quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

E se a terra realmente for plana? Em que isto alterará a rotina de meu cachorro?


"Se acreditamos com tanta ingenuidade nas idéias é porque esquecemos que foram concebidas por mamíferos".
E.M. Cioran
(IN: Silogismos da amargura).


Tenho assistido com uma certa perplexidade e com uma imensa curiosidade clínica aos ataques que a intelligentsia nacional, unida em bandos como guapecas, tem feito às pessoas que se atrevem a lançar uma idéia, um plano, um projeto, uma hipótese, uma teoria ou qualquer coisa diferente do já estabelecido. E principalmente, quando esses defensores das verdades eternas e pétreas estão diariamente nos poleiros da mídia com as penas do rabo abertas e mais do que complacentes.
Me explico: se todos concordamos que estamos social, econômica e psiquicamente mergulhados numa merda sem fim, qual é a razão e a lógica que leva essas pessoas a querer defender a todo custo os "valores" e as "crenças" que até aqui vieram pautando e intoxicando nosso cotidiano e nos empurrando para esse estado de coisas? Qual é o problema em admitir que se tente olhar as coisas de outro ângulo, por mais esdrúxulos que nos pareçam? E livrar-nos de todo o lixo do passado? Por que todo esse medo de ver nossos postulados, nossas crenças e a nós mesmos derretendo? E escrevo isso pensando basicamente nas agressões que estão cotidianamente sendo dirigidas ao sr. Olavo de Carvalho, com seus pensamentos e suas idéias e principalmente com sua insinuação de que a terra pode não ser redonda, mas plana, e também contra os três mosqueiros da Funarte, da Palmares e da Cultura, com seus simplórios exotismos. Qual é o problema? 
Ah, vamos retroceder! Dizem. 
Retroceder? 
Ora, mas como? 
Não é possível retroceder, estamos no ponto zero.  
E sobre a hipótese da terra não ser redonda, eu até desconfio que ela é retangular. Por que não no formato de um prisma? Mas e em sendo, em que isto alteraria a rotina de meu cachorro? E depois, duvido que esses porcos chauvinistas que com sua impertinência de piolhos, não querem deixar o Olavo se expressar consigam demonstrar, até mesmo para uma criança, que a terra é semelhante a um ovo).
Sinto um prazer imenso ao ouvir esse trio de novos gestores que, naturalmente, não gestarão porra nenhuma, indo (por burrice , por ingenuidade ou por pura malandragem) na contramão, dessacralizando  as bobagens estabelecidas, causando frisson nos crentes de plantão e de antanho e tentando até trazer Satã para o palco e colocar balelas bíblicas no lugar das balelas de Gramsci. Que digam bobagens, que sejam rotulados de contra-revolucionários, que sejam o assunto predileto dos bêbados desiludidos nos botecos, que entrem no índex dos fascistas, que apanhem na rua, que mereçam manchetes diariamente. E daí? Tudo bem! É isso que dá vida a esse circo.  É isso que alimenta as matilhas! Matilhas que nunca fizeram nada além de roer ossos e de rosnar no fundo das casas, de abanar o rabo para os patrões e de queimar incenso às bobagens estabelecidas.  Matilhas que passam pelo mundo como pedras!
Entre duas alternativas, (me alerta o mendigo K) sempre é recomendável e revolucionário buscar uma terceira.
Enfim, como diria Cioran: "Se acreditamos com tanta ingenuidade nas idéias é porque esquecemos que foram concebidas por mamíferos".





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