Um dos mais admirados heróis de minha adolescência foi nada mais nada menos que o velho Charles Darwin. Claro que não por suas teorias a respeito da Origem e da Evolução das Espécies, (não sabia nada disso naquela época) mas por seu privilégio de vagabundear pelos mares a bordo do Beagle, de dar a volta ao mundo, olhando, cheirando, meditando, comparando, refletindo, anotando detalhes desde o bico de um papagaio até do rabo de uma tartaruga. Passou pelo Brasil lá por 1832 (vinte e sete anos antes da publicação do livro que viria revolucionar os conceitos científicos e religiosos a respeito do homem) e seu fascínio por nossos mares, nossas plantas e nossos animais foi completamente oposto ao sentimento que teve com relação aos nossos habitantes. Apesar de sua pátria à época, também ser um ninho de piratas e de larápios, mesmo assim ficou horrorizado com a bandidagem "moral" e "ética", com a hipocrisia e com a incompletez civilizatória que encontrou por estas bandas o que, aliás, - aqui entre nós - continua intacta. A Bahia, o Rio de Janeiro, o Paraná e outros Estados por onde circulou lhe deram a impressão de ser algo como uma ágape entre gatunos e até mesmo algo como um ateliê de safadezas e de malandragens. Está registrado lá no seu Diário do Beagle: aqui, "qualquer que seja o crime, ocriminoso que tenha dinheiro, em pouco tempo estará livre". Todos somos testemunhas da veracidade de sua sentença. Ou não?
Ezio Flavio Bazzo
Ezio Flavio Bazzo
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