quarta-feira, 13 de julho de 2022

Murro das lamentações ou Folhetim escatológico & de horrores???


"Un medico coscienzioso deve morire con il malato 
se non possono guarire insieme"
Ionesco






Por mais cuidado que eu venha tendo, estou começando a concordar com um de meus leitores anônimos que escreveu-me: Bazzo, seu blog, de um Murro das lamentações está se convertendo numa espécie de obituário ou de Boletim escatológico e de horrores.

Admito: a critica é pertinente.

Mas.., me justifico: o problema é que se desgraças de todos os tipos e gêneros, continuarem pipocando nessa intensidade e por todos os lados... como ignorá-las? E depois, acrescento: é através dessas repetidas misérias humanas que, - como diria Cesare Pavese - contemplo, julgo e me equilibro no mundo...

Na semana que passou, por exemplo, lá no Rio de Janeiro, depois da descoberta de uma fábrica clandestina de cigarros, onde eram escravizados 23 paraguaios, surgiu agora o caso do médico anestesista que durante o processo do parto, colocava o pau na boca das parturientes. (Claro, eu poderia usar uma linguagem bem mais singela e até bem mais romântica, mas prefiro colocar-me à altura de minha época). 

Com uma mulher sedada? 

Anomalia que até entre as aberrações mais exóticas, aparece como uma bizarrice.

Quais seriam as fantasias daquele pobre sujeito? Não lhes parece algo que nos remete à necrofilia?  A propósito das perversões e da necrofilia, é sempre bom lembrar que lá no Egito dos tempos de nossos tataravós, numa espécie de gratificação trabalhista, ou de adicional de insalubridade, quem trabalhava nos necrotérios tinha o direito de copular com os cadáveres. 

Que tal? 

Sempre que dou um mergulho na história e me deparo com essas maravilhas de nossos ancestrais, penso na lenda que diz: E então, o Criador contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era bom... (!!?)  

Perversões? Tudo bem! 

O mundo veio ziguezagueando no meio delas, desde sempre mas, convenhamos, até elas têm limites...

As mulheres, com razão, assustadas, não param de falar sobre o assunto. E a velhinha armênia, que estava no mercado enfurecida com mais esse caso,  proclamava que se deveria implantar aqui, imediatamente, alguma coisa parecida ao  Código de Manú, ou de Hamurabi que, aliás, pelo que sei, foi uma aberração terrível, oficial e vingativa dos indianos.

Tudo bem, tudo bem - fui acalmando-a - mas enquanto isso, o que é que se poderia fazer?

Ela, arrumando o lenço amarelo que lhe ocultava a metade da testa e os escassos cabelos, bradou: decretar o fechamento de todas as faculdades de medicina do país por 60 dias! Tempo suficiente para rever os currículos, estabelecer protocolos e higienizar a área. Faculdades de medicina? Só públicas e com um outro tipo de MEC para supervisioná-las!

 E os estudantes, - continuou - não apenas dessa área, mas também da psicologia, da veterinária e até da engenharia, durante os seis anos de formação, deveriam passar anualmente por exames psíquicos! Pois uma tara dessas, não aparece de um dia para o outro, me entende?

E por que fechar as particulares?

Ora, porque se eu mesma, uma velhinha já caduca, com setenta anos, e cheia de 'contas a ajustar com o mundo', se eu dispor de dez mil reais por mês, durante seis anos, posso ingressar numa delas e, independente de meu desempenho, de meus problemas cognitivos e até de minhas taras, aos 76, receber invariavelmente meu título, e ainda por cima, com as honras e demagogias que se costuma conceder às velhas chantagistas, impertinentes, chatas, fofoqueiras, malandras e caducas. Me entende?

E isso é perverso! Isso é negócio! Isso é uma espécie de simpósio de ladrões que empata e conspurca o processo civilizatório!

E quanto ao Código de Manu, Bazzo, ainda hoje, se você circular lá entre as castas e regiões miseráveis da Índia, vai encontrar Versos dele, escritos em sânscrito, gravados em bronze, descrevendo as atrocidades que o Estado e os Clérigos estavam autorizados a praticar contra aqueles que cometessem uma aberração como a desse medico...

Pegou o gerente do mercado pelo braço para reclamar do preço do Kiwi, pagou a conta e saiu arrogante, como se  acreditasse haver revelado a mim e aos outros que a ouviram, um capítulo extraviado da Sabedoria universal...  

Atravessou a rua fora da faixa, assobiando uma música de Cesária  Évora. (na intimidade, ela já me havia confessado que essa música a fazia imensa e misteriosamente feliz!!!)



2 comentários:

  1. Pena: destituiçao do cargo e proibiçao vitalicia de trabalhar; surra por 3 meses consecutivos diariamente e o pau kkkkk cortado! Que tal rapaziada?

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  2. https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2022/07/5022298-diretor-da-maternidade-brasilia-ressalta-importancia-da-humanizacao-no-parto.html

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