Nestes meses intermináveis de confinamento, poder ler os jornais do planeta inteiro pela manhã é uma maravilha. Nunca antes, se teve uma visão mais rápida, concreta e real sobre as loucuras da espécie e sobre o inferno que é o mundo. Como dizia o historiador Rétif de la Bretonne: "confesso que este brilhante bazar de vaidades e de misérias humanas me atrai, sobretudo pelos preciosos divertimentos que proporcionou à minha carne e a meu espírito".
Hoje, por exemplo, (acabo de ler) que uma mulher que está em lockdown e passando por dificuldades econômicas lá em Araraquara, teve que comer seu gato de estimação... Quer loucura maior do que esta? (...) e que ali no interior de Goiás, um médico ortopedista esfregou o pênis nas costas de uma paciente. Atenção: 'Esfregou', é o jornal, que diz. Quem tem um pênis sabe que neste contexto, o verbo esfregar da até arrepios. A noticia também diz que o médico esfregou o tal pênis nas 'costas da paciente' (ora, ou a diferença de altura entre médico-paciente era imensa ou o/a repórter deve ter preferido falar costas para não ter que falar bunda. Ou esta seria uma tara especial do ortopedista?), e também ao referir-se ao pobre pênis a matéria prefere colocá-lo no feminino e diz 'a genital'.
"De acordo com a polícia, o médico estava realizando um exame médico na paciente quando pediu para a mulher ficar em pé e virar de costas para ele. O médico então disse para que ela levasse as duas mãos para trás e colocou o pênis ereto fora da calça e o esfregou nas costas da mulher. No momento, a vítima se virou novamente, viu a genital do médico e começou a gritar" (CB).
Enquanto procuro em minha estante uma antiga e valiosa crítica ao velho Hipócrates, fico tentando lembrar se no mundo da ortopedia (ou nos manuais do M. de Sade) existe alguma terapêutica que recomenda essa bizarra esfregação...
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