Ezio Flavio Bazzo
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
São Paulo: de desvairada a inundada II
Ezio Flavio Bazzo
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
São Paulo: de desvairada a inundada I
Ezio Flavio Bazzo
domingo, 20 de dezembro de 2009
Gorjetas, bacalhoadas, azeites e pugilatos homéricos entre os envolvidos.
Nas ruas e nos balcões todo mundo pedindo gorjetas.
- “Pode colaborar com a caixinha doutor?”
- Doutor um caralho! Se fosse com o caixão...
A palavra “gorjeta” parece ter vindo do francês, “gorge” = garganta. Tratava-se de uns trocados para o escravo “molhar a garganta”. O maior mérito tanto da antiga China como da antiga Cuba (comunistas) foi terem proibido a gorjeta. Costume perverso e pervertedor, engendrado pelo mundo capitalista – recitavam em coro o velho Mao e velho Fidel! Tinham razão. É essa complacência com a gorjeta e com a “caixinha” que vai descambar nos propinodutos e nas Caixas de Pandora.
Ezio Flavio Bazzo
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
A criação foi um engano e quem quer que tenha dito [Haja luz], um bufão.
Nos Evangelhos Gnósticos existe uma frase que cada dia passa a ser mais verdadeira: “a criação foi um engano e quem quer que tenha dito [Haja luz], um bufão”.
Ezio Flavio Bazzo
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Arbeit macht frei!
Sinceramente, apesar de meu anticlericalismo, prefiro o aforismo do bispo episcopal de Chicago, Gerald Burrill que escreveu: [A diferença entre a trilha rotineira e a sepultura é apenas a profundidade]. Ou então, o conceito de Ambrose Bierce, para quem, [o patriotismo é o primeiro refúgio do canalha.]
Ezio Flavio Bazzo
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Seja sincero: você não gostaria de também estar indo para Copenhague comer Smorrebrod?
Mas voltando a Copenhague. Todos nossos “porta-vozes” vão para lá com duas ou três páginas “ecológicas” no bolso do paletó escritas e revisadas por um tradutor juramentado. Uns com idéias mais transcendentes e revolucionárias que os outros a respeito do “clima”, da “preservação do planeta” etc, como se não tivessem nada a ver com os caixões de lixo hospitalar que encontramos diariamente por todos os lados, com a infestação criminosa de automóveis nas ruas, com a fumaceira dos escapamentos dos ônibus, com a falta de higiene elementar nos restaurantes, com a insalubridade nos ambientes de trabalho e com a ausência de esgotos na América Latina inteira, com o sufocamento bestial dos rios, com a ausência absoluta de atendimento à saúde mental no país e com a construção obsessiva de prédios em áreas verdes. Aqui em Brasília – por exemplo – os tratores já iniciaram a derrubada de mais uma área imensa de cerrado, a uns mil metros do Palácio do Buriti, para a construção de um condomínio grãnfino. Sim, os corretores estão até falando que será um modelo de moradia ecológica, e isto, com a conivência de todo mundo: civis, militares, políticos, ecologistas, padres, velhos, adolescentes, putas e freiras, ricos e fodidos, empresários, mendigos, bandidos e santos. Não tenho dúvidas que há na essência dessa passividade e desse desinteresse uma tendência imensa ao suicídio. E não foi por acaso que Leclerc, ao traçar o perfil psicológico do brasileiro escreveu: “toda a nossa sabedoria política se resume na resignação diante do fato consumado”. Que tragédia e que bosta!
Ezio Flavio Bazzo
sábado, 12 de dezembro de 2009
Lênin prometeu penicos de ouro aos soviéticos, Lula diz que quer tirar os pobres da merda...
Enfim, apesar do frenesi do consumo e da “disponibilidade atual de bens inúteis” nossa relação com os estrangeiros continua a mesma de 1500 ou de 1700: deslumbrados e de joelhos. E a imersão fecal mencionada pelo Presidente, parece ser, para milhões, ainda um destino atávico.
