sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

As big techs, o capitalismo das hienas e a morte...

Graças às chamadas Big techs (e suas filiais) e à vitória absoluta do capitalismo sobre os outros ismos, até a morte, agora, dependendo do pedigree do morto, tem condições de ser transformada num grande, emocionante e propagandístico espetáculo. As hienas do capitalismo não se contentam com a exploração do sujeito apenas em vida. Valendo-se do desespero próprio e da solidão incurável dos povos, dão um jeito de disfarçar o marketing póstumo em gratidão e afeto e fazem um show sobre a vida e a morte do "colaborador". Por mais respeitável que seja o morto, no momento mais trágico e mais impotente de sua trajetória, querendo ou não, terá que dividir seus méritos pessoais com a empresa a qual serviu, às vezes, apesar do aparente glamour, sob uma espécie de escravidão contemporânea... E os semi vivos, no corredor da morte, abalados pelo escândalo do "juízo final", aplaudem. Aquele aplauso frouxo, mecânico, servil, depressivo, sem sentido e sem razão... Como se na morte pudesse haver algo mais do que a antiga revelação de uma traição. De uma cretinice inadmissível... A prova maior de que em termos de custo-benefício a vida é uma furada...  E de que, como dizia o melhor escritor argentino: nascer é fazer parte de um pacto monstruoso! Enfim, apesar das Big techs e das tentativas cabotinas de amenizar a pena de morte a que todos estamos condenados, a verdade trágica e abominável, como resmungava o cara que mandou matar a Trotsky, é que, apesar do teatro e do lero lero dos vivos, no fim das contas, é sempre a morte que vence...

Em função disto é que (prestem atenção), tanto em casos extremos como em outras teatralizações mais vulgares, as palmas configuram sempre algo abjeto e reacionário...


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