AINDA ESTOU AQUI...

"Quem foi Darwin?

Resposta: O homem que caluniou o macaco..." P

Mesmo sabendo que eu considero o cinema, os irmãos Lumiére, com seu cinematógrafo, e o tal ÓSCAR, uma das maiores trapaças dos últimos séculos, minha correspondente, no meio  da expectativa patriótica/ginasiana pela premiação do filme do Valter Sales, ligou-me três vezes, de madrugada insistindo para que eu visse o filme mexicano ROMA, do diretor Alfonso Cuarón. Ela via nele - na essência desse filme que transcorre na Cidade do México, no bairro burguês Roma, durante a ditadura militar mexicana, e logo depois do massacre de estudantes de 68, em Tlatelolco -, uma semelhança imensa com o Ainda estou aqui.. E quando eu tentava dizer-lhe que todos os filmes sobre ditaduras e verdugos parecem plágios um dos outros, e voltar para baixo das cobertas, ela, para defender sua tese, passava a citar os velhos e conhecidos truques e formulas ilusionistas do Eisenstein. E insistia: o desaparecimento do patriarca; a luta de classes; as neuroses e os horrores da classe média; as perversões dos ditadores e do Estado; a luta para criar os 4 filhos; o cachorro; a repressão policial; a casa; os enfeites de Natal em um e os enfeites de Ano novo no outro; as tomadas de rua; a praia; a música; as pequenas 'felicidades familiares', a visibilidade da empregada doméstica; a mudança; a exaltação da luta e da força feminina, o foco sutil na atuação da mulher + ou - caquética e até os carros e fuscas, segundo ela, são os mesmos. E mais: o tal Alfonso Cuarón, com seu filme, faturou o ÓSCAR de melhor direção, de melhor fotografia e de melhor filme internacional em 2019. Além disso, ganhou o Globo de Ouro; o BAFTA, o Critics choises Awards e outras bobagens anuais inventadas pelas elites para aplacar o tédio próprio e, por tabela, o da classe média semi-alfabetizada...

Meu único argumento, no meio de bocejos e de coceiras, foi que o filme de Alfonso Cuarón custou (segundo ele), 15 milhões, enquanto o do Valter Sales (segundo ele) apenas 1 milhão e meio de dólares...

Ela desligou quando uma bandinha passou lá por debaixo de sua varanda, com uma mulher fantasiada de Orfeu Negro, cantando: Manhã de carnaval....