Sempre que algum psicólogo, psiquiatra, antropólogo ou outro personagem qualquer recém saído dos subterrâneos estéreis de uma universidade me solicita uma sugestão temática para seu mestrado, doutoramento ou pós doutoramento, sempre lhe respondo a mesma coisa: que tal uma pesquisa relacionando corrupção com o aparecimento de doenças? Dinheiro sujo e culpa com enfermidades? Prevaricação e desvio de dinheiro público com sintomas? Atos de corrupção com morte inesperada? Quando arregalam os olhos por não terem entendido qual a lógica e nem qual o nexo entre essas “barbaridades”, para tornar ainda mais sedutor e transcendente o futuro projeto, explico: a hipótese (mas que para muitos já é tese) é de que na penumbra dos dias e no auge da corrupção, quando as maletas de dólares vão para lá e para cá o corrupto adoece. E mais, que pelo histórico médico e pelas características dos chiliques e sintomas de um homem público pode-se saber exatamente os períodos em que ele mais rapinou. Em alguns casos, a relação entre corrupção e aparecimento de doenças é tão direta que se pode até adivinhar o montante desviado. Claro que não é necessário fazer um levantamento de nossos quinhentos anos, o que seria compilar inutilmente um horror de embustes, emporcalhamentos, roubalheiras e de enfermidades. Preocupem-se apenas com nossos últimos vinte anos que já será mais do que suficiente.
Alguns acham que estou brincando, fazendo piada, sarcasmo ou ironia. Outros, criados em famílias onde predomina um nevoeiro místico tendem a ver o assunto por um ângulo moralista como se eu estivesse insinuando que a doença seria um castigo divino etc. Claro que não é por aí. Aliás, que é um castigo é, mas não advindo do além ou dos tribunais celestes como se acredita, mas pura e simplesmente da Lei de Talião que vigora no inconsciente do sujeito, por mais larápio, tapado, dissimulado e descarado que pareça ser. Pelo que se sabe até agora, essa Lei é única e implacável. Não precisa de uma Corte Suprema e nem de Magistrados para aplicá-la ou para pervertê-la. E, no fim das contas, ela é o consolo de milhões e milhões de “barnabés” que passam a vida inteira em seus empreguinhos ruminando migalhas com ódio e vendo ao seu redor a sempiterna opereta desses jagunços...
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