Um de meus correspondentes acaba de comunicar-me que esse meu livro Manifesto aberto à estupidez humana, escrito no Brasil em 1978 e publicado por primeira vez nos subúrbios de la Ciudad de Méjico, em 1979, acaba de ser interditado na Penitenciária local. Estava entre aquelas caixas de livros que normalmente as viúvas da pequena burguesia doam para instituições tipo asilos, presídios, conventos, hospícios e etc.
Foi descartado por engano, ou os censores de plantão entenderam que algo nele seria iatrogênico para os condenados e não permitiram que fosse incorporado ao acervo e à biblioteca da prisão? Patético!
Tudo bem... Depois do incêndio da Biblioteca da Alexandria e das fogueiras do III Reich aconteceram centenas de outras, e de outras tantas até bem mais graves, pelo mundo... E, na verdade, não aconteceu nada! 141 páginas! Um livreto a mais ou a menos não alterará em nada a desgraça dos condenados e nem o circo promíscuo e cretino que é o mundo... Não é verdade? Curiosamente, suas primeiras páginas foram "concebidas" naqueles dias em que estive entre os maxacalis e os bororos... Tempo em que a estupidez do mundo já desabava sadicamente sobre aqueles pobres e miseráveis indígenas... e em que os genocídios futuros já se anunciavam...
Sem nenhum tipo de frescura, ou de narcisismo, senti-me quase chateado com essa censura...
Quem teria sido o censor? E qual teria sido a razão? Que frase ou que palavra contida naquelas 141 páginas lhe pareceu ser danosa e prejudicial aos 700 mil presidiários? Ou a seus carcereiros? Ou teria sido a imagem da capa? Ou a epígrafe de Cioran que está lá na quinta página: "Patibulos, calabouços e masmorras prosperam sempre à sombra de uma f'é, dessa necessidade de acreditar em algo que infestou o espírito para sempre..." ? Teriam consultado os astros? Ou teria sido esta ilustração da página 9?
Inacreditável!
E logo esse, que se comparado aos meus outros títulos é praticamente uma oração, um canto quase beato de exaltação à vida, ao gozo e, em especial à liberdade da espécie...
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