Cremos, exatamente porquê é absurdo! As Emendas Parlamentares e o Sigilo-da-Fonte...

 "O homem que faz fortuna em um ano deveria ser enforcado doze meses antes... (Provérbio russo)

As discussões, ali nos arredores das lixeiras do mercado francês, nesta manhã ensolarada de dezembro, vão desde a descida do Espirito Santo lá no Congresso Nacional, até o lero-lero e o sigilo que se instalou sobre as tais Emendas Parlamentares. Dois mistérios! Duas camuflagens! Duas espécies de 'sigilo da fonte". Em uma, ninguém entende o que se está dizendo e na outra ninguém entende porque não se está dizendo!

 Para onde e para quem, afinal, os bilhões das tais emendas foram despachados? 

Blábláblá... Lero lero lero... De onde nos vem esse fascínio pela Torre de Babel e pelas coisas incompreensíveis? Será que cremos só porquê é absurdo? Quando é que conseguiremos abandonar a confusão de línguas e, por fim, oficializar alguma coisa parecida ao esperanto? Aliás, qual teria sido a língua com que a serpente e Eva seduziram Adão e o transformaram no primeiro bundão da estória? Qual teria sido o idioma vigente na época em que Cain, com uma única bordoada, eliminou 1/4 da humanidade?

Deixando de lado e para os especialistas a questão da descida do Espirito Santo, a discussão discorria, e com, bastante cinismo, sobre a recusa dos parlamentares, (com seus assessores; seus segredos; suas imunidades; suas crenças demiurgicas e delirantes sobre si mesmos; suas teses para feudais e anacrônicas) de informar a identidade daqueles a quem, nos últimos anos e meses, foram repassadas grandes fortunas e, claro, o destino dessa grana... 

Ah, não temos esse controle!!! Esquecemos! E depois nós também preservamos o "sigilo-da-fonte", como os vassalos do Quinto Poder... Por ética e por respeito aos nossos colegas, ficaremos em silêncio! A ética e o sigilo são nossas Pedras da esperança!

 Esqueceram? Não têm esse controle? Perderam a lista? Os computadores entraram em pane? Não querem revelar? 

Mas então, o abismo onde estamos metidos é muito mais mafioso e profundo do que se imagina! - Exclamavam os debatedores ali ao redor do mercado, de cuja padaria, emergia um aroma saboroso de tâmaras queimadas...

Ora, não sejam intrigantes! O dinheiro, como prevê a Lei, foi destinado para a educação do Município X! - Os senhores esquecem que a República é uma espécie de neopaganismo e de beneficência organizada! resmungam, entredentes, alguns parlamentares... 

Sim, mas e por quê as escolas de lá continuam caindo aos pedaços. As vidraças todas quebradas? Chovendo dentro? Os banheiros iguais aos das rodoviárias da Transamazônica? As cadeiras causando problemas ortopédicos aos alunos que crescem sem diferenciar um g de um q? E sem saber quanto é 1 + 1? Qual é o problema? Se perguntavam. 

Ah, os milhões destas emendas foram destinados à saúde do estado Y! 

Sim, mas os ambulatórios e os postos de saúde de lá estão do mesmo jeito. As pias quebradas! Não há como lavar-se as mãos! Não há seringas e nem papel higiênico. Os pacientes saem piores do que entraram...

E, depois, se qualquer um desses pequenos vendedores de crack ou de cocaína que aparecem por aí, nos bares da cidade, depois que ao sol se põe, têm condições de informar, em detalhes, os dados de seus clientes dos últimos vinte anos, por quê é que o Congresso Nacional, com suas Excelências e congestionado de assessores e de computadores, estariam tendo tanta dificuldade?

Um dos participantes da discussão que até então havia permanecido calado, manifestou-se irritado e sugeriu: Vocês realmente querem saber a quem foi destinado o dinheiro e o que foi feito com ele? Ora! Peguem a lista das mulheres daqueles estados que, nesse período, viajaram para Paris, Londres e Tóquio... Vejam quem são seus maridos, pais e amantes...  e tudo estará esclarecido...