Ezio Flavio Bazzo
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Um mundo apaixonante de cavalos, éguas, asnos e jumentos...
Ezio Flavio Bazzo
ELEGIA AOS ANIMAIS...
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
CREIO, EXATAMENTE PORQUE É ABSURDO...
Só quem já viveu na Espanha pode imaginar a repercussão que esse fato deve ter tido na comunidade em geral, mas principalmente nos porões da Opus Dei. A Espanha, Portugal e Itália são os países europeus mais infectados por religiosidades. Apesar da beleza, da história, dos vinhos e da modernidade aparente, a vida privada e íntima naqueles países guarda muito do catastrofismo medievo e das choradeiras das catacumbas. É curioso que proíbem em coro o consumo de álcool, de crack, de cocaína, de maconha, o roubo, a infidelidade, a corrupção, o estelionato, o “caixa-dois” o canibalismo, a eutanásia, que proíbem dirigir bêbados, jogar lixo nas ruas etc, mas deixam qualquer demente inventar solenemente uma religião, abrir um templo e dopar ao bel prazer a seu rebanho. Sim, é curioso que o tabu da “liberdade de crença” ainda não tenha sido visto como um dos maiores absurdos civilizatórios, ele que dá legitimidade a todo tipo de crapulices e que coloca em risco, descaradamente, a integridade mental de nossas crianças.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Poeira de cocaína, pedregulhos de crack e raízes de arruda IV
Ezio Flavio Bazzo
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
O futebol e a reunião de Copenhague
Seria oportuno que a reunião de Copenhague não ficasse apenas nos banquetes e no blábláblá das emissões de carbono, dos peidos das vacas do Mato Grosso, das motos-serra do Amazonas, das chaminés das fábricas, dos agrotóxicos, do lixo hospitalar, da poluição dos carros etc., mas que incluísse o futebol entre os venenos que acabarão imbecilizando ainda mais e degradando gravemente o planeta e a espécie.
Ezio Flavio Bazzo
domingo, 6 de dezembro de 2009
ALFONSINA Y EL MAR...
http://www.youtube.com/watch?v=M_3Xcym37fE&feature=fvw
Ezio Flavio Bazzo
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Poeira de cocaína, pedregulhos de crack e sementes de arruda III
Ah! Há muita gente no mundo! Há muita gente nesta cidade! Os shoppings e as ruas estão entulhados. Muitas mães, com caras de retardadas, querendo a todo custo levar seus filhinhos e filhinhas para sentarem ingenuamente no “colo” do Papai Noel. Hooooohoooooohooooooooo!!!!! Hoooo! HOOOOooohooooo!
Ezio Flavio Bazzo
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
A poeira da cocaína, o pedregulho do crack e as sementes de arruda II
-Senhor! Senhor! Obrigado por fazer-nos corruptos! Por fazer-nos entender que só o dinheiro salva! Oh, Como és poderoso! Depois de ti só os pacotes de dinheiro! Tu que tens todo o poder do mundo, Oh, Senhor Amado, Aleluia, poupa-nos da polícia federal! Tu, em tua Onipotência, OH, Senhor, Aleluia! Aleluia! Sabes que roubamos para o bem das cidades satélites, para a salvação dos milhares e milhares de dejetos humanos que vivem na Extrutural, nos becos infectos, das castas subhumanas que lambem as nossas botas todas as manhãs quando chegamos aos nossos gabinetes. Senhor! Oh Senhor. Sabes que por nós o mundo seria diferente. Tu Senhor Todo Poderoso, Oh Senhor, que conheces nossa desgraça interior, defendei-nos dos invejosos e daqueles que querem o nosso mal. Amém. Aleluia!
