sábado, 31 de julho de 2021

Enquanto isso lá nas Olimpíadas... 2


A honra de representar a pátria... A experiência de ir como anônimo e de voltar como herói!  (Ah!, o que seria do mundo se não tivéssemos inventado a bola?)




 


Enquanto isso...nos bastidores das Olimpiadas... 1


VAIDADE:  "O próprio deus precisa do repique dos sinos..." (Lamartine)








sexta-feira, 30 de julho de 2021

TRANSMIGRAÇÃO _ O cachorro que virou árvore... O Lhasa que virou Sucupira...

"A vida é moléstia fatal, extraordinariamente contagiosa..."

(Molmes)


Um velho jardineiro público, com o braço esquerdo já trêmulo, mal acabara de transplantar sete ou oito mudas de Sucupira no caminho de nosso cachorro. Ele esperou que o jardineiro se afastasse, cheirou a terra revolta e mijou sobre uma delas.

Quatro meses depois, engoliu um caroço de manga e morreu. Depositamos suas cinzas lá no canteiro daquela sucupira.

Um ano e meio mais tarde, em pleno inverno, eis que ela amanhece prematuramente repleta de flores e que parece saudar-nos sempre que passamos por lá. E mais: sem estarmos alucinandos ou com vestígios de algum misticismo babaca, temos a impressão de ouvir do meio de seus ramos a voz de nosso cachorro que nos indaga:

E aí? Tudo certo? Ainda esperam por Godot, aí nesse mundo patético? E aquela minha coleira? E aquela cadelinha parecida a uma raposa? E as veterinárias que me engambelaram? E arremata: Não pensem que no mundo da botânica, como árvore, o estresse é menor que no mundo da zoologia... Aqui, os jardineiros é que são nossos verdugos... Temos consciência que um dia destes, aparecerá um fdp qualquer para encher-nos de veneno; para meter-nos um trator em cima ou para decapitar-nos com uma foice... 

As flores, semelhantes às das cerejeiras, também em efemeridade, nas primeiras horas se voltam sutilmente para a direção do sol... para, um pouco mais tarde, lhe virarem as costas...

Uma ou duas vezes por semana, (ainda não sabemos direito se é por amor ou por culpa), principalmente nestes dias parecidos ao Sahara, vamos lá e despejamos afetivamente uma garrafa de Perrier sobre seus ramos tortuosos e sobre suas subterrâneas raízes...


Foto: Claudia N. Lopes






 



quarta-feira, 28 de julho de 2021

Sobre a visita da Beatrix Von Storch... a suposta neta de um lacaio do Fuhrer...


"Um anão diz: eu sou um gigante que se esqueceu de crescer..."

(anônimo)



 

 Quase na esquina de minha casa fica o boteco onde jornalistas de cinco ou seis jornais se reunem duas vezes por semana para queimar incenso uns aos outros e a seus chefes. Hoje estavam todos lá. Já percebi que se trata de um ritual quase messiânico onde compartilham suas aventuras e bravatas (vividas ou inventadas) de "boêmios"; de sujeitos "descolados", que dormiam nas salas de redação, que comiam as estagiárias, que começaram a escrever com 9 anos de idade; que criaram Cadernos literários inesquecíveis, que entrevistaram uma amiga da Frida Kaho lá no México; que viram os tanques entrarem em Praga, que foram a Berlin registrar a queda do muro e outras lorotas; que conheciam e entrevistavam beldades e milionários... que davam uns toques em LSD de vez em quando, que foram copydesk do bufo & spallanzani e etc., tudo, evidentemente, naquela época em que os jornais eram impressos em papel e ainda tinham alguma importância (um papo muito semelhante ao dos pescadores). 

E, curiosamente, cada um tem memórias quase sagradas do bispo, do politico, do tio ou do mentor que os iniciou na profissão: Ah!, o fulano! Ah, a sicrana! Ah, como éramos o máximo da cultura. Ah, como driblávamos a censura! Ah! Como éramos revolucionários! Foi ele que salvou o jornal tal da bancarrota! Viveu com a mãe até os 53 anos e nas horas vagas era também cineasta e foi até convidado para montar um caderno no N.Y.Times... Histórias mirabolantes (regadas a cachaça e a um autismo sutil encoberto pela erva e pela poesia surrealista) e que, curiosamente, em menos de meio século se dissolveram no ar... 

