quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Dostoiévski, a Roda da fortuna e as bets... Até os mendigos estão falando nos tais vícios e perigos das apostas...



JOGO DE SALÃO: A imoralidade do 'bo ton', 

o triunfo dos imbecis..."

Boitards




Depois das investidas e aventuras dos ministros pelos subterrâneos da genitalidade; depois que todo mundo já entendeu o que quer dizer Me too; depois das sessões de hipnose entre o Marçal e uma meia dúzia de outros vivaldinos e pretendentes aos cofres da Prefeitura de São Paulo; depois das labaredas que se espalham até pelos biomas mais idílicos da pátria, agora, na pauta dos representantes do povo e da mídia, está a questão das bets. Bets? 

Que merda é essa?  

Ah, é uma palavra que, na língua dos colonizadores, quer dizer apostas. Os moralistas de plantão, tanto os que usam arreios como os laicos, dizem estar preocupados com a legalização dos jogos, com o vício dos apostadores e com o futuro da sagrada família.. Ah! os malditos jogos! A roleta! Ah! O baralho cigano! As cartas de Madame Lenormand! La Buena dicha! A roda da fortuna! O jogo do bicho! A corrida de cavalos! As loterias! Ah! o murmúrio das velhinhas resmungando: Bingo!!! Isso pode se transformar num vício até pior do que a dependência ao Crack ou ao açúcar! Insistem os cretinos. 

E apostar, - isso a igreja já vem alertando seus apriscos há séculos - 'é coisa de Satanás'... Satanás, como a turma da Terceira Idade, adora uma noitada clandestina de pôquer, aquele barulho das fichas... e fica inebriada ao redor de uma mesa de Canastra... (remédio seguro para o tédio e para a insônia...)

Que mal há nisso? Apenas UM:

O de aceitar deliberada e voluntariamente, pagar mais um imposto a um Estado perdulário e que é réplica monárquica.

Ah! Resmungava o Mendigo K: Pensem naqueles tempos das noitadas do cassino da Urca... de Ipacaray... ou do Panamá! Nas 'noites brancas' de San Petersburgo!  Las Vegas... Nos sussurros e cochichos das cortesãs, - com seus preços e suas almas de cadelas - misturados às madrugadas e às enxurradas dos caça níqueis. Os truques. A bandidagem. Os donos dos latifúndios. Os cobradores de aluguéis e as máfias urbanas. As moedas envenenadas, o pó, as bebidas falsificadas, .... os passaportes clonados. E atrás do veludo verde da mesa e do croupier, (em seu black-tie) o imenso e indiferente crucifixo de ferro cromado, com um palestino de braços abertos e sangrando...

Pensem naquele russo despirocado que chegou até a apostar sua própria mulher numa rodada de Dourak... Como se chamava, mesmo? Fiódor Dostoiévski. Autor de Noites brancas. [O meu coração batia como o de uma ave presa!] escreveu na página 19.







segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Do incêndio de Roma, Nero acusava os cristãos... Do incêndio da Biblioteca da Alexandria também os cristãos foram acusados... Que bizarro! Quem estaria tocando fogo no Brasil?





"...O hipocondríaco morreu de fresco ar montesino, de cantos de cotovia, de perfume de rosas..." 

Grün




Como aquela pomba das anedotas bíblicas que voltou à Arca de Noé, para comunicar a aquele velho carpinteiro que a vingança celeste estava se aplacando e que as águas estavam baixando, hoje pela manhã, lá pelas 6:00 horas, um carcará pousou na janela de meu quarto com um ramo de jatobá chamuscado no bico. Deixou-o delicadamente sobre o parapeito da janela, olhou-me ameaçadora e fixamente com aqueles olhos de rapina, deu meia volta sobre si mesmo e com um movimento impressionante de suas potentes e invejáveis asas, desapareceu.

Cheirei e examinei aquele pedaço de jatobá queimado... Realmente, pelos lados das piscinas da Água Mineral (piscinas que atraíram para cá, nos tempos da construção da cidade, hippies, vagabundos, hidroterapeutas, esotéricos, naturistas, astrólogos, jogadores de Tarô, psicanalistas, ciganos, burocratas, pistoleiras, discípulos de Rajneesh, de Gurdief, de George Oshawa, de Helena Blavatski, de Lecorbusier, de Clarisse Linspector e etc, etc,) podia se ver um imenso cogumelo cinza que, (guardando as devidas proporções), lembrava aquele causado pelas bombas que os norte-americanos lançaram, primeiro sobre Hiroshima e em seguida sobre Nagasaki. E a mídia, também excitada, turbinava o inconsciente satânico e a hipocondria popular, mostrando o linguajar das labaredas avançando implacavelmente pelas raízes e cupinzeiros, de um lado para outro, dos buritis aos babaçus, sem nenhuma lógica, e até em direção a uma moradia em que os monarcas republicanos, com suas amantes despirocadas, costumam passar feriados em dias de Bonanza e de tardes primaveris...

