sábado, 12 de agosto de 2023

O vendedor de ídolos...

 



"O pai de Abraão fabricava ídolos de barro. Um dia, fez ver ao pequeno Abraão que já estava em tempo de ganhar o seu pão de cada dia. O garoto apanhou mercadorias da prateleira, arrumou-as num tabuleiro e foi-se ao mercado. Passavam homens, mulheres, crianças.

- Que estás vendendo, pequeno? Deuses?

- Deuses.

-Dá-me um dos teus deuses, menino - disse um homem -, Mas um deus forte, um deus que se pareça comigo - acrescentou, batendo no peito musculoso.

Abraão apanhou a estatueta e estendeu-a ao homem.

-Dá-me o dinheiro, e terás o teu deus.

O comprador pagou. Nem voltara as costas, quando o menino o deteve.

- Quantos anos tens?

- Sessenta.

- Infeliz o homem que, aos sessenta anos de idade, se curva perante uma estátua de barro, fabricada ontem. Retomou o ídolo, atirou-o ao tabuleiro e devolveu as moedas.

Passou uma mulher.

-Sou uma pobre viúva. Quero um ídolo pobre e desamparado como eu. O pequeno deu o ídolo, aceitou o dinheiro e perguntou:

- Que idade tens- Quarenta anos.

-É admissível que uma mulher de quarenta anos se prostre diante de um fantoche de argila? Toma teu dinheiro e restitui-me o meu ídolo.

Foi assim que Abraão não vendeu nada..." (Agadá), in: P.








Nenhum comentário:

Postar um comentário