O papo de hoje girava sobre a Beatrix Von Storch, a deputada alemã que veio fazer uma visita ao governo brasileiro e que causou um frenesi, não apenas na esquerda, mas até mesmo na direita. Entre tragos e memórias, insistiam que a mulher, que parecia mais uma freira que uma nazi, é deputada de um partido neo nazista alemão e que sua recepção no governo foi uma afronta para com a Democracia. Apenas um deles discordava. Tratava-se de um sujeito já jubilado, mas que ainda anda com aquele colete sépia de fotógrafo e com um button da mídia onde passou meio escravo, meio poeta, quase quarenta anos de sua vida. Fazia questão de deixar bem claro que não era anti-semita, muito menos neo-nazista e muito menos ainda Bolsonarista, que era cidadão do mundo e que portanto, defendia o direito de qualquer um, da ideologia, da religião e do sexo que fosse, circular pelo mundo, de pensar o que quisesse e de encontrar-se com quem bem entendesse. Se o avô da tal deputada havia sido um lacaio do Fuhrer, o que é que a neta tinha a ver com isso? Ou agora vamos nos guiar por leis da eugenia? Em tal caso, quem é que definirá o que é eugenia positiva e o que é eugenia negativa? não sejam idiotas! Não usem um instrumento nefasto do próprio Hitler para rotular a visitante. A moça pode ter vindo apenas passear aqui pelos trópicos! Quem é que não sabe que os alemães (e o Papa) consideram isso aqui uma espécie de Octoberfest permanente, quase o País das Maravilhas... Todos, até mesmo os vira-latas a serviço do imperialismo internacional deveriam ser liberados para trotear por onde desejassem. E sem serem importunados e patrulhados por quem quer que seja e por qualquer tipo de milícia religiosa ou pagã.  Extrema-direita? O que é isso? 90% da população não sabe do que se trata. Já vivemos numa ignorância abismal e vamos agora fechar-nos ainda mais sobre nossa miséria? Que venham os da extrema-direita; os da extrema esquerda; os manetas; os apóstolos de Idi Amim; os Mórmons; As testemunhas de Jeová; os gnósticos; os ateus de todo o mundo; os desvairados de todos os hospícios; os parentes próximos da Joana de Castela (a louca); que a história, esse continuo derramamento de sangue, seja contada pelos assassinos, por seus cúmplices, pelas vítimas e também pelo covil dos indiferentes... e que se distribua Hipoglos para os pruridos. Chega de mistificar um passado de horror e canalha que nos emporcalha a todos! E vamos ficar ligados, muito ligados, para que a história não se repita, nem como tragédia, e muito menos como farsa.... Que se abra os portões para os germanos de todos os partidos, (de preferência para os apartidários), para os hititas, para os semitas, os turcos; os armênios; para os astecas, para os ciganos de todas as tribos; para os meus parentes carcamanos; os apátridas e até para os selvagens que (por enquanto) ainda não pretendem impor seu livro sagrado a ninguém... gente que nem sequer sabe direito quem foram seus avós e onde foram gerados. Chega de cultivar fronteiras imaginárias, regar um chauvinismo histórico; uma xenofobia seletiva; uma culpa estúpida e uma melancolia interminável com a qual, querendo ou não, se acabará corrompendo também os arredores. Chega de turbinar uma ilusão pessoal e vingativa e essa corrida decadente cuja linha de chegada, todo mundo conhece: é a demência e a morte. Enfim, chega de toda essa idiotice persecutória e de toda essa babaquice senil!

A uns metros dali, cinco seis mendigos quase em fase terminal, três mulheres e dois homens, chacoalhavam uma sanfona e o esqueleto.


 


Fellini, o Mendigo K e o prazer de esperar...



"MARCEL PROUST?: Um volume da grossura de uma enciclopédia, para descrever uma nódoa nas cuecas..." 
(Guido Fanti)

Nesta última quarta-feira de julho, ainda com o cheiro de uma abóbora Okkaido que amanheceu apodrecida sobre a pia e com os cemitérios ainda bombando, voltei a deparar-me com o Mendigo K, mas agora, em outra padaria, uma bem mais sofisticada que tem a fama de vender o melhor leite da cidade. O proprietário, um forasteiro gorduchinho & mitômano, gosta de dizer aos clientes que suas vacas só são ordenhadas de madrugada, horário em que o leite tem maiores quantidades de melatonina, (o hormônio do sono). Tomar uma xícara de leite de minhas vacas, meia hora antes de ir para a cama - costuma dizer aos clientes abobalhados - é mais ou menos como ingerir uma poção do Ópium Thebiacum, aquele famoso da Babilônia.... 

Sempre que o mendigo o escuta repetindo essa bravata, dá uma gargalhada agressiva e só não o espanca por que o acha um palhaço engraçado e também, por medo de ir para a cadeia. Observe - me dizia - como bem lembrava Baudelaire: para o comerciante até a honestidade é especulação financeira.

Hoje, no meio da gargalhada e por detrás de uma máscara ensopada de cuspe, tirando um livreto do bolso, perguntou-me se ainda lembrava de Fellini. Não respondi e ele foi falando: Nas páginas 23 e 24 deste livreto de José Tolentino Mendonça, publicado em Barcelona em 2017, há um relato curioso a respeito de Fellini. Dizem que o velho cineasta, sempre que marcava um encontro, fosse de negócios, para tratar de um filme ou de qualquer outro assunto, costumava chegar ao local marcado, bem antes do horário combinado, mas que não batia à porta e nem se fazia anunciar. Que esperava, indo de um lado para outro, sem avisar ninguém. Quando os amigos o surpreendiam e lhe perguntavam por que não havia batido à porta e entrado, ele respondia: Pelo prazer de esperar! (Segundo o autor, esta frase já havia sido enunciada também pelo fotógrafo Sebastião Salgado).





segunda-feira, 26 de julho de 2021

As mulheres em cólera...

