segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Da paleontologia às virilhas...

"Je regarde la lune, et je songe que vous la regardez; c'est un étrange rendez-vous..."(P.)



 

Como é de conhecimento de todo mundo, passar um ou dois anos enclausurado (tanto em casa como numa penitenciária) é tempo suficiente para ir assumindo comportamentos bizarros; apresentando transtornos multiples até então ignorados e até mesmo ir vendo nosso DNA ser alterado... Sim, uma prisão altera o DNA até de uma pedra! Abaixo todos os tipos de prisões!

Foi nesse clima que ontem à noite, depois de tomar uma sopa de grão de bico e de lavar a louça, assisti a um programa de tv que, segundo as vovozinhas da quadra, existe há décadas. Se você não assistiu e gosta de filmes de terror, de um jeito de assisti-lo. Do primeiro ao último momento um festival de desgraças, um show dos detritos da humanidade. Além da possibilidade de alguma psicopatologia midiática, qual seria a intenção de lançar sobre  a população ignorante, mística, trágica, frágil e alienada, todo aquele pântano escatológico, num domingo à noite e ainda intercalado por uma e outra propaganda de porcarias que 90% dos espectadores nunca conseguirão comprar? Será que não imaginam o efeito tóxico que todo esse lixo e que toda essa 'trouxa' de roupa suja têm sobre o sistema nervoso do populacho? A propósito, qual é mesmo o papel de um ombudsman?

Iniciam com os rastros e os estragos que os vendavais e furacões deixaram nos Estados Unidos e passam para o afogamento de um escolar nas cachoeiras de Goiás. Daí saltam para o caso de um bebê com síndrome de Dawn que teve que ser entubado por estar com Covid, tudo, lógico, temperado pelas imagens do desespero e da angústia de seus pais. Daí, saltam para a moça que teve os cabelos sugados numa piscina e para o horror que isso representou para ela e para seus colegas. Dessa reportagem vão para Minas Gerais para dissertar sobre trapaças cartoriais e sobre traficantes de crianças e de mulheres para os EEUU. E já que estão em Minas Gerais, aproveitam para descrever em detalhes a violência de um homem contra sua mulher. E já que estão falando de violência contra a mulher, saltam para Recife, onde descrevem o horror vivido por uma mulher, durante uma década, na relação com um louco e alto funcionário do Estado. E, como conclusão, dedicam quase meia hora ao caso do paleontólogo lascivo de uma universidade do Rio de Janeiro, que teria, em seu tempo de cátedra e de DOCÊNCIA, assediado e abusado sexualmente dezenas de alunas... Que tal? Querem mais?

Neste último caso, ainda procuraram arrancar minucias daquelas mulheres que tiveram a intimidade violada e que se propuseram a falar. Haveria algum tipo secreto de excitação e de gozo nisso? Observem como fica cada dia mais evidente a semelhança que há entre os estupradores e os que se entregam apaixonadamente ao combate do estupro... Será que não estaríamos diante de uma espécie de maldição determinista? Em caso afirmativo, será que para transformar um pato num cisne basta esticar-lhe o pescoço?

Mas, convenhamos: apesar do escândalo, o Dr. Don Juan em questão, não está inovando nada. Uma vez que já lá na antiga Bolonha e na secular Salamanca, os critérios acadêmicos para conceder bolsas, para incentivar pesquisas e para permitir a publicação de artigos nas  monótonas revistas científicas, sempre estiveram ligados à liberação e à socialização das 'partes baixas' das (ou dos) alunas concorrentes... Ou não? Se 'não dá', está fora! Perde a bolsa! Não arrancará jamais um "excelente!!!" do velho e afobado mestre... 

Entre todas as bizarrices do programa, duas, neste último caso, me pareceram mais curiosas ainda: primeiro, o fato do abusador ser paleontólogo. Paleontólogo?Aquele que cava e revira o mundo superficial e presente em busca de vestígios subterrâneos de mundos pretéritos... (Exemplo: através de uma escavação qualquer, constatar que a catedral Y foi edificada sobre os destroços de uma mesquita X, ou de um centro de umbanda K, etc.). E segundo, o fato de uma das abusadas, ao relatar que foi tocada nos genitais, dizer singelamente: "ele enfiou a mão aqui nas minhas virilhas". Virilhas? Qual é o problema que ainda interdita e impede que aquela parte peluda do corpo feminino (atualmente depilada), possa ser nomeada? Fui pesquisar. Ah!, como diria P. "São os mistérios que fazem o mundo parecer ainda mais vasto..."

Mas, voltando ao show de horrores da televisão, qual é mesmo o papel de um ombudsman?

Um comentário:

  1. Buceta caralho!!! Tem que arrancar os olhos e os bagos desse filho da puta! Ja falei por ai e repito: se é gente minha acabo eu mesmo com o desgraçado. Nao duvidem...

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