Quando se quer falar lacônica e abreviadamente da incompetência, da malandragem e do bizantismo dos governos aqui no DF, se fala logo das Escadas Rolantes da rodoviária; dos Puxadinhos clandestinos; das Passarelas por debaixo dos eixos; do Tomógrafos encaixotados; do Café no primeiro andar da Torre de TV; da Ruína das escolas; das Filas nos hospitais e, claro, das Toaletes públicas (até hoje inexistentes). Desde que a cidade foi construída, cada novo vivaldino que abocanhou o poder prometeu que resolveria de imediato e sumariamente essas vergonhosas pendências. Nada! Absolutamente nada! E onde se meteram esses "filantropos", esses apaixonados pelo "bem estar social" e pelos fuzuês da pátria? A questão das toaletes, por ser a mais simbólica e grave de todas, curiosamente, é também a mais negligenciada. Impossível mijar por aí, e se a necessidade for mais complexa então, nem pensar. O que passaria pela cabeça desses energúmenos que, apesar dos ganidos irritantes, não resolvem uma questão tão elementar? - é o que todo mundo se pergunta. Problemas com os dejetos? Algo relacionado com a fase anal? A merda lhes remeteria a algumas de suas múltiplas, secretas e negadas neuroses diárias? Só pode ser. Assim como a qualidade de um restaurante se mede pelo cheiro e pelo estado de seus banheiros é evidente que pode-se usar os mesmos parâmetros para avaliar uma cidade. Qual seria a dificuldade? Dinheiro? Pelo valor dos estádios (esses coliseus de mentecaptos) que estão sendo construídos Brasil a fora e do montante das propinas que têm rolado por aí, todo mundo sabe que não é. Faltam engenheiros e arquitetos? Ora, qualquer pedreiro vesgo de periferia resolveria o assunto em semanas.
- Ah, doutor, é que estamos preocupadissimos apenas com as Olimpíadas e com a Copa de 2014!!!
Ah bom! Então está justificado!!! Somos uma sociedade que dá sua alma para garantir o lazer e o bem estar de seu povo, não é verdade? As últimas notícias sobre as máfias dos clubes de futebol e das Escolas de Samba justificam tudo, até mesmo o sucateamento da Estação brasileira lá na Antartida...
Um país aos pedaços, com mais da metade de sua população vivendo na mais abjeta ignorância fazer tanto teatro e dar tanta importância a uma estúpida e futura disputa de futebol é realmente inacreditável. Sabendo-se ou não fomenta-se a burrice nacional através dos esportes e inclusive se lubrifica uma máquina e um sistema de escravidão que envolve não apenas as plateias imbecilizadas mas também os jogadores, sem falar das milhares e milhares de crianças pobres que são iludidas de que poderão vir-a-ser como esses dois ou três pernas de pau que aqui e ali são bajulados e mistificados. A realidade tem provado que a grande maioria dessas pobres crianças não vão além da ilusão e que na maioria das vezes acabam tendo um destino até pior que o de seus miseráveis ancestrais. Talvez o velho Kant se referisse a absurdidades como essas quando afirmava que a "Providência era mefistofélica porque perseguia o "bem" da espécie através do "mal" do indivíduo".
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