"Fala mal da mulher em geral, e todos discordarão. 
Fala mal da mulher em particular, e todos concordarão contigo..."
(provérbio chinês)
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O que estaria acontecendo com a saúde mental das mulheres? Estariam sendo contagiadas pela demência e pela loucura masculina? Nesta semana, os casos bizarros de violência feminina contra seus parceiros, acontecidos aqui na cidade e publicados nos jornais, são mais do que um alerta para o inferno em que as relações amorosas devem estar transcorrendo...

Enquanto isso a Penitenciária Feminina do Distrito Federal, ironicamente conhecida por A Colméia, com vagas para 542, está com 693 prisioneiras... O que existe de mais perturbador; mais anti-civilizatório e mais contrário ao porvir de uma espécie do que a prisão de suas fêmeas? 

E nós que sempre as considerávamos tão amáveis.., tão meigas... tão delicadas.., tão frágeis... e tão vulneráveis depois de meia garrafa de vinho... Seriam os efeitos da pandemia?, do confinamento?, desse exílio interminável? da falta de chuva? De alguma mudança metereológica? Ou de algum conflito ancestral com o macho que veio sendo dissimulado pelos séculos? Ou, quem sabe, a vereda do "empoderamento"? Ou o "lugar de fala"? Um semestre sabático na Ilha de Lesbos?... Ah!, que comédia e que miséria! E nós que fomos sempre 'quase servis'... e que sempre as quisemos, as idolatramos e as fodemos tanto...

Lendo essas noticias, o Mendigo K, de braços dados com a sua, (uma serpente pronta para dar o bote) recita, meio intimidado, uma frase de Gandera: "Mal sabem os homens que, sob as pálpebras pintadas de uma perfumada amiguinha, lampeja o ódio de uma mulher do povo..."


 


Ainda... do exílio interminável...

domingo, 25 de julho de 2021

A beleza das chamas! Em São Paulo... Tocaram fogo na estátua de Borba Gato... A urbe, assustada, ouve atenta a seus miados...

Incendiários! Borba Gato! 
Segundo minha correspondente de São Paulo, foi excitante, quase um orgasmo ver as labaredas lambendo a estátua de ferro daquele bandido... Fotógrafos e jornalistas subalternos, flaneurs, a ralé andarilha, a minúscula burguesia e a marginália desamparada corriam para lá e se enfiavam no meio da fumaça negra em busca de uma petite-aventura, da melhor visão e da mais excitante reportagem... Na penumbra de um michê caindo aos pedaços, ainda dos tempos do Grito do Ipiranga, meia dúzia de putas agnósticas e sonolentas...  cortinas improvisadas com restos de lençóis... Das janelas circunvizinhas e das coberturas em mármore, o pouco que sobra daquela pauliceia desvairada, também espiava pensando vagamente em Adoniran Barbosa enquanto gritava para os bombeiros: Apaga o fogo Mané..Minha correspondente esclarecia: Bazzo, essa pequena média e alta burguesia são os tataranetos, bisnetos, netos e filhos de ladrões tradicionais. Gente que se não fosse o motim que herdaram de seus ancestrais, estariam com seus colchões e cachimbos enfiados na merda das ruas e, nestas geladas noites de julho pernoitando sob as estalactites sombrias do Anhangabaú, no meio de outros milhares de condenados da terra... A turma do crack! Uma protoelite que, na verdade, apesar do teatro, nem se apavora com a fúria das massas, porque sua fortuna não está camuflada apenas dentro de nossas míseras fronteiras. E é até melancólico ver, (depois de grandes crises, quando voltam a reinar, a dar entrevistas e a exibirem-se), o populacho alienado acreditar que é por competência que "ressuscitam" das cinzas como o Fênix...
E a estátua vai estalando em chamas. Gritos.Vândalos! Vândalos! Loucos esquerdistas e filhos do anti-Cristo incendiaram nosso querido Borba! Nosso Gato! Nosso caçador de negros e de selvagens... Estuprador de índias... Meu Deus! Será que descobriram que somos todos Borba Gato!? Nós que nunca deixamos de ir dominicalmente à comunhão e de ser fiéis a Augusto Comte: "O amor por princípio e a ordem por base!". Será que um dia irão tocar fogo também em nossas mansões? Em nossos prédios? Arranha céus? Se queimam até o ferro, imaginem o mármore! E nossas pratarias? Quem são, afinal, os tais piromaníacos da Revolução Periférica? As freirinhas e os pastores da mídia, orientados por seus chefetes, dizem que se trata do lupemproletariado em cólera. Daquela imensa parcela da população que além de blasfemar - como diria Alfred Musset - o único direito que tem é de morrer. Mas então chamem o governador! O Datena! O padre Lancelotti... Essa gente é perversa, só pensa em comida e em emprego! É hora de lembrar de Ravachol! Distribuam pizzas! Cestas básicas! Gás de cozinha, ossos e óleo de soja! Aticem a tropa de choque sobre a turba e protejam os bancos! De longe, do outro lado da cidade se podia ouvir as gargalhadas dos mendigos, o estalar das placas de ferro, o cheiro da espessa fuligem e os miados do velho Gato... O fogo! Meu Deus, por que até o inferno é representado pelo fogo? Se pelo menos fosse pela água, mesmo que fosse a do Tietê, com a merda e tudo o mais que, há décadas, inoculamos lá... Millones de traseiros negros, desnudos como el rostro de Dufaure o de Girardin que esperan les sean enviadas telas para aprender la decência y botelhas de aguardiente y bíblias para conocer las virtudes de la civilización...
Uma daquelas velhinhas, amparadas por seus netos, assistindo às chamas revoltas e aos gritos lembra de algo que leu em A. Strindberg:
O CAÇADOR - De que maneira posso ajudar-te?
O JAPONÊS - Da seguinte maneira: tomarei uma cápsula para dormir e ficarei como morto. Tu, então, me colocarás num caixão que será levado ao crematório.
O CAÇADOR - Mas e se acordares?
O JAPONÊS - É exatamente isso que quero. Por um momento sentirei o poder purificador do fogo. Sofrerei por um breve momento e então sentirei a felicidade imensa da libertação...

