobre eles sua ciência, sua religião, seus idiomas, suas crenças, seus negócios e suas mentiras... Roubaram rios de pedras e de metais preciosos, de combustíveis, de material genético de plantas e de animais, obras de arte, mulheres e até textos secretos... Escravizaram... e agora, que o mundo está transtornado, querem ficar isolados em suas torres de marfim... (aliás, roubam marfim até hoje!) e que o resto se foda! Ah!, estão enganados. Diariamente são milhares que se lançam ao mar ou ao deserto para fugirem do inferno e das bombas-relógio que esses próprios colonizadores semearam em suas nações. A propósito, lembra da chamada Loucura vailala? E da lenda de John Frum? Daquele soldado americano que os índios melanésios consideram um Deus e do qual, estão esperando a volta há 60 anos? Os invasores lhes prometeram que o tal John Frum haveria de voltar com navios carregados de presentes para garantir-lhes a prosperidade e a salvação... E passaram 60 anos, naquelas ilhas estupendas, olhando para o mar, orando e esperando... (Sim, é bizarro, mas não ria desses pobres melanésios, Bazzo, e não pense que eles são uns pobres loucos, pois há gente por aqui, de todos os pedigrees, dos mares da Dinamarca aos de Chipre, que também está esperando pela volta de John Frum não há 60, mas há 2 mil anos...).

E por falar em Dinamarca, não te parece estranho que este continente esteja sendo ecologicamente representado por aquela adolescente sueca.? O que estaria acontecendo com a gerontocracia ariana? O pessoal daqui que conhece bem a gravidade do alcoolismo no país dessa moça, acredita que a preocupação dela e de seus adestradores com as fogueiras na Amazônia, não é só amor pelas florestas, mas principalmente, superstição. Medo que o fogo se alastre pelos  canaviais e pelos alambiques...(!) Apesar da fama de racionalistas, os europeus em geral são ainda tão supersticiosos como o Pombo de Skinner. Lembra? Sim, essa gente acostumada a mamar nas riquezas naturais do resto do mundo, com relação à Amazônia, têm medo que o fogo derreta os metais preciosos do subsolo e se alastre para os canaviais e para os alambiques...(!)

Lembra do Musée de l'Hommeem Paris? E do Museu de História Natural de Londres? Se fossem obrigados a devolver para as antigas colônias as peças (etnográficas) que rapinaram daqueles povos, estas maravilhas fechariam as portas... 

Enfim, ao invés de agora ficarem esbravejando, gritando, amaldiçoando, xenofobiando, criando leis proibitivas, demonizando os clandestinos, levantando cercas & muros, exigindo passaportes e confinando em guetos e a contra gosto os refugiados que chegam, famintos e aos pedaços, bastaria que revissem as fotos deles próprios ou de seus avós e bisavós, um século atrás, cheios de maletas, baús, sacos e mochilas, desesperados sob aqueles chapeuzinhos de manés e amontoados como vacas em precárias caravelas, invadindo tudo, planeta afora... 

Espero que meus bisavôs, se tiverem noticias deste texto (principalmente minhas bisavós), não tentem convencer os 'deuses' de lançarem meia dúzia de raios sobre minha casa...)

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 Em tempo - Preste atenção: há muito tempo atrás, quando íamos a um curandeiro, ele nos perguntava logo de cara: O que te falta? Hoje, quer saber o que estamos sentindo. Aqueles curandeiros sabiam que o corpo é apenas um palco onde as angústias, os mal entendidos e as loucuras da consciência se expressam. Os de hoje acham que o sintoma é tudo e se esforçam para fazê-lo desaparecer... Essa diferença é fundamental para a compreensão do que está acontecendo conosco e principalmente para rastrear a origem de nossas desgraças... A propósito: o que te falta?




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