Corruptos, corruptores, indignados e ingênuos vão às ruas. A idéia de um bode expiatório continua sendo uma grande panacéia. Apedrejar o corrupto fora-de-nós dá a ilusão de inocentar o corrupto dentro-de-nós. É por isso que os amigos e os outros partidos logo se afastam daquele que caiu em desgraça e pedem desesperadamente o seu aniquilamento. Quanto mais rápido for eliminado, melhor. É evidente que há algo mais do que simples moralismo ou simples eticismo nessa ansiedade e nessas manifestações. A corrupção e o sexo, - assuntos tão antigos como a espécie - incomodam tanto aqueles que os praticam como aqueles que são abstêmios. Alguns dizem até que a abstinência – nos dois casos – é mais perversa e mais libidinosa de que a prática. Já encontrei pessoas que defendem a corrupção até como forma política, antiestatal e de distribuição de rendas. Prática anárquica de sabotar o gigantismo estatal e o monstro descrito por Hobbes – dizem, justificando suas fortunas surgidas do nada. Os padres - que os ouvem e que os perdoam nos confessionários - dizem que é o demônio atuando através dos homens. Os advogados culpam as brechas da lei (lei que eles próprios engendraram). Os antropólogos dizem que essa prática é ancestral e que está na origem do ser. Os sociólogos insistem na ganância e na desigualdade social. A polícia acha que todo mundo é bandido mesmo e que diante de uma oportunidade qualquer um se corrompe. Mas as esposas e os filhos dos corruptos pensam diferente, consideram seus maridos e pais quase como super-heróis. Adoram ver as maletas, primeiro no porta-malas, e mais tarde, abertas sobre o criado mudo repletas de notas verdes. Algumas senhoras, como gratidão e felicidade, fazem impulsivamente um felatio ao herói, ainda engravatado. A boca tensa, os olhos cravados nas notas.
Ezio Flavio Bazzo
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
A poeira da cocaína, o pedregulho do crack e as sementes de arruda I
Até ontem aqui no DF não se falava em outra coisa além dos cheiradores de cocaína e dos queimadores de crack. Hoje, o affair relacionado à trupe do Governador (inclusive o próprio) que foi filmada fechando negócios mafiosos e empacotando fardos de dinheiro roubado, tomou a cena. Ainda antes da roubalheira do mensalão ter sido sepultada, eis que os gatunos de turno já tramavam outra, nos mesmos moldes e com o mesmo descaramento. Os mais inexperientes apostam no suicídio dos envolvidos, entretanto, quem já conhece mais a fundo a dialética dessas hienas, sabe que amanhã elas aparecerão com seus bandidos advogados na janela de algum palácio falando em "mal entendidos", pedindo perdão, falando em Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e jurando que se regenerarão. Só que a história de reincidência de praticamente todos nossos políticos é um exemplo de que a possibilidade de regeneração de criminosos é mínima. Por isso, acho uma boa idéia, como vem sendo cogitada nas ruas, a de instituir o suicídio para corruptos e seus familiares (não confundir com pena de morte). Ali na Praça dos Três Poderes, ou lá na Praça do Buriti, com a manada que os elegeu urrando e bufando, os "réus" depois de cantarolarem a Aquarela do Brasil, poderiam democraticamente escolher entre: meterem-se uma bala nos cornos, pendurarem-se numa corda, ou mastigarem meia cápsula de cianureto. Sei que a hipótese disso vir a ser institucionalizado é praticamente zero, pois a falta de tesão pela vida e a indecência estão tão generalizadas por aqui, que não se encontraria com facilidade alguém "não subornável" para gerenciar essa área. Eça de Queiroz, em sua época, já lembrava que políticos e fraldas devem ser mudados com freqüência e pelos mesmos motivos. Fazendo um comentário sobre esse "otimismo" lusitano de Eça, um professor de filosofia me dizia ontem à tarde, la na Feira do Livro que, no nosso caso, o drama é bem maior, uma vez que aqui a única alternativa que a gente têm é trocar merda por merda.
http://www.youtube.com/watch?v=gQ2sQk9q-30&feature=related
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
A confraria e a máfia do TRADUTOR JURAMENTADO
Ezio Flavio Bazzo
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Atenção: "brechó" não tem nada a ver com "brecha" e nem com "brochô"
Machado de Assis, em seu conto Idéias de Canário, também descreveu um desses negócios: “A loja era escura, - rabiscou o Bruxo de Cosme Velho - atulhada das coisas velhas, tortas, rotas, enxovalhadas, enferrujadas, que de ordinário se acham em tais casas, tudo naquela meia desordem própria do negócio”.