 





quinta-feira, 22 de julho de 2021

Cristo e as dez virgens... (O roteiro para um curta metragem...)


"Se o nariz de Cleópatra fosse menor, 

a face do mundo seria diferente..."(P)



 Se você é cineasta ou tem tal pretensão, vou sugerir-lhe um roteiro que, além de ser copyleft, com certeza, te colocará entre os energúmenos mais conhecidos dessa hipnótica e petite supercherie, considerada arte. E basta que tenhas em casa uma bíblia. Sim, uma 
bíblia. Não sei qual é a edição da tua, a minha, me foi doada por um sirgador do Rio São Francisco. Segundo ele, a havia roubado num hotelzinho vagabundo no sertão da Bahia. A propósito, lembra dos sirgadores do Volga? (ver tela de Iliá Repin). Voltando ao roteiro, vá em Mateus 25:1-4. Em menos de uma página está tudo o que precisas para teu curta metragem: A parábola das dez virgens. Se você é desses que considera a fé como uma apólice para o além, já deve ter ouvido falar dessa parábola onde Jesus, perdido lá naqueles cafundós suburbanos do mundo, fazendo um psicologismo também suburbano, compara a vida cristã a 5 virgens prudentes e a 5 virgens loucas. As 10 saem pelo mundo, em busca de um esposo, cada uma com sua lamparina. (como a palavra esposo ou esposa é a mais reacionária e terrível de todos os idiomas, se não quiseres condenar teu filme ao ridículo, substitua-a por uma equivalente). Cinco das virgens, (as prudentes) levam o azeite necessário para abastecer suas lamparinas durante a procura já, as outras cinco, (as loucas) esquecem o tal combustível. O resto é fácil de imaginar, não é? Umas vão sempre pelo caminho da luz e não demorarão em encontrar os bobalhões que buscam enquanto as outras acabam se perdendo em apalpadelas no meio da escuridão. Devem ser estas, as tais perdidas que povoam não só as ruas sombrias de nossas cidades e de nosso imaginário, mas também muitos de nossos tenebrosos "lares", não é verdade? 

Imagine, leitor, que filmaço se pode fazer com apenas dez mulheres, cinco ou seis milicianos e esta singela página da literatura surrealista cristã! Claro, caberá ao diretor, ao câmera-man, e às próprias virgens demonstrar que o nazareno não era tão mala como se diz e que nem sempre esquecer o combustível significa que vamos ser empurrados para o pior dos mundos...

E eis que a demência vai tomando conta de tudo...


"Logra o teu próximo 

porque o teu próximo te lograria..."(P)



No final desta quarta-feira voltei a encontrar o Mendigo K que estava visivelmente abatido. Colocou-me a mão no ombro esquerdo e falou, desolado: Bazzo, hoje cheguei no limite de minha tolerância! A imbecilidade geral, para mim, agora, passou a ser verdadeiramente insalubre e toxica! Perdi todas as ilusões com a espécie! Te garanto que se acreditasse na ressurreição ou na transmigração da alma e na obrigatoriedade de voltar para este mundo, ficaria apavorado. Faria o possível e o impossível para não retornar, mesmo que fosse na condição de um dono de bordel ou de um Calígula... (Fez um gesto comum e estereotipado das sessões espíritas) - um breve silêncio e continuou - Logo pela manhã vi uma multidão em Israel batendo a cabeça no Muro das Lamentações e um pouco depois, outra multidão, agora nos arredores de Meca, atirando pedras no deserto na direção de um suposto demônio... Acredite! E nos dois casos, não se tratava de crianças ou de autistas catalogados, eram pessoas adultas, homens barbados ou mulheres pra lá de balzaquianas... E, enquanto isso, nos EEUU, dois ou três idiotas sorridentes (gente que compõe, como diz Chomski, a 'manada de mentes independentes') embarcavam num foguete para dar um giro de sete/oito minutos pelo espaço como se isso representasse a opus Magnum da humanidade.... Não te parece que está tudo voltando a ser dominado pela demência? - Outra pausa e outra indagação - O que, de tão grave, nos teria acontecido durante o longo e tenebroso percurso da larva ao Neandertal? E as centenas de mendigos morrendo congelados nas ruas de Nova Iorque e de São Paulo..?? Deu uma longa e artificial gargalhada, cuspiu na calçada, recitou uma frase da poetisa Amalia Guglielminetti (autora do livro Le vergini folli ou As virgens loucas): "somente o eco faz uma rima com cada palavra que brado!" e desapareceu...



