sexta-feira, 21 de abril de 2023

Gonçalves Dias e o canto, não dos sabiás, mas das sereias...



"Pigalle acha até graça naqueles cartazes anunciando stripteases

com umas mulheres que mais parecem vacas leiteiras, ou então umas sex shops que não

 impressionam mais nem a seminarista em cio ou a soldados chegados do front..."

Campos de Carvalho

(IN: Cartas de viagem, p. 37)



Brasília 63 anos! Aniversário da cidade e Memória de Tiradentes. + as anedotas de Vila Rica... Os mafiosos e os ex-coroinhas se condecoram mutuamente... Por aqui, neste feriado, além dos panegiristas de plantão que declaram sua carência, sua paixão incondicional e delirante pela cidade... só se fala em Gonçalves Dias. Pensei, inicialmente, que se tratasse daquele babacão maranhense que escreveu Canção do exílio...  mas não. Um dos mendigos me esclarece que se trata do ex- chefe do GSI que, segundo os bolsonaristas, teria feito 'vistas-míopes' à invasão dos 3 Poderes no dia 8 de janeiro, dando ainda mais argumentos para a tese de que aquela invasão foi arquitetada pelo próprio governo - recém eleito -, para ter um pretexto para enjaular a turba acampada diante dos quartéis, Brasil-a-fora... Se essa versão for verdadeira, o surrealismo seria mais inédito ainda e teremos que admitir: 1. que foi um golpe de mestre; 2. que os bolsonaristas comeram idiotamente a isca e 3. que o país inteiro foi tratado como é: um bando de "pendejos"...

E as discussões, como dizia, são intermináveis, entre os defensores do governo, de um lado, querendo cancelar a CNN/Brasil, que divulgou um vídeo mostrando o General Gonçalves Dias no meio da turma invasora e em situações suspeitas... e os adversários do governo, sedentos para voltar às mamatas e às tetas suculentas do poder... A propósito de tetas, o Lula está em Portugal; o Pacheco, o Campos Neto e mais uma turma, em Londres e a índia Sônia Guajajara, em New York... todos, sob o argumento de que essa monarquia, travestida de república, tem a obrigação de dar continuidade à construção da obra divina... antes que Cristo e Godot voltem... e que o barbeiro da esquina, se quiser comprar uma tesoura na China, terá que pagar 60% de impostos... (Ao invés de coibirem a voracidade e a roubalheira dos comerciantes daqui, querem proibir-nos de comprar o mesmo produto por um terço do preço, lá em Shangai. Tem sentido uma merda dessas?) 

Ah! Os tapetes e os cheiros dos hotéis Five Stars! E as aias transportando os Cartões Corporativos em libras, em euros e em DÓLARES... no fundo daquelas sacras bolsas da Gucci... Lembram da princesa Laili, lá dos contos de fadas indianos, aquela que depois de receber uma mensagem de Khuda, em sonhos, passou doze anos vagando pelas florestas da Índia a procura do Principe Madjun? Quero Madjun! Quero Madjum! Quero Madjum!

Sim, trata-se do Estado Monstro que Nietzsche tanto falava. E as camareiras poliglotas que, do meio de pilhas de lençóis e fronhas de seda, vistoriam clandestinamente as malas e se insinuam aos 'altos funcionários'?... Só que cada insinuação e cada gesto tem um preço... e todas filiadas aos SIDLETCE  (Sindicato Internacional das ladras e trapaceiras Cinco Estrelas)... A comédia do amor e a putaria polimórfica... Ah! e a magia sem limites dos Cartões Corporativos...  Ah! como não invejar essa gente??? E a ralé, lá nos cafundós da pátria, pagando a conta, mentindo para si mesmo e se iludindo com as assinaturas dos tais cinquenta e tantos contratos, sem saber sequer, se em uma das cláusulas, o seu próprio rabo está sendo penhorado a um cowboy gringo, a um rajah indiano ou a um mandarim chinês....  

Mas, voltando ao general em questão, o Mendigo K, que jura ter visto o vídeo várias vezes, me dizia que o  que mais o incomodou naquelas imagens do General (xará do poeta maranhense) indo pacificamente de um lado a outro no meio da turma desvairada, foi sua barriga. Como é possível ser general, ministro, chefe de um órgão de segurança como o GSI, (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República), e desempenhar um trabalho respeitável, com aquele barrigão?

Ao mesmo tempo em que acendo um incenso a Bakunin, penso na italiana daqueles tempos, com noventa e tantos anos que, olhando pela janela e vendo alguém lhe roubando as camélias vermelhas do jardim, resmungava, num italiano meio inventado: POVERA GENTE!!!



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