domingo, 2 de setembro de 2012

Ciclovias, matemáticas e chauvinismos...


1. Depois de cinquenta anos as tais “ciclovias” estão saindo da prancheta e se tornando realidade aqui na Capital da República. Pela história recente não podemos negar que os escândalos políticos têm tido entre nós uma importante função social, pois sempre que explode uma bomba nos porões dos governos de turno e que os invejosos começam a instalar guilhotinas na Praça dos Três Poderes, os envolvidos se apressam em ir à missa e em “mostrar serviço” para a comunidade, esta sempre tola, sempre sedenta e sempre ávida por alguma migalha... Mas o que importa é que em breve poderemos jogar no ferro-velho nossos automóveis, essas porcarias superfaturadas e circular por aí pedalando, pedalando, gemendo e suando como burros de carga. Vai ser exótico ver as elegantes e bem pagas executivas com seus penteados, seus saiões de três mil dólares e sapatos de uns quinhentos de pernas entre abertas roçando as coxas e a xota até chegarem às garagens de seus devidos ministérios ou tribunais... Imaginem então os juízes em suas bikes com aquelas capas de vampiros descendo em alta velocidade pela Esplanada dos Ministérios com seus assessores e seus seguranças atrás levando maletas repletas de papéis e de objetos clandestinos... E os ilustres ministros!.. Com seus ternos comprados naquele mesmo alfaiate de Londres subindo da Península com vinte ou trinta lobistas e corruptos em sua rabeira... Ah, com certeza Brasília será mais feliz!, e um clima de festa e de promiscuidade se instalará espontaneamente em cada entre quadra. Ficará parecida a Amsterdam, a Beijing, às cidades provincianas da Alemanha... Mas há um problema de saúde pública a se discutir: o assento. Esse arcáico instrumento sobre o qual o ciclista tem que instalar seu rabo. Apesar da variedade disponível no mercado não se evoluiu grande coisa desde aqueles de bambu projetados por Lu Ban há dois mil e quinhentos anos lá na China. Não há traseiro que aguente! Mas e não é só isso, segundo pesquisas recentes, esses assentos, além de alterarem a produção do hormônio prostático (nos homens), ainda “anestesia” uma região importante do períneo, tanto nos machos como nas fêmeas, puxando para baixo seu desejo e sua libido. O que é o períneo? É um conjunto de músculos que nas mulheres vão da parte de baixo da vulva até o ânus e nos homens, do saco até o mesmo lugar…
2. E as discussões sobre a baixa qualidade do ensino no país parecem intermináveis. Pintam-se as escolas, muda-se a merenda, coloca-se papel higiênico nas toaletes, planta-se três ou quatro ipês diante das janelas, se aumenta quarenta reais no salario dos professores, se dá vacinas nos alunos, se faz promessas de todos os tipos, se distribuem pasteizinhos de vento aos mais pobres, se inventa cotas e mais cotas, se distribuem computadores, se incrementam as bolsas sanduiches em Paris e Montreal etc. Etc., mil outras bobagens infantilóides e nada... Tudo segue cada dia pior. Aos pesquisadores de plantão e aos filósofos da educação bastaria fazer uma única pergunta aos alunos de primeiro e segundo graus para saber o destino do país: - Você gosta de matemática? Se a resposta é não, podem decretar a falência da República. Um povo que não gosta e que não sabe matemática é um povo perdido, sem futuro, destinado a ficar de joelhos (ou de quatro) toda sua existência. Por isso, seria pertinente incluir um novo item nos protocolos da Comissão da Verdade e passar a investigar, além dos torturadores e dos sádicos do período ditatorial, também a identidade dos professores de matemática dos últimos 100 anos.
3. Como hoje é domingo, cruzei com o mendigo K. numa dessas fedorentas passagens subterrâneas aqui da cidade. Estava visivelmente desolado. Como íamos na mesma direção seguimos caminhando lado a lado e ele foi logo falando: Nunca estive tão mal como nesse mês de agosto. Será porque é o mês de cachorros loucos! – ensaiou um breve sorriso. Como você sabe, sou de Jequitinhonha, Minas Gerais, e o mensalão tem sido um golpe duro para meu Estado. Todos os mineiros honrados que vivem nesta cidade estão com o mesmo sentimento... É que a maioria dos réus são de lá. Até o Dirceu que todo mundo pensa que é de São Paulo nasceu em Passa Quatro, Minas Gerais. E se não bastasse os réus, aquele batalhão de advogados incompetentes que tentou livrá-los da cadeia são quase todos de lá, menos o Thomaz Bastos, graças a Deus!!!. Quando os ouvia dizer no princípio de suas intervenções ou no meio de suas mentiras: - venho lá das Minas Gerais, quase tinha um infarto! Por quê precisavam dizer essa inútil e ignóbil frase? E o mais inquietante, é que o faziam com tanta jubilidade como se Belo Horizonte fosse uma espécie de Genebra ou se Minas competisse de igual para igual com a Suécia!!! Me diga, doutor, de onde advém esse “amor”, esse delírio e esse chauvinismo? E não ficavam por aí não, elogiavam de maneira particular aos vários ministros "mineiros" daquela Corte, recitavam emocionados a poetas daquelas terras e referiam-se a UFMG onde supostamente teriam feito seus cursos de direito como se estivessem falando de Yale ou Harvard. Nem menciono a Sorbonne, porque pareceria um colégio de segundo grau diante da deles... Neste ponto interrompeu sua fala e, sem ter a mínima curiosidade em saber o que eu pensava de sua crítica, dobrou à direita e voltou pela mesma passagem insalubre que mais parecia um daqueles mijatórios medievais...

2 comentários:

  1. quem mais odeia matemática são os professores de matemática!... Conheci vários e várias de matemática, a maioria odiava o que fazia, e mais da metade não sabia matemática, apenas enrolava e muito bem. Uma vez no ensino medio tive um professor de matemática que odiava a matéria e explicava muito mal, esse cara já morreu inclusive. Ele costumava - na época - rodar todo mundo, principalmente as moças (misógino, era casa e não era gay!). Não explicava nada e rodava. Como sempre, quando estou em apuros costumo aprender na marra e rápido, passei, mas até hoje não me lembro das moças que esse filho da puta rodou, moças humildes que vinham de longe de ônibus aqui no interior onde moro. Não custava nada o filho da puta passar elas, afinal elas só queriam o diploma para um empreguinho no comércio. Morreu o filho da puta. Não tive pena nenhuma. Que se foda.

    ResponderExcluir
  2. (continuando a conversa)...bike faz mal sim, andei a juventude toda de bike e tive alguns problemas sim, se fizessem um selim mais confortável mas essas bikes do Brasil são uma merda, as bikes de outros países são mais bonitas e bem feitas.

    ResponderExcluir