O dia das mães, o vibrador e a sugestão angelical...

"A maioria dos homens emprega a primeira parte da sua vida em tornar miserável a segunda..."(La Bruyère)

Nas vésperas do "dia das mães", dia em que os comerciantes decoram suas vitrines com corações de plástico, apostam todas as fichas no "amor" filial e no faturamento, inventam descontos, promoções e frases.., a discussão que está no auge por aqui é a respeito da recomendação de uma influenciadora de mídia para que, neste dia, os filhos presenteiem suas mães com um vibrador. Vibrador mesmo, daqueles que se compra nos Sex-Shop, movidos à pilhas ou à energia solar, de vários tamanhos, potência e cores... Atenção: ela disse: VIBRADOR, não confundir com liquidificador, aspirador, batedor (de ovos), secador ou outro desses instrumentos miseráveis que se lhes costuma dar nesta data...

Pela sugestão ter vindo de uma mulher jovem, e ainda conhecida por Angélica, o mundo ameaça desabar. Os filhos estão em pânico como se tivessem descoberto, apenas ontem, que suas senhoras mães, independente da idade, do teatro de santidade e do status quo, também têm um clitóris, também já subiram pelas paredes, já estrebucharam sob as patas de um ou mais brutamontes e que, além das panelas, do tanque, do varal e da prole, também anseiam por seguir gozando... 

Essa estupefação moralista e cretina dos "varões", exemplifica bem o quanto se vive setenta ou oitenta anos no mundo da lua, embriagados por cegueiras e negações doentias... E o quanto os filhos ainda pensam de suas mães o que pensava George Sand, das mulheres: "Um animal doméstico, apto para arrumar a casa, fazer a comida e servir o chá...".

As mães e as filhas, levaram a sugestão angelical, "numa boa". Riram entre elas e até se compadeceram de ver os os amantes, os machos e os filhos tremendo nas bases...  Minha mãe? Que imoralidade é essa?! Isso não! No fundo, acreditam que eles próprios nasceram por um tipo qualquer de magia, de inseminação astral, pela interferência de um anjo da guarda ou mesmo do vento...

Enfim: mesmo que a tal influenciadora esteja apenas fazendo business, pantomima e publicidade comercial desse produto, pode estar também colaborando com a desmistificação de um tabu secular e dando a esses trilhões de mulheres "bem casadas", a liberdade de gozar... E com isso, fazendo mais por essa legião de escravas do que fizeram nos últimos dois mil anos, a filosofia, a teologia e os consultórios sentimentais e burocráticos de ginecologia...