Você que sempre quis ir perambular pelo "exótico" mundo árabe/muçulmano, mas que ainda não conseguiu superar o preconceito, o medo de bombas e a paranóia, o dia que passar por aqui é só subir a rue Cours Belsunce, esquina com Canebière, passar em frente ao Esquisse D'oriente, à Biblioteca Alcazar e depois entrar na rue D'aix, cruzar por debaixo do Arco do Triunfo e subir pela rua do Pastor até o Marche du Soleil... de preferência num sábado de manhã. É como se estivesse lá em Tanger, na Alexandria ou no Cairo... As comidas, as roupas, a gritaria, a música, os cheiros, os anúncios para circuncisão etc., é tudo igual, com a diferença que aqui não há dinamites e nem burkas. De vez em quando, no meio de toda a folia de comerciantes, aparecem duas ou três universitárias, vestidas a la Arábia Saudita, que passam saracoteando e aparentemente indiferentes, com apenas as mãos magras e o rosto branco e delicado de fora... Hunnm! Hunm!! Quê mistérios, que fantasias e que delícias pensam elas que podem ocultar!? Levantar as córneas uma vez ou outra para as paredes e janelas também é fundamental tanto para seguir interpretando livremente o mundo e para lembrar que não se está em Champs Elysees, como para admirar um ou outro gerânio vermelho cultivado em vasos clandestinos e improvisados, exotismo que nos faz ter consciência de que até doméstica e esteticamente todos somos mais ou menos semitas...
Quase no mesmo caminho existia o famoso Café turco, rue Canebière esquina com rue Beauvau. Théophile Gautier o menciona em seu livro Constantinople (1853), mas já não existe mais. Um pouco mais acima, em frente a famosa Bourse, foi onde, em 1934, anarquistas croatas assassinaram o rei Alexandre, da Yougoslavie...
Enfim, mudando um pouco de foco, mas ficando no mesmo assunto, que o mundo está louco há muito tempo, não é novidade. O que é importante lembrar é que a menos de três metros de distância, nenhum sujeito (da nacionalidade que for e por mais farsante que seja) consegue esconder dos outros seus desvarios e suas loucuras...
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