sexta-feira, 24 de junho de 2022

Luta de classes ou Luta de raças?


"Um filho de boa família esbofeteia o atrevido que ousa duvidar da virtude de sua mãe. Ele próprio, porém, dá a entender que a avó teve as suas aventuras; e vangloria-se no caso de haver a sua trisavó gozado do favor de Luis XV. Logo, a vergonha das nossas mulheres converte-se em glória, à medida que se afasta de nós..." (About)

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 No boteco da esquina, nestas vésperas de eleições, com dois bandos se preparando para a frente de batalha, o que mais se fala é em LUTAS DE CLASSES (sim, no plural).

O Mendigo K ouvia e, de vez em quando, resmungava: Marx e Engels se equivocaram, a luta não é entre classes sociais, é entre raças. E antes que os militantes ameaçassem expulsá-lo do local, colocava sobre a mesa o livro que estava lendo: Mulher e escrava, da Sonia Maria Giacomini. Leiam isto aqui, seus ignorantes e fanáticos! Bradava.

Ou vocês acham que depois do que fizeram com os negros, a coisa iria ficar por isso mesmo? Que basta aparecerem negras e negros nas novelas, nas propagandas, nos filminhos eróticos, como coroinhas e no meio de Damas de Caridade, para que tudo seja esquecido? Ingenuidade! Mesmo os negros analfabetos, que não conhecem a história e que não sabem o que seus ancestrais passaram lá naquele Rio de Janeiro de 1800 nas mãos dos escravocratas, trazem em seus genes todas aquelas loucuras lusitanas praticadas contra suas bisavós, avós e etc, e praticadas, às vezes, até no meio da declamação de alguma bobagem de Camões, tirada lá dos Lusíadas. 

E este, se quiserem saber, é o motivo principal da luta racial que está em curso e que não será resolvida por memorandos e nem por Decretos. Lembram da Roda dos Expostos? Para onde os senhores mandavam as crianças das escravas, antes de alugá-las? (Entre 1861 e 1874, para vosso conhecimento, foram entregues à tal Roda, 8 mil e tantas crianças, filhas de escravas, das quais, quase 4 mil morreram). Lembram das escravas que quando eram cobiçadas pelos senhores, passavam a ser torturadas e mutiladas pelas senhoras enciumadas? Das escravas que eram usadas para iniciar sexualmente os filhinhos dos senhores? E das escravas que engravidavam na marra, dos tais senhores? (Neste particular, fazia um intervalo, para lembrar que até Marx, o teórico da Luta de Classes, comeu sua empregada doméstica e teve um filho com ela e, pior, colocou a responsabilidade no Engels, que era outro babacão e que  também devia comê-la).

Observem: só se diz Luta de Classes para higienizar um pouco a loucura e a demência dos povos e da espécie. Mas no fundo, na essência, a luta é racial e entre tribos. Lembram dos Muras, dos Munducurus, dos Saterês Mawê, dos Araras, dos Sapupês, dos Apiakás e outros tantos, que se trucidaram entre eles durante décadas, na ilha de Parintins? 

Os negros nos olham enviezado nas ruas e nós a eles. Os ciganos são mal vistos por todos e não toleram sociedade alguma. Ninguém confia nos indígenas e os indígenas desprezam completamente os não indígenas. Os judeus detestam quem não é judeu e os não judeus idealizam para eles um novo holocausto. Os alemães não suportam ver os turcos comendo suas salsichas na periferia de Berlin e por sua vez, os turcos adorariam fazer com eles o que fizeram com os armênios. Os mexicanos são humilhados e pisoteados na fronteira com os Estados Unidos e os gringos no México são considerados uns idiotas. Os chineses e os japoneses estão ansiosos para um acerto de contas final. Os portugueses ainda não digeriram a derrota sofrida lá no Marrocos, na batalha de Alcácer-Quibir e a espera obsessiva deles pela volta de D. Sebastião, além de fé é uma senha. Os chineses e os indianos estão disputando para saber quem será mais rápido no gatilho. A intriga entre os palestinos e os israelenses já faz parte do Status Quo e os dois bandos têm sonhos parecidos: a eliminação do outro, seja da classe que for. Os berberes e os árabes ainda se olham meio atravessado. Os russos pretendem tocar fogo em Kiev e já os ucranianos adorariam implodir o Kremlin. Os chilenos e os grupos Maputos se detestam mutuamente. Os visigodos adorariam voltar a saquear Roma e os romanos, por sua vez, adorariam voltar a roubar as riquezas gregas e apropriar-se de tudo o que respira às margens do Mediterrâneo. Agamenon voltaria a infiltrar seus cavalos em Tróia, independentemente de Helena estar lá ou não. Os espanhóis sonham com aqueles dias gloriosos em que degolavam incas e soltavam seus  cães contra as mulheres e crianças nativas do Novo Mundo. Os nordestinos adorariam ver a região sul transformada num imenso deserto já, os sulistas, sonham em ver o nordeste submerso por um novo dilúvio. Os calvinistas e os católicos ainda se cheiram as botas, uns dos outros, como cachorros, antes de se cumprimentarem, assim como os irmão Atahualpa e Huáscar voltariam a sacrificar suas tribos para disputar o Império Inca. Da mesma forma que Abel e Cain, na periferia do paraíso, voltariam a se dar pauladas na disputa, não pela complacência ou pela cumplicidade divina, como se diz, mas pelas tetas e pelo amor da mãe.

E, por fim, lá nos Estados Unidos, naquele país que é um mosaico de raças, e que, paradoxalmente, já fizeram de tudo para eliminar outros grupos racias, mundo a fora, a Suprema Corte acaba de tornar Lei o direito de cada um daqueles idiotas andar armado. Para muita gente que não pode ver uma pistola sem desmaiar, a ideia central, dessa decisão, apesar de parecer uma apologia à renascença, à liberdade, e à democracia é, mais bem, um truque para promover a Lockheed Martin e para criar condições para que a Luta de Raças avance e para que, sutil e espontaneamente, vão se eliminando entre elas, chegando assim, quem sabe, ao ideal sonhado dos supremacistas: a limpeza étnica...

Enquanto isso, Penélope segue tecendo seu interminável sudário e à espera de Ulisses...


Um comentário:

  1. BOMBA! Mendigo estuprador é encontrado morto e com a cabeça decepada e com uma cenoura enterrado no cu, vejam video
    https://www.youtube.com/watch?v=-wXp63-eWm0

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