quarta-feira, 22 de junho de 2022

O aborto? Tudo bem! Mas, como abortar a imbecilidade coletiva?


O Mendigo K estava ali na padaria francesa cercado por cinco seis mendigas, todas com camisetas marcadas por slogans feministas. Sobre os peitos da mais falante, a frase: meu corpo, minhas regras!

Falavam calorosamente sobre o caso da menina de 11 anos, lá em Santa Catarina, que está grávida, proibida de abortar, e das caóticas decisões judiciais a respeito do assunto. Curiosamente, nenhuma palavra sobre o abusador...

Aborta ou não aborta? É crime ou não é crime? 22 semanas e meia ou a eternidade? É pecado venial ou capital? O que o caso provoca no coração da gerontocracia judicial? E no coração de Deus? Dos santos? Das virgens?  Da esposa do magistrado? Ah! e o que vai pensar o vigário? O que dirá nas oito missas de domingo? E haverá excomunhão?

Ah! estamos muito atrasados! Até as mulheres do neolítico ou mesmo as do paleolítico ficariam boquiabertas!

A discussão era intensa e transcorria no meio de grandes tragos de capuccino cremoso, em xícaras Versace. E as militantes estavam visivelmente frustradas pelo fato dos absurdos judiciais não estarem sendo praticados por homens (aqueles gorduchinhos de bigodes a la fuhrer e de ternos), mas sim por duas simpáticas senhoras, uma juíza e uma promotora. Ah, se os responsáveis por aquelas decisões esdrúxulas que estavam sendo cometidas fossem homens! Haveria passeatas e seria, inevitavelmente diagnosticado como machismo e como ignorância histórica... uma declaração explícita de misoginia. De ódio contra as mulheres e contra o sexo. Mas, as autoras daquela idiotice são mulheres. Uma juíza e uma promotora! Duas elegantes mulheres. O que pensar?

Uma delas, a que estava sentada ao lado do Mendigo e que recentemente havia defendido uma tese doutoral sobre a Teoria da Evolução e os porres de Darwin lá nas Ilhas Galápagos, refletia e até ligava para seus 15 ex-orientadores, tentando saber como é que, depois de milênios de desgraças sociais,  ecológicas e populacionais, os óvulos, mesmo de uma criança, não haviam aprendido a identificar e a rejeitar espermatozóides trapaceiros?

E, vice-versa: como é que depois de tanto tempo, de tantas caravanas e de tantas loucuras, os espermatozóides não haviam aprendido identificar e a rejeitar aqueles óvulos que, se fecundados, lhes criariam aporrinhações e problemas para sempre?

O Mendigo K só ouvia. Acompanhava a discussão. De vez em quando lançava uma pergunta curta, objetiva e breve, sempre em defesa incondicional daquela criança grávida, e depois resmungava: Ah! são restos de velhos tabus selvagens, sistemas de proibições com superestruturas ideológicas variáveis... O que é grave mesmo, é a gravidez da sociedade! Como abortá-la? 

Outra, sem distrair-se, folheava o livro de um filósofo argentino, cujo título era: Porquê te amo, não nascerás, e de vez em quando murmurava uma frase de Cioran: parece cada vez mais evidente que já não existe substância em nenhuma parte e que nossos antepassados nos legaram suas almas esfarrapadas e suas medulas carcomidas...

Papo vai e papo vem, e todos eram unânimes na ideia de que nosso atraso é vergonhoso. E de que, numa sociedade mais razoável, (no futuro?) qualquer mulher, de onze ou de oitenta anos, poderá abortar a hora que bem quiser e que bem entender, e até no quiosque da esquina, se desejar, e não apenas pelo bem estar dela, mas também do feto, e sem pedir autorização à policia, ao Supremo e nem ao Papa. 

Sim, porquê, enquanto social e moralmente somos ainda uma tribo retrógrada e um concílio de ladrões, o que é que o planeta tem a oferecer neste momento a um bebê? E mais: filho de uma criança? Além de um CPF, de um titulo de eleitor e de uma Carteira de Trabalho?

Portanto, o aborto deve ser livre e espontâneo, tanto por amor à mulher como por amor ao feto. E independente da gravidez ter sido cometida por um delinquente; por um representante de Deus; por água tirada do Ganges; por um remanescente da junta dos cosmógrafos; ou por um banho, como no caso da esposa de Shiva; ou por uma beberagem da Fonte de São João; ou por umas gotas da fonte dos gênios Sin-el-Djenoun, lá no Marrocos; ou depois de comer duas ou três cerejas pretas da China, aquelas que engravidaram a virgem Fécula... 

Seja qual for a razão da gravidez, se ela não é desejável e nem fará bem para a mãe e para o feto, qualquer sociedade que tem vestígios de vergonha na cara, deverá prover imediatamente o aborto, em silêncio, sem estardalhaços e com dignidade.

