domingo, 27 de janeiro de 2013

Plusvalia! Ou, a putaria da livre concorrência...

O cupom ao lado refere-se a conta do café da manhã deste sábado, numa birosca aqui da cidade. Mesmo que Marx não tivesse escrito as 2247 páginas de seu Kapital, esse assalto estúpido já faria qualquer otário entender o que é, de fato, a tão falada plusvalia e como funciona a rapina social. A ignorância e a alienação social por um lado, e a existência desses gatunos respaldados pelo Estado, por outro, é que têm perpetuado essa engrenagem vil, esse superfaturamento irracional e essa roubalheira sem limites. 

Relaciono os ingredientes do "breakfast":

1 baguete (de um palmo)                                        R$: 2,90
1 pão de chocolate (de 1/3 de palmo)                     R$: 8,70
1 capuccino                                                             R$: 7,80
1 xícara de chocolate quente                                   R$: 6,80
1 geléia de morando (de 2 cm quadrados)              R$: 1,70
                                                                            ___________
                            Total:                                           R$: 25,90
                           10% serviço de mesa                    R$:  2,59
                                                                            ____________
                            Total:                                           R$: 28,49


Com esse dinheiro se poderia comprar ali no mercado da esquina, que também explora e que também fatura mais de 100% sobre todas as mercadorias:

1 lata de chocolate com 200 gramas         (R$: 5,87)
1 lata de capuccino com 200 gramas        (R$: 6,09)
1 quilo de açucar refinado                         (R$: 1,88)
1 quilo de canela em pó (granel)               (R$: 7,50)
5 baguetes  (de um palmo)                        (R$: 5,30)
6 porções de geléia de morango                (R$: 1,75)
                                                                ____________
                                                                    R$: 28,49 

Que tal!? Sempre que me surpreendo por aí, fazendo esse papel de babaca, volto para casa indignado e ávido por reler alguma coisa "consoladora", algum cânone libertário, subversivo, radical... nem que seja o pobre e vencido Bakunin ou o velho Manifesto produzido por Marx e por Engels. Releio as partes sublinhadas lá na adolescência, e mais tarde, já não tão adolescente, e faço um esforço imenso para sentir o mesmo entusiasmo e as mesmas convulsões de outrora. As percepções desses homens foram geniais! Colocaram bem a mostra o mau caráter das relações de trabalho e de produção, apontaram o dedo para os grandes larápios, para o DNA das grandes máfias, para a doença sempre pronta a germinar na "alma" humana... Mas reconheço que caducaram e que já são cartas fora do baralho! Os bancos, as grandes corporações, as fábricas de medicamentos, a mídia, os cínicos donos do mundo, instrumentalizados pelos intelectuais e pelos governos de todas as laias e facções, foram os grandes vencedores.., instalaram a máquina que aí está e que funciona com a máxima perfeição, pelo menos na pacificação e na saciação aparente do rebanho...      

2 comentários:


  1. Mas ainda não venceram. Percebo que aos poucos as pessoas vão se conscientizando de que somos roubados legalmente todos os dias por todos e em todas as urbes civilizadas. Nas menos civilizadas como as nossas, somos roubados mais. Sem falar dos impostos embutidos em tudo. Os que já perceberam como a coisa funciona, já compram e preparam suas refeições de forma a se desviarem da extorsão, cuidam melhor da saúde para não dependerem dos medicamentos, bebem menos, comem menos e observam mais!!
    É suficiente? Não sei... Penso que não. Tem solução? Teria mas... Acho que demora e não sei se chegaremos lá. Para onde estamos indo? Eis alguns questionamentos que sua crônica nos suscita.

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  2. Essa referência a Bakunin me fez lembrar do último filme do Cláudio Assis, Febre do Rato (2011), que é muito foda. Dele também e excelentes: Amarelo Manga (2002) e Baixio das Bestas (2006)...

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