Não dá para negar: o espetáculo do fogo é mágico e místico. Entre os ciganos, por exemplo, só é permitido que acendam fogueiras aqueles membros mais iniciados e sábios... E perguntem sobre essa mística e sobre esse tabu, também aos nossos indígenas, eles que durante séculos vagavam pelas florestas, numa solidão do caralho, com um tição fumegante como custódia contra os assombros da mata... Sim, a chama, entre todos os povos e rebanhos humanos sempre simbolizou a vida humana, a suposta, efêmera e luminosa alma. E foram os colonizadores portugueses (aqueles inveterados comedores de sardinhas) que trouxeram para cá, além das velas, os provérbios: "quem brinca com fogo, urina na cama'; quem cospe no fogo fica tísico; quem queima couro fica pobre; quem queima os cabelos fica doido; quem urina no fogo, morre de moléstia nos rins ou na bexiga, etc, etc.

É evidente que os piromaniacos (que a polícia anda procurando) são todos religiosos fanáticos, mais ou menos como aqueles que incendiaram a Biblioteca da Alexandria em 48 a.C e os que tocaram fogo em Roma (em 64 d.C).

E depois, no meio desse exagerado frenesi, é importante lembrar também da existência da famosa luta de classes. E de que, ainda antes de Marx e de Bakunin, entre as fantasias mais frequentes nos projetos dos fodidos e dos excluídos da terra, estava a de, um belo dia, poderem atormentar a burguesia colocando fogo no mundo...

Ao invés de ficar todo mundo cacarejando desgraças, andando com um tubo de oxigênio às costas, esperneando, queimando incenso  aos bombeiros e se preparando para o juízo final, seria melhor que se perguntasse ao judiciário, depois de já ter banido o X, quando é que se incluirá as caixas de fósforos, os cachimbos e os isqueiros entre as armas revolucionárias de maior letalidade?

Eu, confesso que não me deixo abalar demasiado por essas fogueiras destruindo o cerrado. Como já assisti outras, de mesmo porte, e sei que depois da primeira chuva, brotarão ali no meio das cinzas e dos esqueletos de animais, umas florzinhas misteriosas e estupendas, esperarei com ansiedade o dia em que poderei estar lá, com minha câmera...









Datena e Marçal...O primeiro quebra uma cadeira nas costelas do segundo...É o De Bate Democrático da TV CULTURA, na disputa pela cadeira bilionária de São Paulo...Tudo bem, mas.., e ninguém fala das espumas murmurantes do Rio Tietê?)



 A POLÍTICA?... 

"Um porco degolado;

 fanfarrões que assistem ao fato e outros que lhe lambem o sangue..."

(Capus)

























sexta-feira, 13 de setembro de 2024

As calcinhas de antigamente. Um desafio para as fantasias e para a ereção...


"A atriz é um animal geralmente agradável de ver e ouvir; sempre malcriado, pervertido primeiro pela miséria, depois pelo luxo. Além disso, a atriz vive bastante ocupada, o que a torna bem pouco romântica. Por assim dizer, uma porteira transformada em princesa, que alia os rancores da portaria aos caprichos da alcova e às fadigas do estudo..."

(Anatole France)



Com toda razão, os fetichistas de plantão ainda estão abalados com a recente e incomoda descoberta dos arqueólogos austríacos lá da Universidade de Innsbruck: essa calcinha aí, de uso da nobreza, no século XV. 

Como foi descoberta no castelo de Lengberg, no mínimo, teria sido de uso de uma 'princesa' ou, quem sabe, de uma abastada balzaquiana... Imaginem então, como deviam ser as calcinhas usadas pelas moças da plebe! Como ainda não existia o pretinho básico da Gabrielle Chanel e nem o Viagra, a ereção, naqueles tempos, não devia ser algo para amadores e nem tão fácil...

E, o mais curioso, tratando-se da Austria, é saber que Beethoven (já completamente surdo), compôs por lá sua NONA SINFONIA; que foi lá que Freud atendeu suas primeiras histéricas; onde Hitler, teve seus primeiros delírios de construir um TERCEIRO REICH... e onde nasceu Maria Antonieta, a rainha da França, aquela que além de se negar a usar o clássico espartilho de barbatana de baleia (tradição da corte), dedicou praticamente toda sua vida a revolucionar o guarda-roupa de Versalhes... uma das razões, inclusive, que a levaram para a guilhotina... 