Enfim, o que é escandaloso nesse caso, não é apenas a gravidez de uma criança, mas o comportamento disso que se chama sociedade organizada, democracia, cidadania e outras idiotices, todas à serviço de um moralismo caduco e de uma religiosidade primitiva... 

Em vista do que se está vendo, e não apenas neste caso, mas numa série de outros casos, análogos e parecidos, é urgente e fundamental que as escolas de Direito e de Medicina, enfim, se tornem laicas e incluam em seus currículos, dois anos de antropologia, dois anos de filosofia e cinco anos de análise aos pretendentes ao diploma, antes de soltá-los por ai, alforriados e aptos a eternizar o atraso. E isso deve valer, não apenas para os filhos dos peixes mais graúdos, mas inclusive para os guardinhas da esquina e do mercado, com seus trabucos na cintura e que ainda acreditam que é o sol que se move... e, pior: que nosso Reino não é deste mundo...

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A propósito:

"No México, os indígenas de Oraiba, consideram o seu montezuma nascido de uma virgem que ficou grávida por obra da chuva... (...) Afrodite Urânia dos gregos, nasceu da espuma do mar... (...) Na Austrália, a divindade Kunya, talhava os filhos nas raízes de pandanus, introduzindo-os depois nas mães virgens. (...) Na Europa da Idade Média, corria a lenda de que quem comia flores-de-lis ficava grávida, pois tais flores nasciam do sangue ou das lágrimas derramadas por um homem. (...) Na Prussia, se dizia que se as moças comessem testículos de cabritos, touros ou de ursos, poderiam engravidar. (...) Na Grécia se acreditava que a tribo dos lotofágios descendiam do Lotus. (...) Na Palestina se diz que a filha de Abrahão ficou grávida só em cheirar uma flor da Árvore da ciência do Bem e do mal. (...) Na Inglaterra se ensinava que as crianças brotavam das salsas, ou dos repolhos... (...) No Egito, dizia-se que a deusa Maat, deusa da verdade e da justiça, foi concebida pelo ar. (...) No Mahabharata (o mais longo poema épico (220 mil versos) se diz que foi de um Ovo Primordial que surgiu Brama. (...) Se acredita que um rei da Coréia teve uma filha que foi fecundada pelos raios do sol, (...) Se Pritha, filha de Krishna, foi fecundada pelo sol e mesmo depois do parto, continuou virgem. (...) Na China, Se Viu-Tang, a mãe do imperador Chin-Noung concebeu por graça de um espírito que lhe apareceu vestido de uma longa roupagem bordada e trazendo na mão uma flor perfumada, cujo aroma a engravidou. (...) No Japão, a mãe de Sotoktais, viu em sonhos um santo circuncidado de raios luminosos que lhe disse: 'Eu, S. Douro-Cosars, renascerei ainda para doutrinar o mundo e descerei com este fim ao teu seio'. Despertou grávida. A criança nasceu à porta de um estábulo e chamou-se Moumaya-Dono-Osi. (...) Na Escandinávia e também em Madagascar, as moças se esfregavam em determinadas pedras de forma oval para engravidar. (...) No Egito, o boi Ápis, adorado em Memphis, nasceu de uma bezerra fecundada por um clarão, parecido a um raio lunar, descido dos céus. (...) Nas ilhas Banks, da Oceania, as mulheres levam para a cama determinados tipos de pedras fálicas, para por elas serem fecundadas.(...) Em Anam, pisar nas pegadas de Buda se podia engravidar. (...) Na Babilônia, dizem que o deus Sargão, que ali viveu entre 3800 e 3760 Antes de cristo, também nasceu de uma mãe virgem. (...) Na Austrália central, as mulheres que querem engravidar se colocam de cócoras diante dos turbilhões de poeira. (...) No Oriente Médio, entre os idumes, se dizia que uma moça teria sido apaixonadamente amada por uma serpente. (...) Na Ásia Oriental todos os fundadores de dinastias se diziam filhos de mães virgens..." Ver: Max Sussol

E depois, ainda se reclama das epidemias!!!


  

 


5 comentários:

  1. A tal juiza e a tal promotora estão se vingando sutilmente em proibir esse aborto....reflitam! Infelizmente dessa vez é apenas uma garota...

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  2. E tem mais...essa sociedade é duma subserviência e submissão nojentas!! Bom dia boa tarde boa noite vai tomar no cu!!!! Kkkkkk isso nunca foi educaçao porra! Educaçao mesmo é inteligencia acurada, sensibilidade e nao um babaca fingindo ser gentil me "permitindo" passar antes do seu carro entrar em determinada rua...eu nao arredo o pé prum hipocrita desses! Nao quero saber da sua "gentileza", quero sim saber de honestidade seu puto!

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    1. Entra na frente de um carro já que vc tem peito de aço

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  3. A imbecilidade coletiva é grande e parece não ter cura. O que está Juiza imbecil fez é o superlativo absoluto da miséria humana.

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  4. https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2022/06/5017436-menina-de-11-anos-gravida-apos-ser-estuprada-consegue-faz-aborto-legal.html

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