"O pai de Abraão fabricava ídolos de barro. Um dia, fez ver ao pequeno Abraão que já estava em tempo de ganhar o seu pão de cada dia. O garoto apanhou mercadorias da prateleira, arrumou-as num tabuleiro e foi-se ao mercado. Passavam homens, mulheres, crianças.
- Que estás vendendo, pequeno? Deuses?
- Deuses.
-Dá-me um dos teus deuses, menino - disse um homem -, Mas um deus forte, um deus que se pareça comigo - acrescentou, batendo no peito musculoso.
Abraão apanhou a estatueta e estendeu-a ao homem.
-Dá-me o dinheiro, e terás o teu deus.
O comprador pagou. Nem voltara as costas, quando o menino o deteve.
- Quantos anos tens?
- Sessenta.
- Infeliz o homem que, aos sessenta anos de idade, se curva perante uma estátua de barro, fabricada ontem. Retomou o ídolo, atirou-o ao tabuleiro e devolveu as moedas.
Passou uma mulher.
-Sou uma pobre viúva. Quero um ídolo pobre e desamparado como eu. O pequeno deu o ídolo, aceitou o dinheiro e perguntou:
- Que idade tens- Quarenta anos.
-É admissível que uma mulher de quarenta anos se prostre diante de um fantoche de argila? Toma teu dinheiro e restitui-me o meu ídolo.
Foi assim que Abraão não vendeu nada..." (Agadá), in: P.
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