As justificativas dos clientes que focinham alucinados por detrás dos cabides e que chafurdam naquela rouparia anônima vão das mais tolas e pueris às pura e simplesmente mercantilistas. Claro que não se poderia esperar deles nenhuma menção ou insinuação ao clima mórbido e escatológico que sempre predomina tanto na essência dos seres como no interior desses sarcófagos.
Ezio Flavio Bazzo
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Por que, afinal, o Presidente do Irã não acredita no holocausto?
Há pelo menos uns dez anos que o ouço fazer publicamente a afirmação de que não existiu holocausto nenhum, e que tudo seria manipulação de uma imprensa cortesã. Apesar disso ninguém, nem a mídia internacional, nem a mídia tupiniquim, nem as universidades se atrevem a conceder-lhe duas ou três horas para que desenvolva e demonstre sua tese. Se suas fontes forem sólidas, densas, fundamentadas, que bom, todo aquele horror não existiu e a humanidade se livrará de uma mentira. Se seus argumentos forem religiosos, ideológicos, fúteis, vazios e delirantes, ele próprio se sentirá na obrigação de silenciar para sempre e deixará de encher-nos o saco com essa temática. Qual TV, qual jornal, qual universidade se candidata? Ele está aí.
Ezio Flavio Bazzo
domingo, 22 de novembro de 2009
Fernando Pessoa & o mendigo em linha reta
“Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, eu tantas vezes irresponsavelmente parasita, indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o ideal, se os ouço e me falam,
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza”.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
O sacrifício de cachorros na periferia de SP e a cachorrada humana
Ezio Flavio Bazzo
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
A medicina, como fábrica e mercado de angústia
Cuidado com a tireóide! O fígado, os rins, os intestinos, a bílis negra, os corrimentos, as veias do reto. Tantos por cento morrem com câncer nas tripas! Cuidado! As piores doenças são silenciosas! Vá regularmente ao dentista. Um dente podre pode afetar seu coração! Existem mil tipos de aritmias! E os olhos? Cheque frequentemente a pressão de seus olhos. Olha o glaucoma aí gente! Todo mundo é diabético! Há uma propensão ao alcoolismo e à depressão na espécie. A depressão será o Grande Mal do Mundo! Comece a tomar remédio desde já. Vá verificar o estado de seus ossos. Lembre que você não é uma minhoca. Os exames que eram qüinqüenais passaram a ser semestrais. O status médico não pode ir para o buraco! Não dá para ficar com equipamentos parados. Vamos fazer exames, passar a vida fazendo exames até encontrar as raízes da morte em nossas entranhas. Ninguém o curará de nada, mas pelo menos você ficou sabendo. Apalpe seu corpo, você pode descobrir alguma anomalia: um caroço, uma espinha, uma veia pulsante, um chip. Mesmo que não seja nada grave, pelo menos lhe dará a experiência da angústia e a angústia, você sabe, é sinal de que você está vivo. Lambuze-se diariamente com protetor solar. O mais caro é sempre o melhor. E a próstata? Olha lá! Olha lá! A próstata é uma glândula de fácil desarranjo, como praticamente todo o corpo, foi um erro estúpido na evolução, mas os médicos, por dez ou doze mil poderão remediar ou mesmo extirpar esse mal. Vá ao geriatra. Mantenha-se lúcido como uma pantera até aos noventa anos! Não dê ouvidos àqueles que acham que a longevidade é um projeto tolo da burguesia e um truque das multinacionais dos medicamentos. Arraste-se pela vida, nem que seja como um verme, até o FIM. Mas resista. Esteja sempre entre as caravanas que vão mensalmente à Aparecida ou a Juazeiro do norte! Se sua aposentadoria não for suficiente para comprar remédios, vá ao banco, faça empréstimos. Quase sempre os banqueiros, que são acionistas também dos planos de saúde e das importadoras de medicamentos, transbordam de compaixão para com os da quinta idade. E as tetas? A indústria da mamografia só não cresceu mais que a indústria imobiliária e a indústria da cocaína. Comece a fazer seus exames a partir dos vinte anos. Você só tem quinze? Vá assim mesmo. Se você não quer parar de comer suas afrodisíacas feijoadas com cachaça e leite condensado, faça redução de estômago. Corte-se! Quanto mais cicatriz tiver, mais dará a impressão de ter vivido. Seja um homem ou uma mulher de seu tempo, pois tanto as vidas, como as guerras, acabarão sempre no cemitério.
