sexta-feira, 10 de maio de 2013

Marseille! A primeira noite...


Chegar numa cidade à noite é sempre um erro, não ter hotel reservado então, é a babaquice suprema...  
E a escadaria que desce da Gare St. Charles não é nada romântica lá pela uma da manhã, com a bagagem às costas, procurando uma hospedaria ou um hotel qualquer (qualquer entre aspas!) e mais, quando se tem um imaginário construído num país como o Brasil, onde, numa circunstância dessas, o risco de ser degolado por dez centavos é imenso. E foi o sujeito que estava sentado nos primeiros degraus segurando na corrente um imenso cachorro preto quem me informou que os 116 degraus daquela escada desembocavam exatamente no Boulevard D’Athenas, cheio de hoteizinhos árabes. Fui conferir: um pior do que o outro. E olhem que eu sempre tive uma certa atração por espeluncas! Mas essas estavam demais. Já no final do Boulevard D’Athenas, entrando no Boulevard Dugommier, encontrei mais dois ou três, todos no mesmo estilo, estilo que quem conhece o Cairo ou Casablanca sabe do que estou falando, só que, um deles, com uma particularidade interessante: uma placa informava que ali havia vivido e morrido a anarquista Louise Michel... Louise Michel! Não há anarquista que se preze que já não tenha queimado incenso a essa velha guerreira... Em homenagem a ela subi para ver o quarto, até sentei na cama coberta por um edredom vermelho, abri a pequena janela que dava para os lados do velho porto, fiz um esforço imenso, mas... não consegui domar meus instintos burgueses. Pedi desculpas à velha camarada por meu recuo, por meu egoísmo e por meu amor por um lençol de 500 fios e vim pagar o olho da cara para passar o resto da noite aqui num dos estandardizados e burgueses IBIS da vida...

Um comentário:

  1. Bandido, miserável, você já está em Marseille! E ainda bem, no IBIS, mas também, lençol de 500 fios, quem resiste (rsrsrs)? Não esqueça de caprichar a pronúncia do "m" porque marseillês que é marseillês não perdoa. Bone chance!!!

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