sábado, 11 de fevereiro de 2023

Um papo entre surdos... (pero no mucho...)




"O Estado protege sempre o que já existe:

a uns suas riquezas,

a outros sua pobreza;

a uns sua liberdade, fundada na propriedade;

a outros a escravidão, consequência fatal de sua miséria..."

Bakunin 

(IN: Dios y el Estado, 1871)


Ver o Lula fazendo um discurso simplório e milenarista diante do Biden, que não esconde uma careta de burla, também nos comove. 

E sempre foi assim. Cada vez que fomos lá nos humilhar e discursar sobre a cartografia da miséria, fomos humilhados... e independente das bobagens teológicas e românticas que possamos estar proferindo e independente dos licores, dos tapinhas nas costas e das declarações  de que "somos o cara!. lembram?.. a pantomima é sempre a mesma... E fica ainda pior quando o Lula, diante de alguém que parece uma estátua de gesso, insiste, - numa espécie de religiosidade tropical -, que o Brasil só quer PAZ, CARNAVAL, e ALEGRIA...  coisas que para um império luterano não são mais do que além de desejos profanos e pueris, resquícios tupiniquins e bobagens... Ora! Voltar a falar em humanismo e em Deus, com o chefe de uma nação que está há mais de um ano alimentando uma guerra fratricida na Ucrânia, e ver a Ministra Marina pleiteando ajuda filantrópica para salvar nossos índios, junto a mandatários de uma nação que exterminou uma-a-uma suas tribos no Oeste americano, não lhes parece cômico? A propósito, sobre esse extermínio, quem é que ainda não leu o livro de Dee Brown: Enterrem meu coração na curva do rio? 

Foram-se os tempos em que o PT, os SEM-TERRA, a CUT e etc, também (como o mundo islâmico) viam os EEUU como o Grande Satã, e acampavam ali em frente a embaixada americana gritando impropérios; exibindo frases de Franz Fanon e relatórios de todas as invasões, barbaridades e desumanidades americanas cometidas pelo mundo a fora, principalmente na América Latina... Agora, misteriosamente, teria voltado a ser o Grande Partner Brother? E o papo é o mesmo, mas também é outro! O óbvio se impõe. Não se consegue falar mais nada sem espargir e borrifar água benta sobre a falaciosa democracia (esse fetiche engendrado pelos e para os ociosos gregos), e sobre a paz! Paz? Quê paz? Só se for a paz dos cemitérios, compadres caras pálidas...

Sim, sim, eu entendo: a pandemia nos tirou a todos do eixo, nos abobalhou, nos adoeceu, nos empobreceu e nos fez cair na real quanto à nossa dependência e nossa miséria. Quem é que, atualmente, não admite trabalhar dez horas por dia (a mais), apenas para poder comprar uma vacina ou um chip para seu celular? Ou fazer horas extras durante meses apenas para comprar uma bolsa de segunda-mão da Vitton? São os tempos modernos. Não é verdade? A escravidão contemporânea... Por isso e mesmo assim, quando se é capataz ou mandatário de uma colônia, é importante voltar a ler obsessivamente a Frantz Fanon, a falar menos e a ouvir mais quando se está diante de um dos imperadores do mundo. E não é conveniente revelar, (nem mesmo através de metalinguagem) a esses trapaceiros internacionais nossas intimidades, e muito menos deixá-los saber que nosso negócio genuíno, aqui nesses trópicos infernais, nestas noites calientes e ameaçadoras, além de PAZ, CARNAVAL e ALEGRIA, o que se quer mesmo, é um Cartão corporativo, Mulher, Rede, Sombra e Água Fresca...

O Biden ouvia, imóvel... provavelmente pensando naquela frase atribuída a Lutero:  "Você não pode impedir que os pássaros voem sobre sua cabeça, mas pode evitar que construam um ninho em seu cabelo".

Ou então esta outra, de um mandatário chinês: "se abrirmos as janelas, entram moscas.., mas tudo bem, precisamos respirar..."

Ou então esta outra, ainda mais radical, encontrada recentemente, rabiscada no peito de uma múmia, no Egito: "Coração meu! Não te levantes como castigo contra mim..."




Um comentário:

  1. https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2023/02/5072985-de-16-discursos-lula-ja-citou-bolsonaro-em-14-dilma-e-exaltada.html

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