Com a chegada da ministra Menecucci ao governo e com ela novamente a lengalenga da legalização ou não do aborto, a cólera da bancada dos evangélicos no Congresso, mais o cinismo do bispo de Assis/SP e a tagarelice doentia de outras dezenas de legiões de fanáticos sem fronteiras parecem anunciar descaradamente a confecção de um novo Malleus Maleficarum e mais, que não está longe a vinda de outra inquisição. Já que todo mundo está intimidado, com o rabo entre as coxas e dormindo de boca aberta diante da militância dessas legiões de loucos, pelo menos nós precisamos estar íntegros e lúcidos para, quando chegar o momento, arder às gargalhadas nas labaredas que serão levantadas por esses dementes! Quanto ao bispo de SP, que cuspindo fogo como um Leviatã acusou a ministra de ser uma aborteira mal amada, infeliz e mensageira da morte, perguntamos: sinceramente, mesmo com toda a onda de pedofilia que anda por aí, o que é que um bispo pode saber a respeito do amor e a respeito da felicidade??? Já, sobre a morte de crianças, o bispo vai encontrar coisas muito mais objetivas e substanciais que um simples aborto lá no manual de bizarrices que é o Antigo Testamento, principalmente na parte sobre a Matança dos canaanitas. Agora, que a bancada dos evangélicos represente 1/4 dos parlamentares no Congresso, sem falar dos de outras confrarias, isso sim é um aborto inadmissivel apesar de já legalizado há muito. Direito de expressão religiosa? Sim, mas nas catacumbas! Não no parlamento. Que o aborto é uma questão de saúde pública e não de moralismos fajutos, - como defende a Menecucci, é mais do que evidente!
O livro de Julio Cabrera e Thiago L. di Santis: PORQUE TE AMO, NÃO NASCERÁS, faria muito bem ao parlamento inteiro.
Brasília, edificada aqui nos confins do judas, segundo os esotéricos, por indicação do sonho de um padreco italiano e onde verteria vinho, mel e pão de ló dos tortuosos troncos do cerrado, está ficando cada dia mais bárbara, violenta e insana, com sangue no lugar do vinho e com muita cólera e demência no lugar do pão de ló. Nesta semana até um cadeirante tocou fogo em duas cabines telefônicas ali em frente ao Museu da República. Ninguém sabe exatamente o motivo, mas em se tratando de telefones, quem é que nunca sentiu o mesmo impulso e que só não foi ao ato porque havia esquecido os fósforos em casa???
Centenas de milhares de candidatos se inscreveram para o Concurso do Senado que acontecerá em breve. Todo mundo acredita que as vagas principais já estão vendidas, e você? Há até quem defenda a ideia de que melhor que concursos seria valer-se da Loteria Federal. Como as provas só medem aquilo que o sujeito NÃO SABE ao invés daquilo que ele SABE, qualquer escolha feita através do Bingo seria bem mais justa para com os candidatos.
A vergonha consiste sempre numa referência ao que pareço ao outro, e isso o divide em dois como uma foice, escreve Sartre em Le Sursis. E prossegue, em algum outro lugar: o Outro, ao aparecer, roubou-me o mundo: minou pela base a centralização que ao mesmo tempo eu operava por minha conta. (...) Ele e eu somos duas liberdades que se enfrentam e que tentam se paralisar mutuamente pelo olhar. (...) Todas as condutas diante do outro são condutas de conflito. (...) Portanto, o ódio, é formalmente o reconhecimento da liberdade dos outros, mas como devendo ser suprimida. (...) mas, desaparecidos teriam levado consigo para o túmulo a chave da minha alienação. A morte deles me petrificaria imediatamente, tornando-me objeto, da mesmíssima forma como o faria a minha própria morte. O triunfo do ódio transformar-se-ia em derrota absoluta...
Não tem jeito: o Outro é realmente o nosso inferno!!!
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