quinta-feira, 21 de julho de 2022

Hasta la vista, baby!


"Tudo é poeira... as cidades, os homens, eu e você... Tudo é poeira!"

(Vovô Arkhip, em Górki)





Nestes dias de Campanha Eleitoral, os sociólogos, os antropólogos, os psicólogos, os astrólogos e até os donos de circos têm a oportunidade de ver, ouvir e mapear o espetáculo repetitivo e o atraso em que estamos metidos e do qual, parece, não será fácil sair.

Incrível! Os mesmos protocolos, as mesmas agendas, as mesmas promessas, os mesmos truques, o mesmo cinismo, as mesmas ilusões, aos mesmas declarações, as mesmas promessas, as mesmas desonestidades intelectuais e morais e a mesma ignorância de sempre, e com os mesmos rebanhos, gorduchinhos ou esqueléticos; burgueses ou proletários; urbanos ou agrários; católicos ou evangélicos ou budistas; mais fascistas ou menos fascistas, se deslocando fanática & religiosamente de um lado a outro, levantando bandeiras, exibindo frases, jurando fidelidade, falando em amor & ódio, brigando e se matando nas ruas pela honra de seus candidatos... Inacreditável! Penso no vovô Arkhip, de Górki, falando para seu neto: "é tudo poeira... as cidades, os homens, eu e você, tudo é poeira..."

É evidente que esse sistema, que eterniza o rodízio de gangues nos governos, não tem futuro. Principalmente, porque, na essência (bem na essência) eles têm o mesmo histórico, a mesma formação moral, pensam as mesmas coisas 'das coisas'; têm a mesma cartilha e fumam no mesmo cachimbo. O caráter é o mesmo! A diferença entre eles é insignificante! Pensem bem: são mínimas e insignificantes as alternativas no cultivo de uma cenoura ou na criação de uma cabra. Não é verdade?

Enfim: um show de mau caratismo! Uma espécie de pedagogia da trapaça! Exemplos:

Bolsonaro, dirigindo-se ao seu rebanho: Nós somos o BEM, eles são o MAL (!!!???)

Lula, dirigindo-se ao seu rebanho: Se ele lhes oferecer benefícios, peguem e vão comprar comida e depois, na hora de votar, deem uma banana para ele (!!!???)

Cinco anos de um grupo e logo vem outro grupo que destrói tudo o que o grupo anterior engendrou... e que depois de cinco anos será substituído por outro grupo que agora destruirá o que este fez... e assim, sucessivamente, de maneira ordinária e interminável... E só falam na corrupção dos antecessores. Ora! Já é tempo de entender que a única motivação desses grupos sempre foi a corrupção! E que, portanto, é tempo de legalizar essa patologia! Rouba mas faz! Lembram do slogam daquele governador de São Paulo? Que também dizia: estupra, mas não mata!? (Ah! Penso, inicialmente, nas secretárias e nas mulheres desses bandos, fascinadas lá nas boutiques de Paris e de Tóquio e em seguida, nas idealizadas estradas de ferro e nos trens noturnos e luxuosos fazendo diariamente Ceará/Foz do Iguaçu!) que ninguém quer construir...)

Porra! Mas nós já somos todos adultos! Muitos já com um pé na cova! E ter que assistir uma miséria dessas novamente... isso é demais! Vão foder outros!!!

E nem precisa viver aqui na capital, para entender que da maneira como a república está montada, é difícil quebrar esse circulo vicioso, subterrâneo e medíocre, essa lenga lenga de candidatos, militantes e de burocratas e de subalternos, essas nomeações de parentes e de amantes, essa puxação de saco, esse excesso de poder e de dinheiro, essa desonestidade intelectual e moral, essa cumplicidade com os jornais, com as igrejas, com a polícia e até com as cortesãs. Isto, porquê, todos esses trapaceiros estão envolvidos numa espécie de teia de aranha gigante que os impede de ser objetivos, práticos, lúcidos decentes e saudáveis. Por exemplo: para conseguir retirar um sofá (invadido por ratos) da sala de espera de um Ministério, não é uma missão simples. Se necessita de mil e uma autorizações. Memorandos, brigas, e ofícios pra cá e pra lá; reuniões com os sindicatos para saber se o despejo configura uma tirania stalinista ou apenas um capricho da pequena burguesia; consultas aos diretores; ao pessoal da limpeza; à Coordenadora da área; ao médico legista; aos especialistas em insalubridade; ao pastor que aparece de vez em quando para lembrar aos 'servidores' do Sermão da montanha ou ao padre que vem, às sextas-feiras, vender indulgências, enquadrar hereges e distribuir bençãos & hóstias entre eles. Se necessita consultar os defensores dos ratos, o pessoal dos Recursos Humanos, o Domenico di Masi, teórico (como Sêneca) do ócio criativo e etc e etc. O problema, é que durante todo esse longo e surrealista processo, (naturalmente), muda o Presidente, mudam os Diretores, os Subalternos, os Puxa-sacos; e os Cargos de Confiança, as Amantes (ou os Amantes) são substituídos e tudo recomeça... 

E, o pior: como os ratos passam a vida inteira ruminando e trepando, nesse tempo todo, já surgiram sete ou oito novas ninhadas, e o sofá já ficou inflacionado e superpovoado de ratinhos que, simpáticos e amorosos circulam por sobre os bureaus e as mesas... e, de madrugada, roem a beirada dos prontuários, dos processos, dos relatórios, dos contracheques, das bíblias, das bisnagas de vaselina, dos brinquedos de silicone e dos restos de biscoitos espalhados pelas gavetas... Sim, é a República que, como o gyros e o moussaka, herdamos dos gregos! A propósito, visitem a Grécia e o resto do mundo republicano para ver o resultado...

Não, não tem sentido ficar eternamente fazendo eleições! Essa masturbação coletiva, cansativa e sem gozo! Ficar nessa neurose de repetição!  - Ah! mas as urnas são confiáveis!  - Pior ainda! É necessário pensar. A cabeça não foi idealizada pelo CRIADOR apenas para ser enfiada num travesseiro, ou para nela se pendurar brincos, óculos escuros, chapéu ou boné...

E quando é que se enviará uma Comissão Parlamentar de Inquérito à Atenas, para lá mijar sobre a tumba e sobre as cinzas de Platão? 

Como ironizou o Primeiro Ministro Inglês, depois de perder o "melhor emprego do mundo": Hasta la vista baby!


 



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