"O lábaro dos imbecis (Léon Bloy); Serve só para nos dar uma idéia da vastidão de nossa ignorância (Lamennais)" P.
Quem não saltou da cama mais cedo neste sábado, para percorrer as livrarias, em busca do o livro da Pasternak e do Orsi: QUE BOBAGEM!..., terá dificuldade para comprá-lo...
Como se percebe, já o titulo, quase singelo, está enfurecendo os homeopatas e os astrólogos e, principalmente, os profissionais do universo PSY...
Ouvi um dos afetados, agora de manhã, que quase levitava de fúria lançando sobre os autores (principalmente sobre a autora) as mais profanas maldições... chegou até a recomendar-lhe umas sessões de eletrochoques... Que bobagem!!!
O livro é fascinante! Por viés pessoal, fui logo à parte que vai das páginas 179 a 203: Psicanálise e psicomodismos. Excelente! Como muitos já fizeram, voltaram a abrir a tampa do vespeiro. Ora, mas não há nada demais que coloquem em xeque as ideias e as teorias do velho Freud, e das confrarias que vivem às custas dele... O próprio Freud (quando achou necessário) pisoteou as ideias, as teorias e as crenças de Charcot e de muitos outros (médicos, psicólogos, filósofos e charlatães da época) que o antecederam... Qual é o problema? Claro, questionar o Inconsciente no Brasil ou em Buenos Aires, é mais ou menos como questionar a Santíssima Trindade nos subterrâneos do Vaticano ou, aproveitando a visita do papa à Portugal, duvidar dos Milagres de Fatima... Mas é quase um carma e uma obrigação do intelectual honesto, afinal, o mundo antes durante e pós a psicanálise continua o mesmo! Ou não? E digo psicanálise, para referir-me a todo tipo de trapaças (psy) que surgiram à sombra da genialidade freudiana. Se o velho Freud intoxicado pela dialética rabínica, precisou trapacear de vez em quando, tudo bem! Afinal, quem é que ainda não percebeu que neste oceano de náufragos, só o charlatanismo, as fúteis ilusões e as trapaças, nos unem?
Jung, Lacan, Skinner, Pavlov e até o Freud trapaceando? Que horror! Mas é compreensível... Imaginem, no caso de Freud, o moralismo da Viena daqueles tempos... (A propósito, lembram de seu recuo estratégico a respeito da Teoria da sedução? E da suposta "paranóia" do paciente Schreber.., mas que depois se descobriu que realmente, naquele hospital, costumavam castrar 'terapeuticamente', alguns pacientes?)...
É importante lembrar que se nós saímos da Idade Média, a Idade Média insiste em não sair de nós... (Viram a quantidade de gente que a policia estatal matou na semana passada??? Apesar da tagarelice dos demagogos, bem mais do que os mortos nas escaramuças entre o Zelenski e o Putin, no mesmo período...) Com quê lógica e com quê razão? E as execuções, foram "científicas" ou charlatanescas? Devem nos remeter a Descartes ou a Rudolf Steiner? E, pior: com o silêncio e a cumplicidade tanto das donas de casa como dos especialistas...)
[...Um mundo onde é legítimo tratar todas as coisas como se fossem iguais a si mesmas ou símbolos de seus opostos, de acordo com a conveniência do momento, é uma Disneylândia discursiva, o algodão doce dos sofistas...] p.194
[...O som de uma cachoeira mesmo depois que paramos de prestar atenção na queda d'água - estão muito mais próximos da concepção moderna, científica, de inconsciente do que o calabouço mental dos psicanalistas...] p. 195.
[...Seus problemas psicológicos são causados não por memórias que perderam, mas por lembranças de que não conseguem se livrar...] p. 196.
Por enquanto, só tenho visto os psicanalistas, os psicólogos e os tais epistemologos, esperneando e blasfemando contra o livro; estou verdadeiramente curioso para ver também a histeria dos astrólogos, dos acupunturistas e de outros atores destes seis mil anos de fracassos...
Falando da tal Terapia da Constelação Familiar (por exemplo), inventada por um ex padre católico alemão (experimentada em comunidades africanas e atualmente aplicada no Brasil até no judiciário, para resolver intrigas domésticas), os atores citam o caso de "uma paciente que, na terapia, "descobriu" ser a reencarnação de um dos estupradores da própria avó." Que tal???
Enfim, o livro da Natalia e do Orsi, apesar de também fomentar a fantasia de que a razão é tudo e a ilusão de que a ciência pode vir-a-ser o Sanctum Sanctorum do mundo... apesar dos suspiros e das maledicências contra eles nos departamentos das universidades, na solidão das sacristias, dos consultórios e dos Institutos, é muito bem vindo. Em alguns momentos históricos (como agora) é necessário e desejável, demolir inclusive as ruínas... (Mas sem esquecer daquilo que até Platão já cacarejava: Quando se es jovem, no se avergüenza uno de filosofar. Pero el hombre que, sendo ya maduro continúa filosofando, hace el ridículo...)
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EM TEMPO...
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