Com tantos “mestres”,
“preceptores” e “mentores” soltos aí
pelos aposentos da República, até os mendigos estão cada vez mais trapaceiros, astutos e ladinos
aqui em Brasília. Nesta terça-feira, no semáforo que fica em frente ao Museu da República, um deles, em
farrapos, tentava arrancar alguns centavos dos perfumados e recém banhados
motoristas, com suas camisas de punho duplo, seus crachás e seus carrões de 300
cavalos. Veio também em minha direção ziguezagueando por entre os escapamentos
e arrastando os calcanhares no asfalto fervilhante até postar-se junto à
minha janela. Apoiou de maneira humilde a mão esquerda no retrovisor como se ali fosse o parapeito do mundo e com a direita
levantou matreiramente a camisa ao mesmo tempo em que ia confessando ter passado
recentemente por uma complexa cirurgia no Hospital de Base... Mais ou menos na altura das tripas ou do fígado
vi que realmente havia algo com aspecto de uma ferida imensa, mas que na
verdade era uma maquiagem feita com um pedaço de pimentão vermelho, tubos e
esparadrapo que lhe dava um aspecto chocante, horrível e quase terminal... Mais
tarde, nos fundos de um mercado, um outro da mesma laia e estirpe ao me ver atravessando
o estacionamento veio teatralizando e se requebrando como se fosse o último ser livre do planeta e foi dizendo: - Dr.,você não vai acreditar..., dois travecos bêbados começaram a brigar
aqui sobre o capô de seu carro e já iam quebrando seu para-brisa... Não deixei!
Interferi e até me cortaram o braço. Exibiu em seguida um ferimento no braço
esquerdo, cravou-me seus olhos onde estava estampada além de uma insônia de mil
anos a mais terrível de todas as solitudes
e ficou imóvel, aguardando como um cão sarnento sua merecida migalha... Eu que
estou convicto de que viver além do limite de dignidade é uma insensatez e um
mau negócio, às vezes até me surpreendo pensando que seria importante passar
uns duzentos anos aqui neste planeta maldito, só para poder estudar a fundo
essa insana, tremenda e desgraçada espécie...
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Observação: para atender ao comentário de uma leitora, podem substituir a "palavrinha" maldito por funesto e a desgraçada por desventurada e, inclusive, qualquer outra que possa acarretar-lhes algum mal-estar também pode ser riscada, banida ou trocada sem nenhum pudor. Aliás, o texto inteiro pode ser reescrito sem autorização de ninguém. Como as palavras não serviram para nada nos últimos milênios, não será agora que um adjetivo, um sinônimo ou um antônimo venha a fazer alguma diferença...
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Observação: para atender ao comentário de uma leitora, podem substituir a "palavrinha" maldito por funesto e a desgraçada por desventurada e, inclusive, qualquer outra que possa acarretar-lhes algum mal-estar também pode ser riscada, banida ou trocada sem nenhum pudor. Aliás, o texto inteiro pode ser reescrito sem autorização de ninguém. Como as palavras não serviram para nada nos últimos milênios, não será agora que um adjetivo, um sinônimo ou um antônimo venha a fazer alguma diferença...
Nem em mil anos.
ResponderExcluir( Voce pode manter a moderação de comentarios sem as tais palavrinhas )
ResponderExcluirVeja mais um para teu estudo:
ResponderExcluirhttp://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2012/09/04/interna_brasil,320849/jovem-e-morta-acidentalmente-pelo-namorado-durante-fetiche-sexual.shtml