quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Esta é a parte que lhes cabe neste latifúndio...


 Acabo de tomar conhecimento da situação econômica dos brasileiros através dos dados do IBGE, anos 2016/2017. 52 milhões de pessoas abaixo da tal linha da pobreza e 13 milhões na mais absoluta miséria... (e de lá para cá as coisas devem até ter piorado... Não verdade?)

Sem nenhuma frescura, senti vergonha de mim mesmo. De mim e de outros milhões de pessoas que estão confinadas em casa, comendo 6 vezes por dia, em total alienação e engordando como porcos... 52 milhões abaixo da  tal linha da pobreza... e 13 milhões na mais abjeta miséria!

Como é possível conviver com esses dados? Como é possível ficar indiferente a toda a demagogia cotidiana? Indiferente a todo esse horror, a essa pantomima e a essas discussões diárias entre palhaços políticos, palhaços religiosos, palhaços domésticos e palhaços supostamente humanistas?

E os discursos inflamados não esmorecem; continuam escrevendo artigos, teses, encíclicas e publicando elogios a Josué de Castro e à sua geografia da fome; a fazer filmes revolucionários para o Festival de Veneza; a distribuir poemas; enchendo a cara e cantando Violeta Parra nos botecos. Mas, como é possível continuar escrevendo poesias com 65 milhões de miseráveis focinhando as lixeiras e bebendo água de esgotos? 

E já passaram vivaldinos de todos os naipes e partidos pela República. Sempre o mesmo perfil, as mesmas mãozinhas delicadas, a mesma fala manhosa, os mesmos e cretinos discursos, as mesmas promessas feitas à sombra de alguma seita, com os cotovelos apoiados sobre as próprias barrigas e tripas... 

E, por ironia, depois de amanhã ainda seremos obrigados a ir votar. A ir dar legitimidade a Outros, para que perpetuem essa infâmia ...

E não acontece nada! Gerações e mais gerações mortas de fome e de desespero...

52 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza! 13 milhões na mais criminosa das misérias! Sabe o que é isso? 65 milhões de sujeitos que, com certeza, se arrependeram de ter nascido...

Se tivéssemos ainda, além da moral de hienas, alguma dignidade, sairíamos ainda hoje à noite às ruas... com tochas acesas... Mesmo sabendo que está tudo dominado e que, como dizem os ciganos: acender a chama é fácil, o difícil é protege-la do vento...




Um comentário:

  1. Bazzo estaria o Bozo lendo Sartre ?
    Disse ele: Todos nós vamos morrer um dia

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