Um mestre do Zen Budismo, - ou de outra seita qualquer daqueles tempos -, caminhando no meio da noite de braços dados com uma ninfeta, ao ouvi-la dizer: Adorado mestre, que silêncio! lhe responde: Adorada ninfeta, não digas: que silêncio, digas: Eu não escuto nada!
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Durante a pandemia, esses quase três anos que passamos engaiolados em casa, reféns não apenas do vírus, mas de nossas próprias paranóias & fantasias, além dos chinelos-de-dedo fizemos contato intenso com outros três instrumentos domésticos que estão na essência da loucura das donas de casa e de quem é obrigado a se submeter a eles: a máquina de lavar roupas o liquidificador e o aspirador de pó. O barulho dessas três geringonças, apesar de parecer natural, é inquestionavelmente enlouquecedor. Quando a máquina de lavar (de qualquer marca e de qualquer tamanho) começa a fazer aquele rebolado, jogar a roupa de um lado para outro, preste atenção como o prédio e os cristais tremulam. E como, dependendo do tipo do zíper e dos botões que há lá naqueles quinze quilos de roupa suja, a coisa fica ainda pior. Se se esqueceu uma moeda ou uma chave num dos bolsos, então...
E o liquidificador? Os dois minutos que aquelas navalhas precisam para trucidar o abacaxi ou o limão, são ensurdecedores. Do aspirador de pó, nem se fala... E depois ainda se reclama quando se ouve as mulheres jurando que estão zonzas, baratinadas, fora-de-si e "uma pilha de nervos!"
Penso na chamada Revolução Industrial e nos fabricantes... Quem é que deu Alvará e direito a esses trapaceiros para fabricar e vender essas porcarias? Não há controle de qualidade nessa merda?
E o barulho, todo mundo sabe: depois de se enfiar pelo labirinto do ouvido e desorganizar os cristais auditivos, vai direto para o sistema nervoso central e aciona no sujeito, além das neuroses atuais, até as mais antigas, (neuroses, às vezes, relacionadas ainda com as putarias e chacinas das tribos e das antigas caravanas que, em condições de vida mais saudáveis até passariam adormecidas e desapercebidas). A propósito de neuroses seculares, lembram da gritaria e da barulheira das tribos chinesas, quando viam Gêngis Khan, chegando da Mongólia arrogante e invadindo suas aldeias?
Apesar de Hipócrates, lá em seu "juramento" moralista não os mencionar, na rotina de seus conterrâneos, que viviam em média uns 100 anos contando estrelas e coçando o saco às margens do mar Egeu, havia três protocolos sanitários fundamentais: a qualidade da água, do ar, e do silêncio.
Então o que é certo? Usar vassouras e varrer pra debaixo do tapete? Levar 2 horas pra triturar um limão? Usar roupas descartáveis ou esperar uma chuva lavar? Engate seus aparelhos num pedal, como os amoladores de faca antigos, assim terá uma máquina silenciosa, sustentável.
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