E... na terça-feira de carnaval...

"CABEÇA ÔCA - Quanto mais ôca, mais empenhada em se esvaziar..."

Montesquieu

No rastro da folia carnavalesca, além do ribombar patético e ridículo dos tambores e de uma aura de quase melancolia, ficou esse personagem aí, abandonado e dependurado numa árvore. Símbolo inquestionável do futuro recruta, eleitor, trombadinha, pagador de dízimo, de promessas e de impostos. Quem o teria esquecido?

E por falar em impostos, o governo daqui deu um exemplo de empatia e de paternalismo para com a festança. Além de isentar os carnavalescos das passagens de ônibus e de metrô durante os 4 dias, e de colocar um verdadeiro batalhão de policia a disposição das colombinas e dos arlequins, lembrou insistentemente a turma de beber bastante água e, do mais importante: não esquecer da camisa de vênus. Só faltou lembrar que ali na rua das farmácias, com um pouco de sorte, se pode comprar uma cartela de Viagra pelo preço de uma garrafa de vinho... E, já, para as mocinhas e os mocinhos de família, que podem comprar, até nas tabacarias, uma infinidade de sex toys... Que tal? E depois dizem que somos uma sociedade repressiva e sexualmente reacionária do Terceiro Mundo. Ora! Pelo menos no blá blá blá e nas bravatas, duvido que se tenha visto algo parecido, seja lá nos carnavais de Veneza, nos da Dinamarca e até mesmo lá nos de Sodoma e Gomorra... 

Na camisa de um folião, a pergunta teológica: Por que Deus criou as moscas? Um velhinho fantasiado de pirata, mais progesterona do que testosterona, e num estado agudo de embriaguês, que também ficou para trás, seguia cantarolando: Ah! Aurora... Se você fosse sincera... oh...oh...oh... Aurora...

Mas, tudo numa boa.., y sin perder la ternura jamás...