O Mendigo K., me interroga: Será que a memória dessa peça não estaria na origem e na gênese de tudo? Tanto da obsessão de Maria Antonieta pela moda, como na construção da Nona Sinfonia, como na teoria da "fobia de un niño de cinco años", e até mesmo nos alicerces da megalomania do fuherer?

Bobagens!

Hoje é sexta-feira 13!








 




FULIGEM E MITOLOGIA! A culpa é do traficante Prometeu, foi ele que roubou o fogo dos deuses... E, com todas essas fogueiras, como não lembrar da bailarina Luz del Fuego???

 

      Esse aí foi o cara que roubou o fogo dos deuses e o contrabandeou para os homens... 
Como castigo, foi amarrado num rochedo onde uma ave de rapina aparecia todos os dias para comer-lhe o fígado.... 




























 

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Enquanto o Lula cria outra Comissão de aspones para apagar os incêndios... ali na Bolívia, as mulheres, no meio da fumaça, pedem a Deus para que faça cair chuva sobre os penhascos dos Andes...




"... Na igreja, as mulheres têm todas o ar de 
quem reza 'contra' alguém..."

Mme. de Girardin




Enquanto Lula tenta inventar uma "Nova Autoridade climática" para reverter as labaredas e disfarçar o desastre ecológico, na Bolivia, centenas de mulheres quechuas e aymaras sobem o altiplano (aquele Tibete latino-americano) com seus lamentos e suas bíblias desfraldadas para implorar a Deus que faça chover... A qual Deus estariam se dirigindo? Ao Deus que herdaram dos piratas espanhóis? A Pachamama? Ao deus da Motoserra ou ao deus dos pesticidas?

¡Señor! Haz que llueva sobre esta tierra devastada y pisoteada por nuestra imbecilidad...

- ¡Pacha mama! Parata otaq llipyatapas kachamuwayku llakikuyniyku sayachinaykupaq...

Bobagem! 

Agora é tarde! 

A única coisa que ainda se pode fazer, com ajuda ou sem ajuda, tanto dos aspones da Nova Autoridade Climática do governo, como de Deus, é recolher as cinzas e, mesmo assim, com muito cuidado, para não pisar nas brasas e nos ossos envenenados dos animais mortos... 

É evidente que a espécie vem, há milênios, descaradamente, fazendo de tudo para extinguir-se. Até agora sem muito sucesso, mas.., paciência..., Godot haverá de chegar! E com ele, sérias esperanças para a pauta do porvir...

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EM TEMPO: 

O Mendigo K, que estava por lá, diz ter ouvido uma voz sensual que saia do meio dos despenhadeiros (voz que devia ser da Pacha mama), e que se dirigia às rezadeiras: Parem com essa baboseira de subalternos! Toda reza é uma tentativa de suborno, de aliciamento e de corrupção! E eu sei - dizia Pacha Mama, cheia de desprezo - que amanhã, depois da primeira chuva, vocês, sob o pretexto pentecostal e canalha da prosperidade, voltarão a contaminar os rios, a tocar fogo nas árvores e a cagar às margens do Lago Titicaca...









 



O debate entre Trump e Kamala... e a confusão de significados...

 


 "El museo del poder en que se ha convertido 

América para el mundo entero..." 

(J. Baudrillard, IN; América, p. 43)


As quase duas horas foram de uma chatice anunciada. A trama fictícia e interminável de uma democracia idealizada e o mesmo lero-lero insano de todas as repúblicas. O Marçal, por lá, teria feito sucesso.

O que me pareceu mais curioso foi, de parte do Trump, ter acusado a Kamala de ser Marxista, (quando o mundo inteiro não para de acusá-la de ser a emissária da mentalidade imperialista e colonialista de seu partido...)

Por outro lado, por parte da Kamala, o mais inacreditável, foi ela, com expressões + ou - de Madre Tereza, ter descaradamente, prometido que se eleita, fará tudo para manter os Estados Unidos na condição de país mais letal do mundo. (como se a letalidade fosse uma virtude Gandhi/luterana).

Enfim, mesmo para os menos exigentes, foi um show de patriotadas e de mesmices, e  sempre sob a lógica de que é melhor reinar no inferno do que servir no paraíso! As expressões faciais do Trump, durante o debate, me remetiam às teorias de Lombroso. Já, nas da Kamala eu, paradoxalmente, identificava algo meio jamaicano e meio indiano que me causava uma certa nostalgia impregnada de prazer... (de um prazer satânico, é verdade!)