Apesar do chapéu e de ser professor, possivelmente o adversário da filha do Fujimori vencerá hoje as eleições no Peru.
Apesar da vizinhança, os brasileiros não têm mais do que duas ou três informações sobre aquele país. Sabem alguma coisa dos Incas; de Machu-Pichu; do restaurante Astrid y Gastón e do Ismael Gusman, aquele guerrilheiro do Sendeiro Luminoso que o pai da candidata prendeu nos anos 90 e que o exibiu sem piedade ao mundo dentro de uma jaula.
Mas existe um outro personagem importante daquele país: o poeta e dramaturgo Cesar Vallejo. Um louco que saiu do Peru para ir viver e morrer na penúria em Paris. Quase todo mundo já leu sua peça: La piedra cansada. Quem visita o Cemitério de Montparnasse, lá na capital francesa, vai deparar-se quase que automaticamente com sua tumba. Sobre a lápide, uma inscrição bem latino-americana: en el dia en que yo nasci dios estuvo enfermo...
Havia, nas laterais do granito, dois vasos com Narcisos recém plantados, plantas que, segundo os floristas lá da entrada, simbolizavam o entorpecimento da morte, de uma morte que todo mundo quer se iludir de que é apenas uma outra e efêmera espécie de sono...
Na tarde em que fiz a foto, estava lá, nos arredores, uma delegação de poetisas peruanas. Pareciam freiras. Uma delas até dizia ser sobrinha do famoso trotskista Hugo Blanco Galdos. Cochichavam em quetchua e pareciam horrorizadas com a dureza do epitáfio mas, assim mesmo, seguiam fazendo elegias e lamentos à breve existência do compatriota morto...
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