Você
já ouviu falar de Macaé? Conhecida também por Princesinha do mar, é um
município do RJ, antiga terra dos tamoios e dos goitacás, atualmente com uns cento e vinte mil
habitantes, dos quais, 60% ainda desprovidos de saneamento básico. Foi ali, que
nesta semana, um juiz da Vara da família/juventude e do idoso, num surto
medievo, ordenou a captura e o recolhimento dos
livros de E. L. James, aquela trilogia de fantasias sexuais para donas de casa
(que está vendendo como aspirina) por considerá-los de conteúdo inapropriado
para crianças e adolescentes...
Por
conhecer as motivações e o perfil tanto dos juízes como dos editores, não duvido que essa
censura tenha sido apenas um truque de mercado para incrementar ainda mais as
vendas desse abacaxi literário... Depois que soubemos que para se ter um
determinado livro exposto em lugar privilegiado nas livrarias é necessário
pagar até cinco mil mensais ao livreiro, o que não se pode esperar do
sofisticado lupanar literário!? O argumento do juiz de que existe o risco do
livro ser manuseado e lido por crianças nas livrarias é quase absurdo.
Primeiro, porque é sabido que não só as crianças, mas também seus respectivos
pais, avós e ancestrais ao invés de irem às livrarias preferem ficar em casa se
contorcendo diante das trupes midiáticas, e segundo, porque para uma criança de
hoje em dia, o erotismo de 50 tons de cinza, se comparado ao que ela tem disponível, 24 horas por dia na internet, só lhe rememoraria a virilidade do Pato
Donald e a sensualidade da Margarida...
Quanto
à censura, queima de livros, interdições de pensamentos e etc., na história.,
lembramos de imediato do famoso Livro de Toth; da
destruição da Biblioteca de Alexandria;
do livro As estâncias de Dzyan; Os
oito volumes de Steganographie; A Mônada Hieroglífica; o manuscrito de Voynich; o livro Excalibur (que levava à loucura) etc. As aventuras da Inquisição
nem precisa mencionar. Hitler, tampouco. Dizem que o bigodudo Stalin massacrou
os geneticistas da época e que Mussolini, em 1944, queimou 80 mil livros da
Sociedade Real do Saber de Nápoles... Mais tarde, vimos essa estultícia
repetir-se também por aqui na América Latina, no período em que os militares
resolveram salvar a pátria...
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