quarta-feira, 21 de julho de 2021

O Mendigo K e a hodierna acusação de assédio sexual... Ah! quem poderá trazê-las de volta para o mundo da sanidade?

"Prefiro as portas que aconselham 'empurre', às que dizem 'puxe'..." (P)

Na padaria, o cheiro do açúcar e da farinha na chapa tinham quase um efeito alucinógeno. As quarta-feiras parecem ser dias especiais... O Mendigo K apareceu com uma folha de jornal onde estava a manchete sobre o caso de um repórter brasileiro que estando no Japão para cobrir os Jogos olimpicos, foi acusado de assediar três colegas, mandado de volta para o Brasil e demitido. 

Ele, que sempre procurou demonstrar senão a farsa, pelo menos a repressão e o moralismo cretino/ psicopatológico que quase sempre há nesses casos, recusou o cardápio que o garçom submissamente lhe oferecia e leu-me a matéria, em voz baixa. Ao finalizar a leitura, deu indignado, um soco na mesa. E perguntou para si mesmo: O que está acontecendo com a vulva? O que essas freirinhas idiotas foram fazer no Japão? Brincar de origami? Comprar uma coleção de kokeshi? Ver outros idiotas pulando obstáculos? Se jogando de cabeça na água como antas? Jogar Ping-pong? Comer peixe cru? Correr como dementes atrás de uma bola feita de couro de vaca e cheia de ar? Aplaudir quatro ou cinco anoréxicas que rodopiam no ar como dervixes da Capadócia? Dispostas a se vingarem de algum colega babaca e excitado? Será que essas mocinhas sul americanas nunca viram a versão japonesa do KamaSutra indiano? E será que não sabiam que meia garrafa de saquê sorvida entre quatro paredes e em tacinhas de cristal e jade produzidas por virgens de Osaka, ressuscita os chakras mais diabólicos e promove uma ereção vigorosa até num samurai de 120 anos? Quê pequenez a dessas moças! Duvido que minha bisavó se propusesse a uma ninharia dessas... E agora, quem poderá trazê-las de volta para o mundo da sanidade?

Todos que o ouviam, inclusive as mulheres, pareciam concordar com ele, mas, sabendo que há escritórios da inquisição montados em cada esquina, ninguém ousou manifestar-se.  O garçom, por conta própria lhe serviu meio copo de café preto e sem açúcar enquanto ele tirava de uma bolsa de plástico quatro livros que jogou com indignação sobre a mesa. Tratava-se do livro de Georges Devereux: BAUBO - LA VULVA MITICA; LA CRISIS DE LA HETEROSEXUALIDAD, de Òscar Guasch; LISÍSTRATA, de Aristófanes e O CADERNO ROSA DE LORI LAMBY, da velha Hilda Hilst.

Na esquina, uma marcha tipo aquelas da Idade Média, - com mulheres vestidas de preto, com velas, véus e meias também pretas, com os montículos das nádegas, das tetas e do púbis disfarçados, batendo tambores e dando Graças -, gritavam impropérios contra os africanos da Costa do Marfim que, bem mais machos, decentes e honrados do que nós, estão tocando fogo nas igrejas do Reino de Deus, gerenciadas por bispos brasileiros... Ah! que miséria! O que teria acontecido com essas excêntricas & loucas? Duvido que alguém, por mais sábio que seja, consiga trazê-las de volta para o reino da sanidade???








segunda-feira, 19 de julho de 2021

O Mendigo K., a fila da pobreza para mendigar ossos e um vernissage de indigentes...

(Titulo de matéria no Correio Braziliense de hoje)

Como aos domingos quase todos os mercados e açougues permanecem fechados e as lixeiras ficam vazias...  nas segundas, os mendigos aparecem mais magros, mais famintos e trêmulos pela hipoglicemia... Falavam entre si, com ironia, da fila diante de alguns açougues de Cuiabá, para implorar ossos... O Mendigo K cercado por outros onze discípulos, ali em frente ao Pão de Açúcar, lia para eles trechos de um livro sobre Vargas Vila com a mesma pose de Moisés apresentando os 10 Mandamentos àquele seu mundo de lunáticos, fanáticos e ignorantes.... Os poucos transeuntes que circulavam por lá nesta manhã ensolarada, paravam para ouvi-lo e até queriam saber quem era afinal Vargas Vila, o escritor colombiano que havia escrito aquelas 'terríveis' palavras. Ele ignorava a platéia de filisteus e da petite bourgeoisie e ia lendo com uma voz zombeteira e impregnada de fúria:

- Ser superiores ao destino que nos despedaça, mais nobres que a mão que nos mata; este é o último dever de nosso orgulho, a última revanche contra a fatalidade, essa palavra obscura, inexorável, que guarda o segredo da vida e que a domina...

