quinta-feira, 8 de julho de 2021

Jim Morrison e a peregrinação de alucinados ao Cemitério Père Lachaise...


( Jornal Le Parisien)


1993


Na semana passada (sábado, dia 03) a tumba de Jim Morrinson, lá na VI Divisão do Père Lachaise, ficou cercada de admiradores. Morto em 1971, nestes cinquenta anos sua tumba foi sempre uma das mais concorridas daquele imenso e turístico cemitério. Menininhas e menininhos alucinados, Punks; Góticos; Emos; Skinheads e etc, (praticamente todos enfants du dimanche) estão sempre por lá, em peregrinação quase religiosa, enfiados em suas vestimentas pretas, levando-lhe ramalhetes de flor-de-lis (símbolo da monarquia francesa); bonequinhos, garrafas de absinto, baseados e declarações de amor em bilhetinhos que depositam amorosamente sobre a lápide... Há até quem tenha pequenos surtos de choro e de histrionismo... mas são só manifestações de tédio e de solidão pessoal, que passam logo e que, no fundo, não têm nada a ver com o morto e nem com sua música. Em outras épocas passei um final de semana lá, fotografando essas e outras pantomimas... Um casal de Punks com um pequeno retardo e que já não era mais adolescente, sentou-se sobre a beirada do túmulo e ligou um aparelho com a música Riders on the Storm. Mas logo apareceu um guarda funerário para trazê-los à realidade... A vida, como qualquer um tem obrigação de já ter percebido, é um gigantesco circo...
E por falar em circo, nesta semana, também lá em Paris, dois fiscais interditaram uma moça australiana que, aproveitando uns míseros raios de sol, amamentava seu filhinho num dos parques da Disney. É proibido amamentar em público! Mostrar as tetas em público é um ato obsceno! Teriam dito aqueles dois energúmenos. E justificaram dizendo que gentes de outras culturas e de outras religiões poderiam ficar escandalizados (ou excitados?) vendo aquele bebezinho mamando como um leitão naquelas tetas australianas. Bah! Quê miséria! E saber que Paris já produziu um Voltaire, um Marat e até uma Simone de Beauvoir!

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