"Quando um argumento é convincente, perde todo o encanto; só o sofisma tem vitalidade, porque faz crer na verdade, mas não a revela..."
Vargas Vila
Nesta última semana, as discussões entre o populacho e até mesmo entre os energúmenos esclarecidos, foi o caso surreal do julgamento de um estupro lá nos tribunais inquisitoriais de Santa Catarina. Está todo mundo ironizando o argumento do juiz usado para liberar o acusado e fragilizar a vitima: ESTUPRO CULPOSO.
Absurdo! Cacarejam os apóstolos da justiça... Os pastores do aprisco estão escandalizados e argumentam: essa categoria sequer existe no Código Penal, nem no Código Civil e nem na Constituição... E dizem isso como se essas brochuras tivessem sido inspiradas por algum oráculo ou divindade...
O Mendigo K, nesta terça-feira, ali na padaria de um imigrante basco, tratando desse assunto com outro mendigo que, segundo ele, era bacharel em direito, defendia - apenas para exercitar o cinismo dialético - a possibilidade do estupro culposo.
E quando o bacharel, visivelmente irritado, o desafiou a demonstrar sua tese, tirou calmamente uma bíblia de um saco que havia depositado sob a mesa, abriu em Genesis 18, e foi exemplificando com o caso de Lo, aquele velho da bíblia que, refugiado numa caverna, seduzido e embriagado por suas duas filhas, fez sexo com elas.
Aqui está, disse batendo sobre o livro sagrado: estuprou, praticou incesto e engravidou suas duas filhas virgens, mas sob o efeito do desejo e do vinho. Incesto e estupro culposo... Até os arcanjos que havia por lá e Deus, reconheceram sua inocência.
Uma senhora da mesa vizinha, que ouviu o papo, e que achou que ele, de alguma maneira, estava fazendo apologia do estupro, olhou-o bem dentro dos olhos e bradou: machista f. de uma p!
Ele deu um último e longo gole no copo de café, voltou a jogar a bíblia no saco e desapareceu...
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