Ezio Flavio Bazzo
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Heitor Villa Lobos
Ver: http://www.youtube.com/watch?v=8ZCq42RbEUM
Ezio Flavio Bazzo
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
As coxas da estudante Geisy, na Uniban, e o curso de masturbação na Espanha
Ezio Flavio Bazzo
O “apagão” e o pensamento trágico
Ezio Flavio Bazzo
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
A vagabundagem de Darwin e a Origem das Espécies
Ezio Flavio Bazzo
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Enfim, a liberdade de Cristo!
Ezio Flavio Bazzo
terça-feira, 3 de novembro de 2009
OS MORTOS & a abertura do III Congresso de Filosofia e Religião
Ezio Flavio Bazzo
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
ARANJUEZ: ali onde os rios Jarame e Tejo se cruzam
Ezio Flavio Bazzo
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
A língua solta do governador Requião, a cólera dos homossexuais e o manifesto desesperado das mulheres...
Segundo o Governador, "essa história de câncer de mama em homens deve ser o resultado das passeatas gays".
Independentemente das reuniões extraordinárias que essa frase vem causando nas Ongs, Associações e guetos homossexuais, ela tem trazido a tona uma consciência e uma angústia feminina cada vez mais frequente, mas poucas vezes manifesta: a de estarem "perdendo os homens para outros homens" e ficando amorosamente em segundo plano diante da vertiginosa homossexualização masculina do mundo.
Segundo minhas fontes, elas estariam se organizando para, nas próximas Paradas Gays, em cultos religiosos, em portas de fábricas, estádios de futebol, reuniões de feministas, filas de cinema etc, comparecerem em massa, vestindo camisetas com esta frase, escatológica e desesperada, de alerta: Nós também temos cu. (Fato que nos faria admitir que os Adventistas do Sétimo Dia estão certos: o fim dos tempos não está muito distante!).
Ezio Flavio Bazzo
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Um bairro para novos ricos edificado sobre um "Santuário de pajés"
Ezio Flavio Bazzo
sábado, 24 de outubro de 2009
Mendigos: Párias ou heróis da cultura? II. (Reedição de livro, p. 45)
“Race de Cain, ao ciel monte et sur la terre jette dieu!”[1]
Mas como todo verso é vão e toda poesia é narcisismo condensado e inútil, fica tudo por isso mesmo e tudo como está.[2]
Cheiro de querozene, piolhos e pele descamada. Trazendo um Caim, um Drácula e um Frankenstein sepultados dentro de si a escória vem marchando da escravidão do latifundio para as vilas e para as cidades em busca de restos de comida, de uma bala perdida ou de um Serial Killer. Gira em aspiral ao redor de si mesma, dos muros citadinos e pelas cercanias das magestosas catedrais e de seus campanários farejando um esconderijo onde cuspir, vomitar e cagar sua exclusão, sua lepra, sua esquistossomose e principalmente sua feiúra que nada neste mundo dissipará. Tudo infinitamente mais grave do que a velha e sectária idéia de luta de classes. Descobre as marquises e os fundos de terrenos baldios e se resigna sob o estigma da escória cainesca, da maldição metafísica transmutada em maldição social. Com a tatuagem de uma víbora na garganta é a autêntica obra divina arrastando as tripas de lá para cá enquanto, com olhar súplice, roe sua culpa e soleniza sua longevidade. Réplica e clone de tudo o que é abominável, de tanta miséria, penúria e escassez, não tem competência nem forças para, como sugere Baudelaire, pelo menos subir aos céus e enxotar de lá o Criador. A cada anoitecer se amontoa como pode a espera de que alguém da janela vizinha lhe aponte uma espingarda ou que alguma estrela vagabunda despenque sobre seu crânio e coloque um fim ao seu flagelo e ao seu único crime, o de haver resistido aos nove meses uterinos e o de haver nascido.