- Não ter talento é um pecado que os homens perdoam mais facilmente, quase comovidos, num grande gesto de fraternidade...

- O homem é a mais forte razão de ateísmo que existe sobre a terra; o homem é um argumento contra a existência de Deus...

- As aristocracias são cruéis porque são formadas por antigos escravos que se vingam...

- Todo homem independente, sincero e valoroso tem contra si a liga dos servis, dos impostores e dos covardes, que são a maioria...

- Um velho alegre é um louco inofensivo que pôde curar-se de todas as paixões, menos da do ridículo; e morre coroado por ela...

- O único metodo reflexivo de triunfar é a mentira. A verdade é espontânea e irrefletida, por isso leva sempre à derrota; ninguém se salvou por dizer uma verdade; todos os vencedores o foram pelo poder de uma mentira...

- É sendo homem de partido que se chega ao poder, mas é deixando de ser homem de partido que se conserva o poder. Os traidores sabem muito bem disso e o praticam...

- As idéias não têm nenhum poder sobre aqueles que não comeram; e menos ainda sobre aqueles que acabam de comer. A fome e a saciação são duas formas iguais de bestialidade...

- Aquele que está disposto a sacrificar sua vida por uma idéia, está disposto também a sacrificar a dos outros em homenagem a ela, por isso se pode tão facilmente fazer de um mártir, um verdugo...

NESTE MOMENTO OS MENDIGOS APLAUDIRAM E GRITARAM EM CORO: TAMBÉM NÓS QUEREMOS OSSOS! MAIS OSSOS! PELO MENOS OSSOS! NÃO SOMOS HIENAS MAS QUEREMOS OSSOS! OSSOS! OS OSSOS SÃO A PARTE QUE NOS CABE!!! ELE ESPEROU UNS SEGUNDOS E PROSSEGUIU:

- Pomposo progresso das coisas, alheio ao progresso das almas, suficiente para acalmar a fome dos porcos mas incapaz de saciar a sede dos espíritos...

- De todos os pecados, a castidade é o mais inútil, o mais ridículo e o mais vil...

- Não vês como treme esse homem chegando ao poder? Seus joelhos guardam as feridas das quedas e das genuflexões seguidas para chegar ali; não vês a tristeza em seu rosto de escravo coroado?

- A biblioteca do colégio era o Jardim da Imbecilidade: livros absurdos de religião, manuais de teologia de uma profundidade mentirosa, vidas de santos falsas e pueris, livros de propaganda católica, mordazes e violentos...

- Ler coisas apaixonadas, eis aí algo que desgosta enormemente às pessoas sem paixão... Imaginem a angústia de um eunuco vendo a cena de um defloramento...

- A primeira coisa que os povos escravos perdem é a língua. Ainda seremos milhões e milhões falando inglês...

- A fé religiosa, esse vírus fatal que envenenou e que ainda envenena a triste mentalidade de nossa raça, tornando-a apta para todos os tipos de escravidão...

- O culto ao prazer acusa um temperamento de besta e o prazer do culto acusa uma alma de freira. Ambos são formas de satiríases igualmente repugnantes...

O VIGIA DO MERCADO TENTOU IMPEDIR AQUELE RECITAL DE INDIGENTES. DIRIGINDO-SE A ELE COM AGRESSIVIDADE, O MENDIGO FEZ A ÚLTIMA LEITURA:

- Não sou vil o bastante para ser amo de meus compatriotas, nem serei nunca vil o bastante para tolerar os seus amos...

OS IPÊS AO REDOR ESTAVAM FLORIDOS E AS ABELHAS ZUNIAM ENLOUQUECIDAS NO INTERIOR DE SEUS BUQUÊS IMPROVISADOS...

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EM TEMPO: A respeito das filas para implorar ossos, nunca se viu uma loucura macabra dessas na história do mundo. Não é possível que os burocratas de merda e de plantão não tomem uma providencia de imediato. O silêncio geral e nossa indiferença é abominável! Se se pretende salvar alguma chispa de dignidade, (se é que existe) decretar Estado de sítio já! Expropriar as grandes fortunas hoje à tarde!! Parar de ficar plantando soja para alimentar os porcos dos EEUU e os da China; confiscar os grandes rebanhos amanhã cedo! Prisão preventiva das lideranças politicas dos últimos 40 anos... Ah, velharada gorduchinha, miserável e incompetente! Bando de cafajestes! e de energúmenos...  (Acordei!) ... Mas que miséria..!





sábado, 17 de julho de 2021

A China; Mao; O massacre na Pça Tianamen e os negócios com as vacinas...

