quinta-feira, 27 de abril de 2023

A LEI DAS FAKE NEWS... Uma espécie de novo mandamento......


Até aqueles que nunca abriram um livro na vida estão felizes porque os sábios de plantão incluiram o nome do Pelé no Michaelis... É provável que a partir de agora, seremos todos mais felizes...

Continuo minha releitura:

 "...Examinar o Lexicon Recentis Latinatis, contudo, serve para aumentar a consciência sobre nosso próprio idioma. Em geral, a convivência com a língua materna vai nos deixando cegos para a etimologia das palavras e das expressões mais usadas... (...) Desodorante aparece como foetoris delumentum ("eliminador de fedor"), o hambúrguer é isicium hamburgense ("picadinho à moda de Hamburgo"), e espaguete é pasta vermiculada ("massa em forma de vermes")."  Claudio Moreno (IN: O prazer das palavras, Vol. 1. p. 197)


  • “Não terás outros deuses diante de mim”. 

  • “Não farás para ti imagens de escultura”. 

  • “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão”. 

  • “Honra a teu pai e a tua mãe”. 

  • “Não matarás”. 

  • “Não adulterarás”. 

  • “Não furtarás”. (

  • “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”.

  • “Não cobiçarás”. 

  • Não divulgarás fake news.


Não é nem necessário insistir que a Lei das fake news é uma inaptidão; um passo atrás, um retrocesso, um gesto de negação da ciência e da tecnologia; um pacto com a mediocridade... um conflito com a palavra, com o desejo e com o pecado; ressentimento contra si mesmo e um truque para proteger a gatunagem de 'alto padrão' e para ter o populacho sob as botas... algo que lembra aquela madre superiora que ordenava às suas novatas que não fossem nuas para a cama e que se amarrassem as mãos, para não cairem na tentação clitoriana...
Ao contrário de ser 'uma forma de coibir mentiras' (como se pretende), é uma tentativa de limitar e empobrecer as verdades... Mais ou menos como retirar das enciclopédias aquelas palavras e aqueles assuntos com os quais, por neurastenia, não sabemos lidar. Ora, quem tem mais de dez anos já teve oportunidade de entender que, neste circo secular em que nos debatemos, nenhuma mentira, assim como nenhuma verdade, é pura ou absoluta! Que UMA está sempre contida na OUTRA, e que quem tentar isolar o oxigênio e o hidrogênio, ficará sem a água. E mais: que lembrando a Bernard Shaw, todas as supostas verdades começaram como blasfêmias... e que o mentiroso e o mitômano têm fé em suas mentiras e em seus mitos. Aliás, observem como até hoje o mundo só levantou estátuas, templos e monumentos em memória a grandes mentirosos... E que a intriga sobre o assunto não é pela "verdade", mas apenas pelas verbas de publicidade... E que a mentira só é mentira para aquele que a recebe, aquele que a engendra crê e precisa dela para respirar na precariedade ordinária do cotidiano... Por mais que consideremos a fé como um sinal de desvario, sempre lembramos de Chateaubriand: "aqueles que nunca navegaram têm dificuldade para entender o que se experimenta quando, do convés do navio, já não vê mais do que a face austera do abismo..." E mais: que sem uma importante dose de fake news o chamado Iluminismo nem teria se estabelecido; e os templos, as universidades e os tribunais (inclusive e principalmente, os puteiros) seriam obrigados a fechar as portas, ou não? Mas, eis que mais do que de repente, ressurge, e até com certa grandiloquência demagógica, esse fragmento da filosofia e da teologia da miséria. Essa sociologia do aprisco... E agora, como livrar-se desse secreto fascínio pelas trevas? Dessa tirania sem tiranos? Desse farisaísmo? Dessa pregaria dos impérios sobre as colônias e dessa genuflexão das colônias para agradar aos impérios. Quanto tempo demorará ainda para que essa gente passe a defender também a idéia de uma lobotomia preventiva? Sim, trata-se de uma espécie curiosa de autofagia... Uma forma de manipulação das massas e bem mais cretina do que qualquer fake news, por mais idiota que esta seja... E se o povo, por si mesmo, é "burro" demais para discernir o que é "verdade" e o que é "mentira", então, que se diminua as fraudes oficiais e que se crie condições para que o povo seja instruído... 
Ora, não vamos, agora, turbinar o retardamento mental! 
Que todos aqueles que ainda conseguem pensar e que ainda sabem falar que pensem e que digam o que bem entenderem. Cabe a quem os ouve reconhecer o que tem sentido e o que não lhes compete.
O resto é abuso de poder. Prepotência, cretinice institucionalizada... e nostalgia por um tribunal inquisitorial...
E, o mais paradoxal, disso tudo, é que justificam essa nova lei com o argumento de que é necessário sufocar o delírio doentio de grupos neonazistas e neofascistas... Ora, mas quantas leis parecidas a esta foram promulgadas exatamente pelos históricos líderes dessa gente, lá no meio das loucuras nazis, das loucuras stalinistas, das loucuras de Mussolini e até nas loucuras do canibalismo de Idi Amin Dada???
E como é que ficam aqueles sonhadores do Maio de 68 que perderam a vida gritando estupidamente pelas ruas e cafés de Paris que: ERA PROIBIDO PROIBIR!
Enfim: que fracasso! Talvez a vida tenha sido arquitetada para ser assim tão ridícula...
Viva a INTERNET plena! 
Viva a INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PLENA! Já que a de outrora, todo mundo reconhece, está eivada de papagaiadas, de bundões esclarecidos e em plena decadência..




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