segunda-feira, 16 de novembro de 2020

As urnas... e as meretrizes...


"A felicidade é uma ilha deserta habitada pelos seres de minha imaginação..."
Chateaubriand



É até antropologicamente fascinante assistir às interpretações dos resultados eleitorais pelos respectivos atores de cada falange. E nem precisa ser linguista. Inacreditável! O fazem com a mesma lógica e a mesma engrenagem mental que usam para discutir futebol e religião. Uma puerilidade ridícula! De manhã estão num programa, à tarde em outro, e mentem para si mesmos e para os já convertidos que os aplaudem. Fazem bocas e caretas franzindo as sobrancelhas, e lançam prognósticos ilusórios e delirantes. Os mesmos e falidos de cinquenta anos atrás...

Acorrentados, não conseguem mais pensar longe das algemas.  Uns juram que o Bolsonaro foi vitorioso. Outros, que ele foi derrotado e afirmam que o PT está ressuscitando. Outros vêm o Centrão como o centro do mundo; outros estão convencidos que está surgindo um novo partido e que este sim salvará a pátria; outros... o quê dizem os outros, mesmo? E fazem pose, tomam um gole de água, se chamam de doutores, analistas, especialistas, ligam para as patroas, fazem conchavos... Pedem um intervalo para ir mijar ou para combinar algumas frases... Agora é nossa vez! Dizem os vitoriosos. Já, para os perdedores, abandonar o partido agora?, depois de tantos dízimos e de tantas coligações clandestinas?, Nem pensar. Seria como abandonar as muletas. A luta continua! Segundo Turno! Conseguir eleger um compadre ou um cúmplice é o máximo. Acenam com os dedos em V para o rebanho aglomerado frente à suas mansões. Rebanho que já está acostumado com os cortiços e com a ausência de esgotos, e que ri com o riso das cabras. Se dizem democratas, progressistas, liberais, libertários, conservadores, pais e mães de família... Desta ou daquela seita, não importa, todos levam na lapela o botton do humanismo. Seus avós já foram eleitos para alguma coisa, ou na bala ou no voto, o resultado sempre foi o mesmo. Até os que estão sendo re-eleitos ficam abismados. Como é possível? Estive governando para um bando de cegos ou essa gente não se dá nenhum valor!? E as esposas, agora Primeiras Damas, tomam um laxante e já fazem a lista dos parentes que serão contratados e encomendam os vestido, os sapatos e os soutiens novos e pós modernos para a posse... Um para usar pela manhã, outra à tarde e outro à noite. Tudo fake! E  ninguém lembra da ausência de esgotos, da vida sucateada a que estão expostos...

Enquanto vou correndo os dedos pelo teclado penso, sem compromisso, numa frase que está lá num livro de Máximo Gorki: "O nosso coração é honrado, porém a nossa inteligência é uma canalha..."

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