quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

A monarquia em festa... Uma quarta-feira de arromba...



Esta quarta-feira foi pródiga em eventos republicanos. 

Houve a volta dos ministros do Supremo; a posse dos novos senadores e deputados e as eleições para Presidente da Câmara e do Senado. Chegaram até a interditar a Esplanada dos ministérios, com medo de que outras facções bolsonaristas (ou não) pudessem voltar, agora com tacos de beisebol, à cena do crime...

A discursada foi de arrepiar. Quem fosse pego de surpresa ouvindo aqueles discursos teria a sensação de estar numa sessão de AA ou numa igreja ortodoxa. Nunca vi tantas manifestações de fé na república, fé nas leis, fé na Constituição, fé na amnésia das massas, na liberdade, na DEMOcracia, na cidadania e no porvir... e de adoração ao Estado, (o Leviatã de Hobbes)... Sem falar das declarações descaradas de amor aos pobres... E, claro, ao orçamento secreto!  (seguramente, esses idiotas não conhecem os textos de Isabelle Eberhardt, e não sabem que a fé é apenas um obstáculo...) 

E, quando foram divulgados os nomes dos vencedores tanto para a Câmara como para o Senado, (com votações tão expressivas a favor dos candidatos da "situação", que nunca se viu algo parecido nem mesmo lá nas assembléias clandestinas dos talibãs), o espanto foi geral. Na padaria, atônitos, o que todos se perguntavam, era se aquilo, afinal, representava uma vitória do Bolsonaro que desertou ou do Lula que voltou? Os petistas que estavam por lá não dissimulavam um certo incômodo... E quando eram indagados sobre a inacreditável continuidade, entre outras loucuras, a do orçamento secreto e de seus atores, repetiam o velho chavão de que: a política é isso mesmo!, e é graças a ela que o mundo não está pior. Mais ou menos a mesma lógica usada por nossos antigos professores e ancestrais ao defenderem a prostituição: ela é necessária!  - diziam -. Se ela não existisse, como é que iríamos salvar a honra e o hímen de nossas filhas?...

Eu, enquanto ouvia aquelas falas e aquelas promessas mirabolantes e impregnadas de misticismo pátrio, não conseguia deixar de pensar no porta-aviões (porta-amianto) que será afundado para envenenar os mares, e no recente relatório da Transparência Internacional sobre os países mais corruptos do planeta, onde o Brasil, há muito tempo, aparece emparedado com a Etiópia e com a Argentina...

 


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