terça-feira, 24 de setembro de 2019

E o país continua sem saneamento básico... e sem estradas de ferro...


"Au XVI siècle, la pression de la société s'accentue. Il est impérieux 
de mettre le pied sur le crachat..."
Norbert Elias
IN: La  civilisation des moeurs, p 224



      Bolsonaro na ONU, 2019

E Voltaire.., bem antes da existência da ONU, reproduz parte do papo entre dois confucionistas que se encontram por acaso: “Devemos imitar o Ser Supremo, que não nos mostra as coisas tais como são; faz-nos ver o Sol com um diâmetro de dois ou três pés, - por exemplo - embora este astro seja um milhão de vezes maior do que a terra; faz-nos ver a Lua e as estrelas pregadas sobre um fundo azul igual, quando estão a distâncias diferentes. Quer que uma torre quadrada nos pareça redonda; quer que o fogo pareça quente, quando não é quente nem frio; finalmente, rodeia-nos de erros, todos convenientes à nossa (miserável) natureza”.



2 comentários:

  1. De fato, é uma tarefa infrutífera à mente humana tentar conceber o que seria a realidade em si mesma, de modo imparcial. Tentá-lo somente nos conduz à famosa e frustrante conclusão: o homem não é capaz de pular por cima de sua própria sombra — não podemos fugir de nossa condição humana. É precisamente devido a essa inescapável parcialidade que se origina a ilusão de que o Universo curva-se à vida, quando na realidade a vida curva-se ao Universo. Sem dúvida, a vida não é a medida de todas as coisas — entretanto, ela as mede como se fosse. E, visto que somos a vida, essa medição nos parece a própria realidade, quando na verdade é apenas uma representação subjetiva da mesma, que é o único meio que temos de concebê-la.
    Todos os sentimentos e sensações são fenômenos que não têm existência própria. São apenas classificações de estados mentais que, por sua vez, são um reflexo de nossa fisiologia cerebral. Em outras palavras, todos os nossos sentimentos e sensações são apenas ficções mentais subjetivas. O amor não existe independentemente do homem, nem a vaidade, o orgulho, o ódio, a tristeza, o prazer, o sofrimento, o doce ou o azedo. As chamadas “dimensões temporais”, como as concebemos, também não existem: nosso passado não fica guardado num cantinho do Universo — ele só existe porque temos memória e o futuro só existe porque temos imaginação. Tudo isso são realidades subjetivas que só existem no contexto do corpo humano, todas criadas por nossas mentes, assim como as cores. Lembremo-nos das palavras de Schopenhauer: O mundo é minha representação.
    Cancian, Andre. Ateísmo & Liberdade: Uma Introdução ao Livre-Pensamento

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