sábado, 2 de março de 2024

O PIB, o mito do crescimento econômico e o repelente de mosquitos...


"Para reconstruir o mundo necessita-se de menos 
arquitetos e mais serventes de pedreiro..."
(The Silpstreem)


De cinco de cinco anos, quando acontece a troca (pelo menos parcialmente) do bando que administra as chaves do cofre estatal, começam a aparecer, - naquelas TVs e naqueles jornais mais malandrins -  esse tipo de manchetes. Tudo vai às Mil Maravilhas! A inflação está sob controle! As labaredas na Amazônia e no Pantanal desapareceram; haverá mais verbas para a educação; os ambulatórios, que estavam transformados em ninhos de ratos estão sendo reformados e o salário dos enfermeiros, dosmédicos e dos psicólogos já podem equiparar-se aos dos porteiros e dos ascensoristas do Senado; as estradas, por onde já não passavam mais nem carroças, estão ficando como um tapete persa e iguais às do Japão; e os 300 mil presidiários presos sem julgamento, passarão por uma nova 'audiência de custódia'; as seitas, os templos, os padres e os pastores passarão a pagar impostos e o Estado, finalmente, como previa a Revolução Francesa, será laico. Sim, e os rios, que estavam morrendo, estão sendo recuperados (e, acredite-se, pelos próprios latifundiários que os estavam envenenando); os índios, que morriam como moscas, de fome e de tédio, intoxicados pelo mercúrio, já estão novamente fortes, vigorosos, ganhando músculos, adestrados, cristianizados e usando arcos e flechas como nos tempos da chegada de Cabral; os milhares de moradores de rua, já estão felizes em suas casinhas de 3 metros quadrados; a turma da Cracolândia, mudou-se para outra rua, bem mais discreta, e está cheirando uma cocaína bem mais refinada; e já há até um projeto para baixar as espumas do rio Tietê e sanar os esgotos a céu aberto, país a fora; e os adolescentes que concluem o segundo grau, já conseguem dividir 9 por 3, entender e interpretar uma página da bíblia e um parágrafo do Paulo Coelho; os jornalistas já podem omitir opiniões próprias, sem serem chutados para o olho da rua e os agricultores já diminuíram a quantidade mortal de pesticidas usadas para aumentar a produção de tomates, morangos e pimentões. Agora, quem quiser comer um pimentão recheado, (sem, três horas depois, ter que ser internado numa UTI), não precisa mais viajar para a Cidade do México... 

E se os bilhões das Emendas Parlamentares continuam sendo enviados para os camaradas e cupinchas (país a fora), sem exigência alguma de prestação de contas, é porque se sabe que somos todos católicos e evangélicos acima de qualquer suspeita... Não é uma maravilha? 

Graças a deus e à Santa Edvirgem, tudo vai bem, muito bem! Vamos celebrar! 

Curiosamente, os negócios que mais prosperaram na última década, foram os Sex-shops e os PETS. O que diria disso, a astrologia econômica?

Sim, mas, o problema, (me lembra a velhinha armênia), é que em plena epidemia de dengue, não há repelente nas farmácias. Motivo: a matéria prima para o produto é importada! Ora! E o que estão fazendo os tais empresários da desoneração? Um país tropical depender do exterior para produzir umas gotinhas de repelente de mosquitos é, além de brochante, uma economia de vira-latas...

E, atenção, mon semblable et mon frère: quando se fala em celebração, naturalmente, não se está pensando em passar uma semana em Pirenópolis, em Campos de Jordão ou na Bahia, comendo um acarajé e tomando umas cachaças... se pensa logo em Paris, na Via Veneto, na Praça Navona e arredores... Ah! Una notte a Napoli! não é verdade?

Vamos festejar! Olhem o PIB! PIB? Seria uma senha? Ou as iniciais de um palavrão?


 







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