sexta-feira, 11 de agosto de 2023

"Partes íntimas" Trata-se de metáfora ou de metonímia? Da vulva mítica do Devereux, ou de nada disso?

 



 

A discussão hoje, na padaria, entre mendigos e funcionários públicos girava ao redor da notícia de jornal (que se vê acima).

Partes íntimas?

 Baubo - La vulva mítica? Mas quem é que conhece a obra de Georges Devereux?

Parece ironia, mas não é qualquer um que sabe o que são partes íntimas. E mais: que se chame assim a esse lugar por onde todos nascemos e por onde se pode até camuflar 99 gramas de maconha e 25 gramas de cocaína... 

A esposa do Mendigo K, ouvindo a idealização e as bobagens que aqueles brutamontes diziam a respeito do corpo feminino ria e debochava da ingenuidade deles. Mesmo eles, que não tinham que dar satisfação a nenhum chefe de redação, não se atreviam a pronunciar a palavra tabu: xota. Buceta, então, com toda sua obscenidade, nem pensar... Até vagina, essa palavra ridícula, não era verbalizada... Um deles, que havia viajado pelos países da América latina insistia em dizer que partes íntimas por lá era o mesmo que "concha" ou que "coño".... Mas não convencia, porque essas palavras não levavam em si nenhuma carga de libido. 

99 gramas de maconha no Coño! (?) 

25 gramas de cocaína no interior da concha! (?)

A discussão se prolongou até que um deles, retirou de uma sacola de plástico, dessas de mercado, o livro do psicanalista argentino Ariel C. Arango: Las malas palavras (OS PALAVRÕES), e foi lendo o último parágrafo da página 109: [...Finalmente penetramos no mundo do tabu. Mas não chegamos ainda ao momento supremo da experiência sexual e, portanto, à suprema proibição. Ao âmbito mais severamente vedado, quer dizer, à inefável experiência do coito. É aí que a interdição moral atinge seu ponto máximo, sua força mais tremenda. São as palavras mais terríveis: foder, pica e, acima de todas, boceta! Estas são palavras definitivamente proscritas de qualquer diálogo culto. E ninguém pode imaginar ouví-las da boca de uma professora numa sala de aula. Mais que qualquer outra de suas irmãs, elas provocam, ao serem pronunciadas, um contundente efeito alucinatório, e sua introdução sub-reptícia, em qualquer diálogo, é fortemente perturbadora. Por isso, constituem o ingrediente preferido de todas as piadas "sujas"....] etc, etc...

O grupo foi se desintegrando aos poucos e tudo ficou por isso mesmo... com a certeza de que o mito, o tabu, o medo, a repressão e a negação de partes do corpo, seguirão por outros mil anos...





Um comentário:

  1. É foda! Acreditem! Eu namorei uma garota que detestava essa palavra Buceta( usemos o "u", fica mais enfatico). Ela gostava mesmo era da palavra CIFRÃO( amava!) kkkkk. Será que o namoro acabou à toa?

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