"Todo fracasso torna-se um pretexto para incensarem mediocridades do passado..." (P)


 [Em sua entrada triunfal em Pequim, em 1. de outubro de 1949, Mao Tsé Tung bradou às massas que o aplaudiam: 'Nós, os 475 milhões de chineses agora ficamos em pé, e o futuro de nossa nação é infinitamente brilhante... De hoje em diante, e para sempre, acabaram-se os 'Negócios da China!']

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Entretanto... as histórias recentes sobre compra e venda de vacinas, (no Brasil e no mundo ocidental) parecem desmentir o grande líder.  Pelo que se está vendo foram e ainda estão sendo muitos os negócios da China!!! por aqui... Uma segunda dose! Uma terceira dose! Uma quarta dose! Caralho! Doses ao infinito! E cada uma a mais de dez dólares, quando não deveriam custar mais do que 10 centavos de dólar! Eis aí um golpe planetário! E tudo por amor à humanidade...

A leitura do livro abaixo (apesar de ter sido publicado em 1989) é fundamental para tentar entender aquele país, sua história, seus delírios, suas loucuras e sua sabedoria. As seitas de direita e de esquerda deveriam aproveitar o confinamento da pandemia para refrescar os miolos...  para deixarem de seguir falando asneiras e profetizando, por um lado, um capitalismo cretino e estúpido e por outro, um socialismo feudal, com idéias que já estavam superadas até lá no anti-Dühring... (Engels, 1878)

Criar dois, três,... muitos Hong Kongs!, gritava por lá Deng Xiaoping. Por aqui, Che Guevara berrava: Criar dois, três, muitos Vietnãs!... 

Mas, apesar das crenças dos atuais mandarins dos partidos, foram só palavras lançadas aos já convertidos e ao vento... Parole...parole... parole...





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EM TEMPO: Muitos leitores (quase sempre do anonimato), depois de lerem meus textos "niilistas", têm me enviado perguntas sobre O quê fazer, se nenhuma solução é viável? A quem tenho respondido, com um certo sarcasmo: Ora!, um controle radical de natalidade, até voltarmos a atingir os níveis populacionais dos tempos de Adão e Eva.  - E complemento, ainda com escárnio e troça - Neste particular, ninguém pode ignorar o importantíssimo papel que a misoginia dos pederastas e a misandria das feministas já vêm exercendo no mundo...



O transcurso... o percurso... ou, como diria Flaubert: "de todas as mentiras, a arte é a que mente menos".







quinta-feira, 15 de julho de 2021

"Noticias de meu correspondente em Cuba...


"(...) Sei também que me será concedido um funeral. Só lamento que a oração fúnebre seja pronunciada pelas mesmas pessoas que me traíram..."

Imre Nagy

(Citado no livro A comuna de Pequim, de Marilia Andrade e Luis Favre)

 Meu correspondente em Havana acaba de mandar-me informações sobre as manifestações politicas e os eflúvios daquela luxuriosa ilha. Antes de qualquer devaneio político, diz estar à janela de uma daquelas casas desbotadas do século XVII, de cara para o mar imenso que chega fingidamente calmo até os paredões do Malecom para ali, bruscamente, se desplumar em efervescentes e minúsculas pérolas... Diz que ainda há policiais fardados e disfarçados pelas ruas, uns com tacos de beisebol e outros com cassetetes... Os manifestantes desapareceram, uns foram presos, outros espreitam e se preparam para voltar às ruas... Difícil prognosticar o amanhã. De Miami chegam precariamente incentivos à revolta. Há muitos devaneios e bravatas poéticas no ar, mas quem é que não se lembra do massacre da Praça Tianamen, em Pequim, em 1989? Aqueles tanques passando por sobre o corpo de estudantes adolescentes desarmados que já sem voz, insistiam em entoar as estrofes da Internacional? Tudo em nome de uma seita que acredita no retorno a um suposto paraíso perdido. Depois as mentiras. As desculpas, as justificativas. As demagogias para cativar e engambelar novamente a juventude. Quem é que não se lembra da poética declaração de Chen Duxiu, fundador do Partido Comunista Chinês em 1921: "A juventude é como a primavera precoce, como o sol nascente, como as plantinhas e as árvores brotando, como uma lâmina recém afiada. É o período mais precioso da vida. O papel da juventude na sociedade é como onde uma célula nova e vital no corpo humano... Se o metabolismo de uma sociedade funcionar normalmente, ela prosperará; se os velhos elementos apodrecidos dominarem a sociedade, então ela cessará de viver..."

Mas e a Praça da Paz Celestial que ficou ensanguentada como um matadouro? E os que foram fuzilados a mando dos mandarins vermelhos? Mas então, aqueles adolescente não eram como a Primavera precoce? Demagogias... Na verdade, como teria dito um outro ministro famoso daqueles tempos: "quando alguém virá mandarim, até seus patos lucram com isso..."