Mantendo a distancia conveniente, observo o traste que com seus olhinhos esverdeados de coruja descansa numa escada do jardim e apodrece – como diz Derrida – entregue à voracidade roedora, ruminante e silenciosa do animal-máquina com a sua lógica implacável.[3] De tempos em tempos beija uma cruz que leva amarrada ao pulso e resmunga uma oração breve, de apenas uma ou duas frases. De onde advém essa paixão humana pela ficção? Pobre diabo, não teve ainda a capacidade de compreender que um deus que coloca uma doença no corpo de um crente – parafraseando a Bret Harte – certamente não se comoverá com suplicas e com orações. A barba, os cabelos, as sobrancelhas e os pêlos que emergem de suas narinas e de seus ouvidos parecem ter a função de ocultar um teorema ou a tal “marca de Caim” que está em todas as partes desse corpo condenado, como um sifão, à precariedade.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
[1] Ver Abel e Caim, em Flores do Mal.
[2] Dizem que nos raros e nauseabundos soirèes poéticos onde Rimbaud marcava presença, sempre que alguém acabava de recitar um poema saia de sua boca o mesmo resmundo: merde!
[3] J.Derrida em O animal que logo sou, editora Unesp, p.73, SP, 2002.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
MENDIGOS: Párias ou heróis da cultura? (Reedição de livro)
"Com aquilo que lhe serve para mijar os homens criam seus semelhantes."
Apesar da demagogia político social e da caridade vigente, da década de oitenta para cá, além de uma disneylandização do mundo, não aconteceu praticamente nada de novo no universo da mendicância e da vadiagem.Os discípulos da frugalidade continuam por aí, do Butão ao Chile, com suas lamparinas sob as árvores, com suas tralhas junto aos muros dos templos ou em plena alucinação nos semáforos, na mais autentica danação, muito além do paraíso e do inferno, cada dia com mais consciência de que o inimigo principal sempre foi e é o nosso imaginário.
Brasília, 16 de outubro de 2009
Ezio Flavio Bazzo
1. A semana passada foram acusados em Brasília de tocarem fogo na igrejinha da 307/308 sul, uma relíquia para os beatos e burocratas da quadra, uma das poucas que além dos mosaicos do Athos Bulcão, já teve em seu interior uma pintura do Alfredo Volpi. Passei por lá logo depois dos bombeiros, e os mosaicos ainda estavam chamuscados. Sete ou oito “filhos de Caim” se esparramavam arrogantes pelas escadarias e pelos arredores como cães em volta de uma cadela em cio. Sabem esperar, a experiência lhes ensinou que sempre haverá algum tipo de gratificação ou de luxúria, mesmo no interior de uma calúnia. Uma lambida, uma dentada, mas depois o completo ato copulatório. Uma moradora das mais tradicionais veio confidenciar-me que aquela gente, além de não crer em Deus, cagava por todos os lados. Que aqueles miseráveis se beijam depois de embriagados, que usam facas por debaixo dos farrapos e que até fazem sexo junto às paredes daquele patrimônio da humanidade, um sacrilégio não apenas contra Juscelino, mas contra Nossa Senhora de Fátima, a padroeira da igreja.
