O tal Buquebus aciona os motores. O Rio de la Plata - comenta um passageiro - é o mais largo do mundo (ancho). Todo mundo que quer ver esse monstro de ferro se afastando do porto se amontoa junto às janelas... El Puerto Madero vai ficando para trás...Eu, que passei a noite lendo El barco ébrio, de Rimbaud, e Naufrágios en el Rio de la Plata, de Arnaldo Torres Hansen, preferi certificar-me de que os salva-vidas estavam no lugar...
Quem já navegou pelo Rio Amazonas, naqueles barcos improvisados repletos de gente clandestina, de bujões de gás e até de vacas, sente-se mais do que confortável por aqui...
Destino: Colonia Sacramento. Uruguay.
Na semana passada, o Sanguinetti, ex presidente do Uruguai, chegando em Buenos Aires lançou uma frase que até hoje está irritando os argentinos e envergonhando os seus compatriotas: "Sempre que os uruguaios vêm à Buenos Aires, sentem-se como se fossem de outra raça". Tudo flores de bufoneria, como diria o japonês Osamu Dazai...
Eu, que não domino nem mesmo o meu idioma, não entendi o real significado desta frase. Quem, afinal, seria uma raça inferior ou superior? Um casal jovem de passageiros me esclareceu que a raça superior à qual se referia o ex mandatário seria (para insônia dos argentinos), a uruguaia... E assim, de delírios em delírios, esta grande e gloriosa América de Bolivar vai naufragando... Ah! e quando será que essas duas tribos retomarão as exóticas e curiosas guerras do passado?
Tanto na vendedora de empanadas, como na aluna da APA, fica visível el sentimento trágico de la vida... O que teria passado com essa gente?
E por falar em raça e delírios, até os argentinos estão chocados com o racismo dos espanhóis contra nosso jogador brasileiro lá em Madri. Claro que um jogador de futebol, seja branco, negro, amarelo, cor-de-rosa ou da cor que for, pode e deve ser chamado, com razão, até de rinoceronte e de anta... Agora, quem já entrou num estádio espanhol de futebol sabe que aquela platéia de energumenos (acostumada a assistir touradas, que nem é tão branca como pensa) e que ainda cultiva a bufonaria da Opus Dei e de um rei, não tem moral nenhuma para chamar o Vinicius do que quer que seja...
A opinião de uma senhora que passou a viagem inteira chupando uma bomba de chimarrão é de que, na próxima vez, o tal jogador deveria baixar o calção e exibir para as arquibancadas (e inclusive para a rainha, se estiver presente) o instrumento black que, orgulhosamente, herdou de seu povo africano...
Hay que ver el tango anarquista allá en BsAs bazzo
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=N7kTH8p94mE