segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Chico Buarque, Sergio Reis, o governador do RS e a mania de processar o outro por qualquer merda que nos desagrade...



"Jurados - Doze indivíduos escolhidos 

para julgar qual é o melhor advogado..." 

(Garland Pollard)

 O papo hoje, segunda-feira, ali entre a mendigada da padaria, girava ao redor do cantor Chico Buarque, que está processando Eduardo Leite, o governador do Rio Grande do Sul, por este, numa propaganda politica qualquer, ter associado indevidamente seu nome ao de outro cantor, o do Sergio Reis, aquele do chapéu e do berrante.. Ninguém conhecia em detalhes o assunto, mas eram unanimes na idéia de que processar alguém, nestas alturas do narcisismo despedaçado e da idiotização civilizatória, seja pelo motivo que for, é apenas mais uma idiotice e uma maneira indireta de eternizar os delírios da Suprema Corte...  A excitação foi geral. Os mendigos, que ouvem diariamente esse tipo de ameaças dos padeiros, dos pastores e dos donos de mercado recitaram em coro: aquele que ameaça processar-te, seja pelo motivo que for, (mas principalmente pelo que chamam de defesa da honra), é sempre um fdp! 

O mendigo K, aproveitava para relatar que em sua adolescência lá às margens de uma selva virgem que ia até os charcos paraguaios, havia um ritual nos finais de semana que era pelear, brigar, medir forças com outros adolescentes e que ele, sempre o fazia com os irmãos de uma mesma família de imigrantes alemães. E que quando aplicava um golpe baixo e fora das regras permitidas naquelas idiotices juvenis, ouvia de seus 'adversários' a ameaça de que iriam processá-lo. Aquela intimidação - dizia com ênfase - soava como uma maldição e como uma prévia da prisão, principalmente uns anos depois, quando acompanhou pelo rádio o processo judicial nos EEUU contra os italianos Sacco e Vanzetti, (condenados e executados). O horror à idéia de ser processado por alguém voltou e ficou ainda mais agudo... (fez um longo silêncio, até que um dos mendigos lançou sua malignidade): Tudo bem, naquele caso foi o assalto a uma fabrica de sapatos, mas neste caso, no caso do Chico, do Sergio Reis e do governador do RS, se trata de quê, verdadeiramente? De uma disputa entre cantores? Entre a viola e o berrante? Uma disputa por compradores de discos? Em defesa da honra? De intriga entre advogados? Da liturgia entre partidos e seitas políticas diferentes? Ou é simplesmente um caso metafísico de, digamos, esgrima entre heteros e homofóbicos?

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