Meu correspondente vai descrevendo, meio emocionado, trechos da história de Tianamem associados a daquela ilha caribenha estupenda... e insistindo que é necessário destribalizar-se... Ah!, os festivais de cinema; as noitadas de rumba; a salsa; o rum; o tabaco, a maresia e os charutos; La casa de las Américas; as praias desertas; uma gringa bêbada cantando Babalu; os discursos intermináveis do Fidel; as cercas de arame farpado de Guantanamo; as paredes crivadas de balas; Fulgêncio Batista; os cassinos; os chicharrones no óleo; as sacadas de madrugada no Hotel Havana... E aqueles automóveis dos anos 50 que vão ziguezagueando até a lendária Sierra Maestra e até o Pico Turquino, de onde, à noite, depois de meia garrafa, se pode ver um pelicano pousado na proa de um barco clandestino e as luzes da Jamaica como vagalumes, lá no outro lado do mar misterioso e imenso salpicado de desventuras... Bob Marley...

Sua descrição vai ficando cada vez mais intimista, pessoal e distante dos delírios ideológicos. Que se foda essa politica rasteira e chauvinista! (escreve com tinta vermelha) e conclui com uma frase que teria sido dita por Deng Xiaoping ao entender que, em toda e qualquer circunstância, o instinto de liberdade é bem mais potente que o instinto  de morte: "quando abrirmos as janelas, entrarão moscas; mas não importa, precisamos respirar..."




O corpo... esse desconhecido...

 [... Não bebo apenas pelo prazer do vinho nem para burlar-me da fé;

 mas para esquecer de mim mesmo por um momento. 

É tudo o que peço ao vinho, só isso...]

(Omar Khayam)

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O agravamento da doença do Presidente Bolsonaro e aquela sua imagem tornada pública ontem, fez descer um véu fúnebre e de melancolia sobre a cidade... E sobre todos, independente do teatro de suas ideologias... Porque aquele corpo é o reflexo de nosso corpo... Se seus apoiadores estão desolados e quase enlutados, seus inimigos fingem transbordar de derrisão e de contentamento... lançam-lhe ainda mais escárnio e maldições. Como chacais e abutres, eles que o acusam de desdenhar dos 500 mil mortos pela pandemia, agora o superam em rancor, em troça e em vingança. É evidente que essa gente não vale nada! Que há aí um transtorno grave de personalidade... E o pior, é que são eles que pretendem ocupar seu lugar... O circo é ubuesco e a política, ao invés de chegar a ser Politica, fica mergulhada nessa estupidez bipolar infindável e nessa autofagia infame...

Independente de toda essa miséria social e de caráter, o que a morte e uma situação destas sempre evidenciam é a miséria da condição humana e de nossa existência. A miséria de um corpo precário e vagabundo que está desde que nasce, condenado ao aniquilamento... Quem teria sido o sádico e o demiurgo que teria empurrado esse Ser e essa espécie para uma miséria destas?




segunda-feira, 12 de julho de 2021

Cuba, a ilha sufocada por brutamontes...



"La stupidità insiste sempre."

A. Camus

Que as manifestações politicas em Cuba aconteçam logo em seguida ao assassinato do Presidente do Haiti, pode não ter nada a ver, mas o que é curioso é...

E é quase inacreditável que há mais de meio século, o mundo inteiro esteja passivo e em silêncio diante do bloqueio econômico, alimentar e sanitário dos EEUU a CUBA. Inclusive o Vaticano, que frequentemente costumava mandar seus papas a Havana, para fazer catequese & proselitismo e para ver se fisgava alguma alma...

Quê lógica e que alienação é essa?

Qual é o problema?

 Querer que os 12 milhões de cubanos pensem e sintam como os norte-americanos ou como qualquer outro povo é uma idiotice nunca vista. Uma fantasia de tirania inacreditável... E que o resto dos países do mundo, sejam de esquerda, de direita, do centro ou sem identidade definida façam esse jogo do imperialismo gringo, é uma cretinice, uma estupidez e uma vergonha civilizatória. Ou, como explica Chomski:

"Desde que se tornou independente em 1959, Cuba tem sido submetida a violência e tortura implacáveis por parte dos Estados Unidos, atingindo níveis de verdadeiro sadismo, com quase nenhuma palavra de protesto de setores da elite. Felizmente, os Estados Unidos são um país excepcionalmente livre, por isso temos acesso a registros desclassificados que explicam a ferocidade dos esforços para punir os cubanos. O crime de Fidel Castro, explicou o Departamento de Estado nos primeiros anos, consiste em seu “desafio bem-sucedido” à política adotada pelos Estados Unidos desde a Doutrina Monroe de 1823, que estabeleceu o direito de Washington de controlar o hemisfério. Claramente, medidas severas são necessárias para reprimir esses esforços, como qualquer capo da Mafia compreenderia bem, e a analogia da ordem mundial com a Máfia é altamente merecida".








Eleições 2022: Uma discussão, insultos e uma quase exegese sobre a Terceira Via e a esquerda namastê... (e, claro, sobre o Terceiro sexo...) ?

"Casca oca. A cigarra cantou-se toda..."
(Bashô)