De vez em quando, para amenizar a dor nas costas e a cólera, vou ler uma ou duas páginas das Cartas da penitenciária de Turim, escritas pelo carcamano Antonio Gramsci... E quando começo a enjoar-me com sua choradeira católica dirigida à mãe, passo para o Diário de prisão, daquele vietnamita que adotou o nome de um mendigo: Ho Chi Min. Enquanto isso, de um rádio da vizinhança, ouço um repórter paranóico resmungando que a variante Delta do vírus, vinda lá das margens do Ganges, ainda nos espreita de todas as esquinas... Continuo minhas atividades domésticas, mas pensando no melhor escritor argentino: Roberto Arlt: "nascer é fazer parte de um pacto monstruoso, entretanto, estar vivo é a única maravilha possível..."
[O Estado me alimenta com arroz: habito os seus palácios; seus guardas se revezam para me fazer companhia. Suas montanhas e seus rios, eu os contemplo à vontade. Com tais privilégios, um homem se sente realmente um homem!] Ho Chi Minh, p. 71
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