2. Recentemente, uns hindus fanáticos deram uma surra num pregador cristão que tentava converter um grupo de mendigos. Nesse mesmo país das crendices, durante os eclipses, muita gente sai de casa em busca de mendigos para oferecer-lhes alguma coisa, umas rúpias, um pão ou até mesmo uma ducha. Sabe-se que por lá não são poucos os que dão um jeito de amputar-se um braço ou uma perna para terem mais sucesso como mendigos.
4. Já relatei em algum lugar, que em Tanger, no Marrocos, encontrei um mendigo lendo o Corão junto ao mar. De vez em quando tirava os olhos da Quinta Surata para lançá-los misticamente por sobre as ondas na direção do território espanhol. Naquela mesma cidade, numa feira de legumes, outro mendigo lia um dos mais importantes escritores do país, que agora não lembro o nome. Encontrei mendigos poetas e poetas mendigos por todos os lados do planeta. Até mendigos que já haviam sido livreiros ou bibliotecários e que levavam no meio de suas porcarias um pedaço de lápis e uma caderneta para anotar suas inspirações. Parece que não gostam de ler lamentos e maldições de outros desgraçados como eles, preferem os poetas românticos, cultos e ricos, toleram os acadêmicos, mas odeiam poetas diplomatas e funcionários públicos. Para eles a diplomacia e o serviço público são desprezíveis e os poetas que surgem naquele meio (com tanta freqüência) são sempre uns farsantes. Acredito que se entediariam lendo Fome – de Knut Hansum – ou as histórias de vagabundos de Jack London.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Tornados, vendavais, tempestades, ventanias: apenas uma resposta à infâmia
Ezio Flavio Bazzo
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
You Stupid People! An Open Manifesto to Human Stupidity
By evoking fragments of the works of Nietzche, Cioran, Tzara, Malatesta, Marinetti and, also of Tostoi, Ibsen, Dostoievski, Thoreau, Cocteau and Canetti, a voice, with impetuousness and firmness, mockery and emotion, elegance and carelessness, rage and tenderness, Bazzo makes a warning against the fallacies that we all pursue and the intensity that we do not manage to have in our lives.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Sou um demônio! Sempre fui um demônio!!!
Quando tenho algum tempo livre gosto de dar uma revisada nas conferências de Rajneesh, aquele charlatão indiano, tão lúcido que, em pouquissimo tempo fez muito mais sucesso que Cristo. Dizia:
-A música é bela, mas você tem de cessá-la. Maomé não gostava de música, porque a própria beleza da música pode manter alguém enraizado.
-Não tente me enganar. Eu próprio sou um enganador tão grande... você não pode me enganar.
-Não sou democrata. Sou ditador; é por isso que tantos alemães vêm a mim. Na verdade, eles vêm porque não conseguem encontrar ninguém na Alemanha. É por isso que eles vêm a mim. Sou um ditador com uma diferença: um ditador com o coração de democrata.
-Não seja covarde, esse é o único obstáculo para conhecer a verdade. É necessário ousar para conhecer; é preciso entrar no perigo.
-A vida é simplesmente uma canção que não tem sentido.
-Estar perto da beleza é estar perto da morte.
-E eu não sou um pregador. Pregar é sujo. Eu sou um amante.
-O idiota é duro, muito duro. É impossível que qualquer coisa penetre na cabeça de um idiota. A cabeça de um idiota está coberta com aço, nada pode penetrar nela.
-Sou um fim... Fim no sentido de que depois de mim não pode haver nenhum cristianismo, judaísmo, hinduismo, maometismo. Depois de mim não há possibilidade de nenhuma ideologia.
-Sou um trapaceiro. Você não pode me trapacear. Eu trapaceei tantos trapaceiros!
-Se houver um Deus, e eu tiver de encará-lo, Ele terá de me responder, e não eu responder a Ele.
-Eu não ensino outra coisa a não ser o destemor.
-A vida não é nada mais do que vinho e, em tais alturas, eu sei que sou um beberrão. Conheço as alturas supremas do Ser e nada pode ser mais alto que isso, eu sei.
-Sou um demônio! Sempre fui um demônio!
Ezio Flavio Bazzo