Sempre que o mendigo o escuta repetindo essa bravata, dá uma gargalhada agressiva e só não o espanca por que o acha um palhaço engraçado e também, por medo de ir para a cadeia. Observe - me dizia - como bem lembrava Baudelaire: para o comerciante até a honestidade é especulação financeira.
Hoje, no meio da gargalhada e por detrás de uma máscara ensopada de cuspe, tirando um livreto do bolso, perguntou-me se ainda lembrava de Fellini. Não respondi e ele foi falando: Nas páginas 23 e 24 deste livreto de José Tolentino Mendonça, publicado em Barcelona em 2017, há um relato curioso a respeito de Fellini. Dizem que o velho cineasta, sempre que marcava um encontro, fosse de negócios, para tratar de um filme ou de qualquer outro assunto, costumava chegar ao local marcado, bem antes do horário combinado, mas que não batia à porta e nem se fazia anunciar. Que esperava, indo de um lado para outro, sem avisar ninguém. Quando os amigos o surpreendiam e lhe perguntavam por que não havia batido à porta e entrado, ele respondia: Pelo prazer de esperar! (Segundo o autor, esta frase já havia sido enunciada também pelo fotógrafo Sebastião Salgado).
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2021/07/instituto-brasil-israel-diz-que-encontro-entre-bolsonaro-e-beatrix-von-storch-afeta-a-memoria-do-holocausto.shtml
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