quinta-feira, 9 de setembro de 2021

A semana dos discursos e das bravatas... (uma espécie de fidelidade à avó de todas as bravatas: o Grito do Ipiranga...)


"LATIN - uma lingua, graças à qual a menor bobagem se converte em verdade soberba..."

Vittorio Guerriero


Acabo de ouvir o tão esperado Discurso do Ministro chefe do TSF, o Sr. Fux. Uma suposta réplica aos discursos repetitivos e pouco retóricos do Presidente Bolsonaro proferidos anteontem, aqui em Brasília e lá em São Paulo. A mídia o está reproduzindo em todos os canais, como se se tratasse de uma canção messiânica e de uma revelação oracular e profética...

Mas 90% da população não entende 90% das palavras que são ditas..,. E em clima de pandemia e de confinamento, elas (as palavras) acabam tendo um efeito devastador sobre a população em geral e sobre a plebe em particular.

Por sorte não foi em Latin! 

Depois dos discursos do Presidente da República, a mídia inteira, esteve emocionada nas redações, turbinando microfones, esticando fios, trocando lâmpadas, consultando o Vademecum jurídico de 2021 e acreditando que a guerra estava deflagrada. Da mesma maneira que se passou duas semanas propalando que o dia 7 seria diluviano, também se esteve, de ontem para hoje fomentando a idéia de que o mundo viria abaixo com o discurso do Ilustre Ministro. Só quem não estava acreditando e nem dando a mínima para essa hipótese, eram os caminhoneiros que, com sua 'cultura oral', suas idéias primitivas e com seus 'sentimentos trágicos da vida' ainda estão acampados nos arredores do TSF, gritando impropérios e exprobrações contra os 11 Ministros e que ontem pela manhã tentaram dar uns tapas nuns jornalistas que circulavam por lá. Os estagiários e os missionários da mídia só não apanharam porque se refugiaram a tempo no prédio do Ministério da Saúde. Curiosamente, logo no prédio do Min. da saúde! Vamos consultar a Jung para ver se há alguma sincronicidade nisso..Tempos messiânicos e diabólicos!, rosnava a funcionária da portaria daquele prédio!

Ouvindo o discurso do excelentíssimo ministro, mesmo não sendo um especialista em metalinguagem, se percebe que, por incrível que pareça, sua fala, esquiava por florilégios bíblicos e atávicos bem semelhantes aos de ontem e que tinha um tom e até uma melodia mística idêntica à do Bolsonaro. Que falou em Documento Sagrado; em falsos profetas; em Honra e até em túmulos... Aqui, é provável que a palavra pensada originalmente teria sido sepulcros...Que levantava a sonoridade em trechos parecidos aos do Presidente e que se valia também de algumas ameaças e bravatas tipo: 

"Ninguém, ninguém fechará esta casa! Nós a defenderemos em pé" 

Frase que, de imediato, faz um nexo com várias dos discursos do Bolsonaro, principalmente com esta: 

"Ninguém, ninguém me prenderá! Só Deus me tira de lá" 

Estariam secretamente duelando num mundo metafísico & imaginário? Parole...parole...parole... Uma curiosidade: como é que o paraibano Pedro Américo retrataria esses lances?

Sem falar que os dois, tanto o Presidente da República como o Presidente da Corte, declararam que a Constituição é um Texto Sagrado. Para o Bolsonaro, ninguém tem dúvidas, a analogia deve ser com a Bíblia; já, o Fux, de origem judaica, estaria traçando um paralelo com quê? Com a Kabala?... (Penso fugazmente no pacto firmado entre o governo anterior e o Vaticano, garantindo que o catolicismo será para sempre a religião oficial do país.)

Enquanto isso, indiferente a toda essa pantomima, o fogo queima as montanhas de Minas Gerais e umas  centenas de indígenas acampam  nos becos, por aí, enquanto esperam pela 'boa vontade" do Supremo em garantir-lhes as sonhadas e ilusórias 'escrituras da terra'. Tempo mais do que suficiente para que vão se convertendo em indigentes... 

E ali na Praça dos 5 Poderes, outros chefões da República se lançam engravatados em defesa da Constituição e da Ordem. (Normalmente é conhecida por Praça dos 3 Poderes, mas existem outros dois tão poderosos como os já conhecidos que, não se sabe por quê, preferiram ficar no anonimato: a mídia, regida pelo sigilo da fonte e a igreja, pelo pacto do Lula com o Vaticano).

Ninguém rasgará a carta Magna!

Esbraveja o Presidente da Câmara dos Deputados. 

Quê maravilha! Nunca se viu um amor tão desmedido por uma brochura!

Aqui entre nós, nós que estivemos ali pelos arredores (1988) quando a Constituição foi engendrada: haverá mesmo algo de sagrado nela? Mas em que sentido? Nas cláusulas pétreas? Ora! Além de uma heresia isto daria a impressão de que o deputado Ulisses teria sido uma espécie de Moisés? E nós, um bando de filisteus abobalhados e úteis?

Já, o Presidente do senado prefere apelar para a paz e para a harmonia entre os poderes. Ora!, Mas e os milhares de assassinatos diários? Além disso, quem é que vivendo nessa bolha monárquica não apostaria tudo na Paz e na Harmonia?

Ah! Bazzo, relaxe! Tudo isso não passa de uma grande brincadeira! São apenas adoçamentos, eufemismos! Umas míseras metáforas! Os limites da linguagem... Não há solução... 

Tudo bem, só que já estamos de saco cheio de adoçamentos! De eufemismos e de metáforas!

Ou - me alerta o Mendigo K - não seria uma espécie de camuflagem? A linguagem como camuflagem? Ou de mimetismo? Uma arqueologia viciosa do verbo? Apenas um estilo semelhante, já que são todos de uma mesma geração e devem ter tido os mesmos professores? 





3 comentários:

  1. Anus beborium non dominos...kkkkk

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  2. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7107.htm

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  3. Alou criançada, o Bozo chegou9 de setembro de 2021 às 20:14

    https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/notas-oficiais/2021/nota-oficial-presidente-jair-bolsonaro-09-09-2021

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