A fuga do ator Depardieu do
território francês para não ter que pagar 75% de seu salário em impostos, gerou
interpretações contraditórias pelo mundo a fora... Se por um lado, ter que
pagar 75% de impostos sobre o salário, seja na França ou no Inferno é realmente
uma afronta e um assalto descarado... por outro, ganhar mais de um milhão de
euros por ano, apenas fazendo filmezinhos babacas e pantomima para as câmeras
também é uma aberração inqualificável... O que sempre foi e continua sendo mais
nojento no capitalismo é essa possibilidade de um mentecapto ou de um bundão ganhar trilhões
(veja-se os jogadores de futebol, os boxeadores, os apresentadores de tevê, os
cantores, cineastas, as modelos e etc.,) enquanto os sujeitos que garantiram e
garantem ao mundo os principais instrumentos civilizatórios sempre
viveram e vivem com salários aviltantes e na merda...
Agora..., você que está aí enchendo o rabo de
cerveja nas últimas horas deste domingo ensolarado, tendo achaques, falando como
um adolescente sobre o luxo do Lamborghini do
Roberto Carlos e achando que esse absurdo de impostos é coisa só dos países
desenvolvidos, está equivocado. Você mesmo, que se precisar com urgência de um
médico terá que passar oito horas numa fila para marcar consulta, e mesmo assim, para ser atendido só daqui a
seis meses; você mesmo que já nem lembra mais quantas vezes teve que mijar nas
calças porque por aí não há banheiros públicos; você mesmo que vê seus filhos
concluindo os cursos básicos sem saber diferenciar uma minhoca de uma sucuri; você
mesmo que paga por um automóvel dez vezes mais do que vale, que gasta com
remédios 2/3 de seus rendimentos; que contabiliza dezenas de mortos diariamente
nos estradões abandonados; que não come uma azeitona sem que esteja tributada;
que se sair de casa depois da 8 está predestinado a levar um tiro na cara...
você mesmo, companheiro, sobre cada uma dessas cervejas vagabundas que enfia
para as tripas paga relativamente mais impostos que o monsieur Depardieu... Só
de seu contracheque são descontados 27% sem falar dos 10% de INSS. Mas não é
só. Feijão, pasta dental, roupas, gasolina, água, barbeadores, mata mosquitos,
papel higiênico! Sobre qualquer porcaria que seja obrigado a consumir há uma
taxação descabida que vai para o saco sem fundo do estado... E, mesmo assim, no final do ano, (se você não for dono de uma igreja ou de uma seita) o contador
ainda lhe apresentará outra conta a ser paga à Receita Federal... Conta que se
não for quitada até a data determinada, o estado confisca seu passaporte,
interdita seus passos e risca seu nome da imensa lista onde estão registrados
todos os movimentos da boiada... E mesmo assim continua lhe chamando carinhosa e cinicamente de cidadão
e a fazer apologia de sua liberdade... Quem é a receita federal? Quem é o Estado?
Quem é o governo? Ah, isso ninguém sabe...
http://internacional.elpais.com/internacional/2013/01/06/actualidad/1357495303_153600.html
ResponderExcluirO pior é assistir, como eu vi, aonde vão parar os impostos, e não poder fazer absolutamente nada, ao contrário, se você não entrar no "esquema" será morto ou perseguido... E enquanto isso, o dinheiro que seria destinado à saúde, à educação, à segurança, à infraestrutura, ao transporte...toma outros rumos, que todos nós conhecemos... Outro dia reencontrei com uma conhecida que não a via há muito tempo, e que há uns dez anos havia abraçado a profissão de "concursanda". De origem muito humilde, ela se empenhou em tornar-se funcionária pública, até que passou. Adorei tê-la reencontrado, e principalmente saber que ela conseguiu alcançar o objetivo que havia determinado, e como é comum na cidade de Brasília, a moça em meia hora descreveu o patrimônio que adquiriu, durante apenas quatro anos no serviço público: mansão no Lago Sul, carro importado, chácara em Sobradinho, viagens para o exterior, cirurgias estéticas, e outras coisas que eu nem consegui prestar atenção, mas o que mais me espantou é como se pode adquirir todo esse patrimônio com um simples salário do funcionalismo público em apenas 4 anos? Ela ainda estava solteira, e mesmo que tivesse arrumado um "bem feitor", não acredito que fosse tão generoso... E como ela mesma disse: "- Eu trabalho muito para ser bem recompensada..."; e ainda fez questão de comentar que se eu não tivesse sido tão burra poderia estar ainda melhor... Eu sorri, e disse que eu estava com sorte, por ainda estar viva...
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