"Com que sonham as galinhas? Com milho".
S. Freud
(citando um ditado popular da Hungria)
Se na semana passada foi o papa argentino que deu um susto na comunidade LGBT com sua autorização reativa e demagógica para o casamento civil entre pessoas com genitais semelhantes, o bafafá agora, aqui em Brasilia, está sendo ao redor de uma suposta clinica que promete curar os homossexuais através da hipnose. E, cobrando caro. Tratamento completo, em mais ou menos cinco meses, uns trinta mil reais... Projeto semelhante já esteve em pauta há uns cinco anos atrás, quando psicólogos/pastores/delirantes ou pastores/psicólogos/delirantes também estiveram decididos a "salvar" essa parcela da humanidade, que não é pequena... Mas não é apenas o homossexualismo que é visto como uma enfermidade. Praticamente todas as religiões levantaram seus pilares e suas fogueiras sobre o desejo e sobre a sexualidade... Lembram daqueles padres idiotas que se castravam e que iam esconder-se no deserto? Na tumultuada trajetória da humanidade, o sexo em si, fosse homo, hetero, com cabras, com bonecas de silicone, com cachorros, com árvores, com robots ou consigo mesmo, sempre foi visto como tal. Uma patologia e um pecado. O corpo?: esse desconhecido; esse empecilho! Esse incômodo! Essa máquina enfadonha e perversa! Os genitais?: essas bússolas que conduzem o sujeito irremediavelmente aos infernos! Esses responsáveis por todas as guerras pessoais, inter-pessoais e sociais! Curiosidade: o quê teria acontecido lá nos miseráveis primórdios de nossa espécie que a arqueologia ainda não se atreveu a nos revelar?
E no meio de todas essas psicopatias disfarçadas, curativas e reacionárias, no meio dessa neurose misteriosa e secular com o próprio corpo, ser UM mas querer ser Outro; ter nascido UM mas desejar ter nascido Outro; mutilações, dismorfobia, enxertos, plásticas, hormônios, beberagens, maquiagens, travestimentos, obsessões, fantasias, auto-punições, promessas e o sexo como o ópio da espécie.., no meio de toda essa loucura, a humanidade veio aos pedaços, esquizoide e cambaleando, fazendo praticamente de tudo para aplacar esse desconforto e esse sofrimento, um sofrimento bizarro e pueril que, aparente e ilusoriamente, habita logo ali, a um palmo abaixo do umbigo...
Um exemplo recente dessa luta: os pais dos alunos de determinado Colégio do Rio de Janeiro receberam uma circular da referida instituição informando que, numa tentativa de combater a binariedade de gêneros, não mais se dirigirá a seus filhos como queridos alunos, passará a adotar a forma "querides alunes".
Data venia, mais isso ficará na história como uma das maiores imbecilidades do gênero humano. Imbecilidade que na essência, não se difere em nada do projeto curativo de nosso filantropo discípulo de Charcot, com sua panacéia hipnótica...
Que miséria! Povera gente!
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